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"O problema agudo de liquidez na banca está ultrapassado"

As instituições financeiras que actuam no mercado português conseguiram resistir ao impacto da crise mundial, salienta Pedro Duarte Neves, vice-governador do Banco de Portugal, estando ultrapassadas as questões relacionadas com a liquidez.

15 de Outubro de 2009 às 14:13
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As instituições financeiras que actuam no mercado português conseguiram resistir ao impacto da crise mundial, salienta Pedro Duarte Neves, vice-governador do Banco de Portugal, estando ultrapassadas as questões relacionadas com a liquidez.

"O problema agudo de liquidez da segunda metade de 2008 e do primeiro trimestre de 2009 está ultrapassado", afirmou Pedro Duarte Neves, vice-governador do Banco de Portugal, realçando que "o programa de garantias e de recapitalização do Estado teve um efeito importante no desanuviar da tesouraria dos bancos".

Foi há precisamente um ano que o Governo avançou com a concessão de garantias pessoais do Estado para o reforço da estabilidade financeira do mercado português, assumindo responsabilidades até 20 mil milhões de euros, de forma a assegurar que os bancos mantivessem o financiamento da economia. Do montante global, apenas seis bancos recorreram à emissão de dívida com garantia estatal, tendo garantido perto de 30 por cento desse valor.

"Na banca portuguesa não havia detenção de activos tóxicos, não houve exposição aos mercados de risco e não houve um 'boom' no mercado imobiliário", explicou o responsável, que recordou "as tensões sobre a liquidez iniciadas no Verão de 2007" provocadas pelo 'subprime'.

Durante os últimos 12 meses, o Banco de Portugal intensificou a supervisão da liquidez, tendo procedido em Agosto à revisão do enquadramento regulamentar da liquidez, aumentou para 8 por cento a recomendação para o rácio 'Core Tier 1', que foi seguida por todas as instituições, permitindo os actuais níveis confortáveis de solvabilidade, obtidos quer pela via de aumentos do capital social, quer pela emissão de dívida dos bancos.

"Houve alterações de estratégia dos bancos, face à pequena redução das margens financeiras, por causa da descida das taxas de juros e ao aumento significativo nas imparidades. Houve uma melhoria dos resultados das operações financeiras [motivada pelo aumento dos 'spreads'], uma contracção na procura de crédito e contenção dos custos operacionais", frisou Pedro Duarte Neves, em referência ao estado actual do sector em Portugal.

Em Portugal, foi desenvolvida uma nova metodologia de supervisão, através da introdução do Modelo de Avaliação de Riscos (MAR), do reforço das acções inspectivas 'on site', da criação de inspecções permanentes junto dos principais grupos financeiros, tendo sido reforçadas as exigências no domínio dos sistemas de controlo interno da banca.

"Foram atribuídas ao Banco de Portugal funções no domínio da supervisão comportamental, tendo em vista a protecção dos interesses dos clientes", recordou Pedro Duarte Neves, apontando ainda para a criação do Conselho Nacional de Estabilidade Financeira (CNEF), para a nova legislação relativa aos mecanismos de gestão de crises, foi proibida a concessão de crédito aos 'offshores' não colaborantes, e foram definidas regras sobre políticas remuneratórias.

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