Notícia
Será muito difícil aos países periféricos do euro escaparem ao incumprimento
Alguns países da periferia do euro, como Espanha, Portugal e Irlanda, terão muita dificuldade em escapar a um incumprimento com o pagamento da sua dívida externa privada, pública, ou ambas. A tese é defendida por Kenneth Rogoff, antigo economista-chefe do FMI, num artigo de opinião publicado no "Financial Times".
06 de Maio de 2010 às 10:43
Alguns países da periferia do euro, como Espanha, Portugal e Irlanda, terão muita dificuldade em escapar a um incumprimento com o pagamento da sua dívida externa privada, pública, ou ambas. A tese é defendida por Kenneth Rogoff, antigo economista-chefe do FMI, num artigo de opinião publicado no “Financial Times”.
“As crises financeiras são, quase invariavelmente, seguidas de crises de dívida soberana”, explica o economista, co-autor de um recente livro que analisa as crises financeiras do último século. A evidência histórica leva-o a questionar-se sobre se a moeda única conseguirá constituir uma barreira contra a falência de um Estado.
A sua conclusão é que “será extremamente difícil a economias periféricas da Zona Euro escapar sem um incumprimento em larga escala nos seus níveis maciços de dívida externa privada, dívida externa pública ou ambas”.
No mesmo artigo de opinião, Rogoff sublinha que “os níveis de dívida externa de Espanha, Portugal e Irlanda estão todos excessivamente elevados quando comparados com os padrões dos países emergentes”.
Um país emergente já está à beira de enfrentar problemas sérios quando o seu nível de dívida externa “atinge os 60% do PIB”. Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda estão muito acima desse patamar, sublinha o especialista.
Portugal e Grécia entraram demasiado cedo no euro
“Os líderes europeus foram demasiado rápidos a admitir membros [no euro] que estariam melhor servidos se tivessem tido um período probatório mais longo”, afirma o economista no “Financial Times”. Na sua opinião “o Tratado de Maastricht foi muito perdulário, especialmente em relação a países com histórias financeiras” recentes atribuladas.
Portugal e a Grécia são os exemplos apontados por Rogoff para países que entraram demasiado cedo no euro. E explica porquê. A sua investigação académica (em parceria com Carmen Reinhart) revela que o processo de passagem de um país do estatuto de emergente para o de desenvolvido é “longo, doloroso e pode demorar 75 anos ou mais a ser concluído”.
Conseguir ter “20 anos sem ter uma crise soberana é significativo, mas dificilmente é suficiente para declarar definitivamente um país como ‘licenciado’”. E lembra que a Grécia teve a sua última falência soberana em meados dos Anos 60 e que Portugal foi alvo de ajudas do Fundo Monetário Internacional em 1984.
A entrada prematura no euro teve como consequência baixar de forma significativa as taxas de juro o que, por seu turno, “ajudou a impulsionar o endividamento, em especial nos países mais periféricos da Zona Euro.
“Logo, o contágio da crise da dívida é muito mais o produto do ‘sucesso’ do euro do que do seu falhanço”.
“As crises financeiras são, quase invariavelmente, seguidas de crises de dívida soberana”, explica o economista, co-autor de um recente livro que analisa as crises financeiras do último século. A evidência histórica leva-o a questionar-se sobre se a moeda única conseguirá constituir uma barreira contra a falência de um Estado.
No mesmo artigo de opinião, Rogoff sublinha que “os níveis de dívida externa de Espanha, Portugal e Irlanda estão todos excessivamente elevados quando comparados com os padrões dos países emergentes”.
Um país emergente já está à beira de enfrentar problemas sérios quando o seu nível de dívida externa “atinge os 60% do PIB”. Grécia, Portugal, Espanha e Irlanda estão muito acima desse patamar, sublinha o especialista.
Portugal e Grécia entraram demasiado cedo no euro
“Os líderes europeus foram demasiado rápidos a admitir membros [no euro] que estariam melhor servidos se tivessem tido um período probatório mais longo”, afirma o economista no “Financial Times”. Na sua opinião “o Tratado de Maastricht foi muito perdulário, especialmente em relação a países com histórias financeiras” recentes atribuladas.
Portugal e a Grécia são os exemplos apontados por Rogoff para países que entraram demasiado cedo no euro. E explica porquê. A sua investigação académica (em parceria com Carmen Reinhart) revela que o processo de passagem de um país do estatuto de emergente para o de desenvolvido é “longo, doloroso e pode demorar 75 anos ou mais a ser concluído”.
Conseguir ter “20 anos sem ter uma crise soberana é significativo, mas dificilmente é suficiente para declarar definitivamente um país como ‘licenciado’”. E lembra que a Grécia teve a sua última falência soberana em meados dos Anos 60 e que Portugal foi alvo de ajudas do Fundo Monetário Internacional em 1984.
A entrada prematura no euro teve como consequência baixar de forma significativa as taxas de juro o que, por seu turno, “ajudou a impulsionar o endividamento, em especial nos países mais periféricos da Zona Euro.
“Logo, o contágio da crise da dívida é muito mais o produto do ‘sucesso’ do euro do que do seu falhanço”.