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Quase um terço dos trabalhadores em Portugal tem tarefas suscetíveis à automação
No uso de dispositivos digitais, Portugal fica abaixo da média europeia, com 27,9% dos trabalhadores a executarem tarefas por meios digitais sempre ou a maior parte do tempo.
Praticamente um terço dos trabalhadores do país passa maior parte do tempo ou o tempo todo a executar tarefas onde é maior a probabilidade de automação, indica nesta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Em dados recolhidos no inquérito ao emprego destinados a caracterizar as competências mais utilizadas pelos trabalhadores e métodos de trabalho adoptados, agora divulgados, o INE indica que 30,1% dos inquiridos indicaram realizar muitas vezes ou sempre tarefas que são simultaneamente repetitivas e padronizadas. É o equivalente a mais de 1,4 milhões de trabalhadores.
"As tarefas que são, simultaneamente, repetitivas e padronizadas são as que têm maior probabilidade de automação, encontrando-se os trabalhadores que as executam potencialmente em risco de substituição pelas novas tecnologias", assinala a nota do INE.
A publicação destaca que, neste grupo, há maior preponderância de mulheres (51,4%), pessoas dos 45 aos 54 anos (26,5%) e, sobretudo, trabalhadores do sector terciário (71,4%).
Por profissões, destacam-se as percentagens mais elevadas de trabalhadores que executam tarefas repetitivas e padronizadas sempre ou quase sempre entre trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores (19,8%) e entre especialistas das atividades intelectuais e científicas (17,9%).
Ainda no que toca a métodos de trabalho, o INE destaca uma percentagem de 39,9% de trabalhadores, ou mais de 1,9 milhões de pessoas, que indicaram ter total ou muita autonomia para decidir a ordem e/ou o conteúdo das tarefas que desempenham.
No que toca a competências, o módulo especial do INE assinala que 27,9% da população empregada em Portugal utiliza dispositivos digitais na totalidade ou na maior parte do tempo de trabalho. É uma proporção que fica abaixo da média da União Europeia, de 28,5%.
Portugal surge apenas com o 15º Estado-membro da UE com maior uso de dispositivos digitais, numa classificação liderada por Luxemburgo, Países Baixos e Suécia, todos com percentagens iguais ou superiores a 40%.
No uso de dispositivos digitais, explica o INE, entram o tempo gasto a trabalhar no computador, tablet ou smartphone e tarefas que envolvem desde navegação na web, até videoconferências ou videochamadas, passando por leitura e escrita de e-mails ou de mensagens, trabalho em processadores de texto (por exemplo, Word), em folhas de cálculo (por exemplo, Excel) ou programas de apresentação (por exemplo, PowerPoint).
Ainda segundo o INE, cerca de 13,5% inquiridos indicaram gastar, pelo menos, metade do tempo de trabalho em leitura de documentos técnicos e 9,2% a efetuar cálculos relativamente complexos. Em ambos os casos, esta proporção foi mais elevada nas atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares (34,1% e 27,9%, respetivamente).
Já no que toca a tarefas manuais, o INE dá conta de mais de um quarto da população empregada, 26,1%, indica gastar a maior parte do seu tempo profissional em trabalhos físicos árduos. Estes incluem movimentar objetos pesados, levantar pessoas ou a trabalhar em posições dolorosas ou cansativas.
Para outros 15,2%, prevalecem tarefas que exigem destreza manual. O setor primário (61%) e o secundário (25,7%) destacaram-se no tempo dedicado a estas tarefas, respetivamente, refere a publicação.