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Portugueses foram dos que menos riqueza perderam com a crise

Em dez países do euro, a riqueza per capita encolheu com a crise, em outros sete ela aumentou. Os irlandeses foram os mais castigados, ao perderem 18.500 euros. Os portugueses surgem em 9º lugar, com perdas médias acumuladas de 307 euros. Já holandeses e belgas estão entre os que ficaram melhor desde 2009, indicam dados do BCE.

Bloomberg
28 de Outubro de 2015 às 10:42
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Quando se olha para a variação da riqueza líquida nos quatro anos compreendidos entre 2009 e 2013 os irlandeses foram de longe os mais penalizados pelas ondas de choque geradas pela crise financeira, sobretudo devido à forte repercussão no valor das casas: perderam, em média, quase 18.500 euros, indicam dados divulgados pelo Banco Central Europeu (BCE).

 

Na lista dos maiores perdedores com a crise seguem-se, de perto, gregos e espanhóis, com perdas per capita acumuladas desde 2009 até 2013 (inclusive) próximas de 17.000 e de 13.000 euros, respectivamente.

 

Cada português viu a sua riqueza encolher, em média, 307 euros, o que coloca o país no 9º lugar da tabela dos dez Estados cujas famílias ficaram viram o valor do seu "património" encolher. Com perdas mais pesadas encontram-se os cidadãos de Chipre (4.900 euros), Letónia (3.900), Eslovénia (3.600), Itália (1.300) e Lituânia (900 euros). Abaixo estão os eslovacos (230 euros).

 

Já holandeses (33 mil euros), belgas (24 mil) e alemães (19 mil) estão entre os que viram a sua riqueza mais crescer. Neste período, a variação média da riqueza per capita na Zona Euro (com 17 países) foi positiva, indica ainda a apresentação que o BCE preparou por ocasião do dia mundial da estatística - e que, para este indicador, não inclui dados para Luxemburgo e Malta.

Irlanda e Espanha foram dos países mais penalizados pela explosão da "bolha" do imobiliário, tendo os preços das casas nestes dois países a sofrido as quedas mais acentuadas entre os países do euro. Em Portugal, os preços do imobiliário também diminuíram nos anos mais agudos da crise, embora a um ritmo inferior.

 
No fim deste ano, o BCE apresentará dados mais completos e actualizados sobre a variação líquida da riqueza das famílias na Zona Euro, sendo este um conceito que reflecte a situação financeira dos agregados familiares, tendo, designadamente, em conta a variação do valor do seu património e dívidas.

Último retrato divulgado em 2013 com dados de 2010

 

O mais recente estudo global do Banco Central Europeu sobre a riqueza líquida média das famílias de 15 países do euro foi divulgado em Abril de 2013 com base em dados de 2010. Este estudo apontava para amplas disparidades, surgindo os luxemburgueses (710 mil euros) e os cipriotas (670 mil) como os mais ricos da área do euro, com uma riqueza média líquida que mais do que triplicava a dos alemães (195 mil euros) e portugueses (152 mil euros), e que ficava quase dez vezes acima dos que apresentavam menor "património", os eslovacos (79,7 mil euros).

 

As amplas disparidades eram então, em parte, explicadas por grandes diferenças nas proporção de detentores de habitação própria, inferior a 50% no caso da Alemanha e da Áustria (onde a maioria das famílias aluga casa), quando em Portugal (71,5%) ou em Chipre (76,5%) esta é mais elevada do que a média do euro (60,1%).

O estudo do BCE assentava em dados que, no caso português, foram recolhidos em inquéritos conduzidos sob a responsabilidade do Banco de Portugal e do Instituto Nacional de Estatística, e que apontavam para uma riqueza líquida média ligeiramente superior a 150 mil euros e também para uma grande assimetria: a riqueza dos 10% de famílias com maior rendimento era sete vezes superior à riqueza líquida dos 20% com menor rendimento.

Os resultados indicavam ainda a preponderância dos activos reais no total dos activos das famílias (88%) face à importância dos activos financeiros (cerca de 12%). Mais de metade do valor dos activos reais era constituída pelo valor da residência principal, enquanto as contas de depósitos a prazo eram os activos financeiros com maior peso para as famílias, representando quase 60% da riqueza financeira.

Os dados de 2010 revelavam igualmente que quase 40% das famílias estão endividadas, sendo que cerca de 25% das famílias tinham hipotecas sobre a sua residência principal.

Para o conjunto das famílias endividadas, o valor mediano do rácio entre o serviço da dívida e o rendimento monetário mensal era então de 16%. Mas a percentagem de famílias em que este rácio estava acima de 40%, valor geralmente considerado como crítico, era de cerca de 13%. 




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