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Paulo Cafôfo: Quem é o homem por detrás da máscara?

O presidente da Câmara do Funchal esteve em destaque quando as chamas assolaram o Funchal. Paulo Cafôfo trocou a camisa pela t-shirt e o colete da protecção civil e andou pelas ruas a ajudar a coordenar o combate aos fogos. Quem é este homem que roubou o Funchal ao PSD?

Hélder Santos/Correio da Manhã
14 de Agosto de 2016 às 12:30
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Na passada terça-feira à noite, o país ficou em choque: os incêndios que assolavam as partes altas do Funchal tinham descido as encostas e atingido o centro da cidade, um cenário inédito e impressionante. No meio da confusão de populares, autotanques, bombeiros e mangueiras estava o presidente da câmara do Funchal, com o colete da protecção civil, a tentar coordenar as operações e perceber o que estava a acontecer.

 

Paulo Cafôfo estava com óculos de protecção e uma máscara para o proteger do fumo e por baixo do colete da Protecção Civil usava uma t-shirt. Não é o "dress code" habitual de um autarca, numa situação que, ela própria, também não é comum. Mas no caso do presidente da Câmara do Funchal, a maior da Madeira, não é algo que surpreenda. "O Paulo sacrifica a vida pessoal dele, sacrifica-se fisicamente, em nome daquilo em que acredita", atesta a eurodeputada do PS Liliana Rodrigues, que é amiga do autarca "há muitos anos". "Ele está sempre disposto a dar-te a mão quando estás no chão", acrescenta.
 

A presença de Paulo Cafôfo numa situação trágica como os incêndios é importante a dois níveis, assinala a eurodeputada. "Não só ajuda a nível institucional como consegue acalmar as pessoas. Conversar com o Paulo reconforta muito, dá força", certifica. E Cafôfo "dedicou-se ao Funchal como nenhum presidente de Câmara o fez até agora". Victor Freitas, que liderava o PS Madeira nas últimas autárquicas, também deixa elogios. "Vê-lo ali é o retrato fiel da personalidade dele. É um líder natural, que quer resolver os problemas e não se esconde atrás deles".

 

O autarca só abandonou o traje mais informal para receber o primeiro-ministro António Costa, esta quinta-feira. Mesmo o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, viu Cafôfo no terreno a envergar o colete da Protecção Civil do Funchal.

 

Paulo Cafofo acompanhou de perto a evolução dos incêndios no Funchal
Paulo Cafofo acompanhou de perto a evolução dos incêndios no Funchal

Paulo Cafôfo tem 45 anos, feitos a 18 de Maio, e nasceu precisamente no centro do Funchal, na freguesia de Santa Luzia, no edifício onde funciona agora o centro de saúde do Bom Jesus. Estudou sempre em colégios privados católicos: começou no Convento de Santa Clara, passou pelo colégio de Santa Teresinha, Salesianos e APEL. Seguiu as pisadas da mãe, professora, e licenciou-se em História na Universidade de Coimbra. Tornou-se professor de História e deu aulas em várias escolas madeirenses. Foi dirigente do Sindicato dos Professores da Madeira e foi aí que se tornou conhecido no meio político.

 

Pouco antes de ser eleito presidente, confidenciava à RTP Madeira que o que o fazia sentir-se mais realizado era "estar com os alunos" a "criar e construir conhecimento".

 

A vitória histórica no Funchal

 

Cafôfo foi uma das sensações das últimas eleições autárquicas. O professor encabeçou a maior coligação do país, com seis partidos, incluindo o PS e o Bloco de Esquerda. A sua fotografia com um sorriso de orelha a orelha surgiu espalhada pelo concelho e rapidamente se tornou um sucesso nas redes sociais, em páginas como os Tesourinhos das Autárquicas, que lhe dedicaram grande atenção.

 

Foi a coligação Mudança, liderada por Cafôfo, que pôs fim a quase 40 anos de maiorias absolutas do PSD na câmara do Funchal. Um feito histórico: nunca em democracia o Funchal tinha tido outra cor que não o PSD a liderar o município. A câmara do Funchal havia sido liderada por Miguel Albuquerque durante quase 20 anos (entre 1994 e 2013). Aliás, até às últimas autárquicas, nunca nenhuma câmara tinha sido de outro partido que não o PSD. Mas, a 29 de Setembro de 2013, das 11 câmaras madeirenses, só quatro é que continuaram em mãos social-democratas.

 

 A "Mudança" no Funchal deu o mote para o resto da ilha, mas o início da governação não foi fácil. Paulo Cafôfo tinha de gerir as sensibilidades de seis partidos diferentes – a oposição referia-se jocosamente à coligação como um "saco de gatos". O primeiro percalço foi quando retirou os pelouros ao vereador Gil Canha, do PND. Logo de seguida, Canha e outros dois vereadores críticos do presidente anunciaram a renúncia ao mandato. Cafôfo recusou demitir-se e reforçou a presença de socialistas na sua equipa de quatro vereadores com pelouros.

 

O salto para o Governo?

 

E agora, pode almejar voos mais altos? Liliana Rodrigues vê nele "todas as características" para poder ser presidente do Governo Regional da Madeira, mas também "ministro ou deputado". Mas só depois de um segundo mandato no Funchal. "Tem feito um trabalho espantoso e espero que se recandidate". Victor Freitas também. "Tem o perfil certo para presidir aos destinos da região". Até agora, o balanço é positivo. "É o melhor presidente da câmara do Funchal dos últimos 40 anos".

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