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Ramalho Eanes considera que "mundo mudou para pior" e aquilo que era sagrado acabou

"O mundo mudou, mudou para pior. Aquilo que julgávamos que era sagrado, que era a soberania, o direito dos povos, o direito das gentes, tudo isso acabou", sustentou Ramalho Eanes.

Fernando Veludo / Lusa
14:24
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O ex-Presidente da República Ramalho Eanes considerou esta segunda-feira que "o mundo mudou para pior" e que acabou aquilo que se julgava que "era sagrado", como a soberania e o direito dos povos.

"O mundo mudou, mudou para pior. Aquilo que julgávamos que era sagrado, que era a soberania, o direito dos povos, o direito das gentes, tudo isso acabou", sustentou Ramalho Eanes, à margem de uma cerimónia em que foi agraciado com o Grande Prémio da Fundação Ilídio Pinho, no Porto, justificando a afirmação com as posições assumidas pelos Estados Unidos, Rússia e China.

Para o ex-chefe de Estado, aqueles "três grandes do mundo mostraram que tudo isto não é respeitável, não tem que ser considerado e isso representa, naturalmente, para as democracias pluripartidárias, democráticas liberais uma prioridade".

Questionado sobre o eventual apoio a um candidato às eleições presidenciais de 2026, Ramalho Eanes afirmou que não iria responder a essa pergunta, limitando-se a afirmar que "certamente vão aparecer muitos candidatos" e que "é muito cedo falar sobre isso".

No entanto, aquele que foi o primeiro Presidente da República eleito da democracia portuguesa admitiu que o facto de existirem tantos nomes apontados para aquele cargo "é um sinal de que a democracia está bem".

"Embora eu achasse mais interessantes que as apresentações fossem mais tarde, para que os portugueses olhassem para os seus problemas, para os problemas grandes que têm que resolver e não olhassem para a eleição presidencial, que é muito importante mas que só vai acontecer em 2026", disse.

Sobre os problemas e desafios que Portugal enfrenta, o general alertou que "o país tem que olhar para determinados aspetos que são fundamentais para que tenha futuro".

"Não se percebe que em relação a esses aspetos fundamentais que são indispensáveis para que tenha futuro não haja entendimento, partidário, social, cultural", disse.

Para Ramalho Eanes, há "consensos mínimos" que devem ser conseguidos: "Consensos mínimos, sobre aquilo que é indispensável para que Portugal tenha um futuro feito pelos portugueses, e não o futuro que as circunstancias impõem porque os consensos exagerados matam a democracia".

Ramalho Eanes foi hoje distinguido com o Grande Prémio Fundação Ilídio Pinho, naquela que foi a terceira edição do galardão que visa "homenagear um português de excelência que o país reconheça como um cidadão exemplar".

Sobre aquela distinção, o ex-chefe de Estado, a discursar na cerimónia de entrega do galardão, que decorreu esta manhã na Câmara do Porto, explicou que não pretendia aceitá-la: "Eu não mereço, não merecia homenagens. Recusei liminarmente o prémio".

Mas, contou, depois de alguma insistência e de ouvir os argumentos da mulher, Manuela Eanes, resolveu aceitar o prémio: "Não podia admitir que as personalidades do júri pudessem interpretar a minha decisão como manifestação de menos respeito".

Ramalho Eanes aceitou, assim, receber a medalha, da autoria de Álvaro Siza, que recebeu o mesmo galardão em 2023, mas recusou o valor pecuniário de 100 mil euros associado ao prémio.

"Desde muito cedo vi morrer homens em combate pelo país e como a pátria financeiramente pobre tratava os seus descendentes. Prometi que nunca receberia mais proveitos dos que me eram devidos pela minha atividade profissional", justificou.

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