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Rio saúda aprovação "expressiva" de listas. Rangel lamenta falta de "sinal construtivo" da direção

O Conselho Nacional do PSD aprovou as listas de candidatos a deputados, apesar das críticas na reunião sobre a exclusão de muitos nomes. Houve 67 votos a favor, 21 contra e seis abstenções.

Hugo Delgado/Lusa
08 de Dezembro de 2021 às 08:03
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O presidente do PSD saudou esta terça-feira a aprovação das listas de candidatos a deputados do partido por uma votação "expressiva" e contestou que tenha excluído todos os que não o apoiaram nas recentes eleições diretas.

Em declarações aos jornalistas, no final do Conselho Nacional que aprovou a lista de candidatos a deputados do PSD por cerca de 71% dos votos, Rui Rio considerou até que a reunião desta terça-feira foi "das mais pacíficas" a que assistiu com esse objetivo.

"Para quem perdeu dois Conselhos Nacionais seguidos, conseguir esta votação, parece-me que era difícil pedir mais", considerou.

Questionado sobre as críticas do seu adversário nas últimas diretas, Paulo Rangel, Rio diz não concordar com o desapontamento expresso pelo eurodeputado quanto à tentativa de unidade.

"Não é correto que em lugares elegíveis só estejam pessoas que me apoiaram, é mentira, é mentira mesmo", afirmou, mas escusou-se a dar exemplos, desafiando os jornalistas a percorrem as listas aprovadas esta terça-feira.

Segundo Rui Rio, em lugares elegíveis estão alguns nomes que não o apoiaram na última eleição, outros que não o apoiaram em anteriores diretas e até outros que "nunca o apoiaram".

"É verdade que a lista tem a marca da estratégia que ganhou, não pode ter a da estratégia que perdeu. Foi dos Conselhos Nacionais mais pacíficos, mas, ao mesmo tempo, os que não ficaram tiveram reações mais fortes e mais violentas do que é normal", disse.

Rui Rio disse que houve um esforço por parte da direção de fazer "alguma renovação", tirando das listas deputados que estavam há "20, 30 ou 40 anos" no parlamento.

"É tempo de fazer isso, a começar pelo PSD, que até tem uma proposta de revisão da lei eleitoral que limita o mandato dos deputados a três consecutivos", afirmou.

Questionado se conseguirá a unidade na próxima campanha para as legislativas de 30 de janeiro, Rio diz que essa não será possível "com aqueles que apenas estavam neste processo pelo seu lugar na lista de deputados", mas sim com "o grosso dos militantes ou das estruturas".

À pergunta se será difícil fazer campanha depois de ter afastado alguns líderes de distritais, Rio desvalorizou, considerando que "o entusiasmo do partido desde as diretas é suficiente para garantir que existem direções de campanha dinâmicas".

"Haverá sempre um ou outro que não se sente à vontade para fazer campanha, mas se até no Conselho Nacional onde tenho mais dificuldade tive esta votação, não sei o que se pode pedir mais, não estou aqui para ter 100%", disse.

Questionado se também irá fazer idêntica renovação nos órgãos nacionais a apresentar no Congresso marcado para entre 17 e 19 de dezembro, Rio confessou que é um assunto de que ainda não tratou.

"Alguma renovação haverá, as coisas são dinâmicas, mas não se esqueça que a Comissão Política Nacional é um órgão executivo da confiança do presidente, enquanto o Conselho Nacional é muito mais heterogéneo", afirmou.

O presidente do PSD aproveitou para justificar a mudança do local do Congresso, de Lisboa para Santa Maria da Feira (em Aveiro), dizendo que a sala do Europarque agora prevista permite adaptar com mais segurança a reunião às regras da pandemia de covid-19.

"Outra razão importante é que há uma diferença de preço absolutamente brutal e, portanto, fazemos num sítio melhor face à pandemia e substancialmente menos dispendioso", afirmou, adiantando que além do certificado de vacinação será exigido teste negativo à covid-19.

Rangel lamenta falta de "sinal construtivo" da direção do PSD
O ex-candidato à liderança do PSD Paulo Rangel manifestou-se esta terça-feira confiante na vitória do PSD nas próximas legislativas, mas lamentou a ausência de um "sinal construtivo, no sentido da diversidade", na elaboração das listas a deputados.

"Sinceramente, eu acho que podia ter havido um sinal construtivo, no sentido da diversidade, que não existiu", afirmou Rangel, em declarações aos jornalistas, em Évora, no final do Conselho Nacional social-democrata.

À saída da reunião, que começou por volta das 22:00 de terça-feira e terminou cerca da 01:00 de quarta-feira, o ex-candidato à liderança interna, derrotado por Rui Rio nas recentes diretas do partido, disse estar "absolutamente confiante" na vitória do PSD nas legislativas de 30 de janeiro.

E escusou-se a relatar aos jornalistas qual o teor da sua intervenção durante o Conselho Nacional, argumentando tratar-se de "questões internas" do partido.

"Tudo o que tinha a dizer, e disse de forma muito clara, disse no Conselho Nacional, portanto, essa minha posição está bem explícita. Agora, o que se trata é de apoiar o PSD com toda a força para as eleições legislativas", afirmou.

Considerando que "a batalha das legislativas" é "uma batalha difícil", Rangel insistiu "que o PSD pode vencer", até porque a alternativa política representada pelo partido é "forte e mais forte" ainda depois das eleições internas.

"Aliás, essa é uma coisa que eu sempre disse", que "as eleições internas reforçariam, ganhasse quem ganhasse, o líder do PSD e isso é notório a todos os níveis", disse o também eurodeputado.

Para Paulo Rangel, para que os social-democratas possam atingir esse objetivo, não podem "ser levianos" e precisam de "trabalhar e trabalhar muito" e "apresentar agora o programa" eleitoral, devendo um primeiro sinal ser já dado no congresso do partido, que vai decorrer entre os dias 17 e 19 deste mês, em Santa Maria da Feira (Aveiro).

É necessário "aproveitar o congresso para já fazer uma primeira grande ligação aos portugueses, mas eu estou absolutamente confiante de que nós podemos ganhar as eleições de 30 de janeiro", afiançou.

Questionado ainda sobre as suas relações com o presidente Rui Rio, o eurodeputado garantiu que "são muito cordiais" e "sempre foram, quer ao longo da campanha, quer já depois" da eleição interna.

"Uma coisa são as relações pessoais, outra coisa são as divergências políticas, que existem e, portanto, existindo, têm que ser manifestadas", notou.
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