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A herança financeira do novo Papa

1,2 mil milhões de fiéis, 21 mil clientes e uma carteira de imóveis de 500 milhões fazem parte da herança do próximo Papa, apesar de os últimos resultados conhecidos da Santa Sé serem negativos em 15 milhões de euros.

Bloomberg
11 de Março de 2013 às 16:10
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A herança do sucessor de Bento XVI não se cinge aos 1,2 mil milhões de fiéis, 5 mil bispos, 412 mil sacerdotes e 721 mil religiosas. O próximo Papa herdará também 500 milhões de libras (perto de 595 milhões de euros) em património imobiliário, segundo o “The Guardian” e ainda o Instituto para a Obra Religiosa (IOR). Isto a julgar pelas escassas informações divulgadas.

 

Os resultados do IOR, o banco do Vaticano, referentes ao último ano ainda não são conhecidos. Porém, em 2011 o banco da Torre Nicolau V tinha perto de 21 mil clientes, 63% dos quais membros do clero, 33 mil contas e geria 8,2 mil milhões de dólares em activos, segundo o “New York Times”.

 

Ainda em 2011, a Igreja Católica registou um resultado líquido negativo de 14,8 milhões de euros, enquanto a Cidade-Estado do Vaticano obteve um lucro de 21 milhões, de acordo com a agência Ecclesia. Aos meios de comunicação, a Santa Sé terá justificado que este resultado, contrastante com os lucros de 10 milhões de euros registados em 2010, se ficou a dever às despesas com os 2.832 empregados, mais 26 do que no ano anterior.

 

Antes de resignar, Joseph Ratzinger deixou o IOR entregue ao advogado alemão Ernst von Freyberg, agora presidente do Conselho de Supervisão, sucedendo a Gotti Tedeschi. O antigo responsável foi despedido em Maio de 2012 por alegada oposição às normas de transparência que o Vaticano estaria disposto a adoptar.

 

A nomeação do novo banqueiro foi uma das últimas batalhas levadas a cabo por Bento XVI.  Freyberg, membro de várias organizações católicas foi escolhido por “unanimidade” pela comissão de cinco cardeais com funções de vigilância sobre o IOR, mas foi aprovado pelo então Papa. O “Santo Padre” terá estado sempre a par do processo de selecção e manifestado total concordância com a escolha, de acordo com a Rádio Renascença que cita um comunicado da Igreja Católica.

 

O executivo terá uma importante função na gestão de parte importante da “herança” do Papa já que o banco do Vaticano administra os bens das instituições católicas e é responsável pela aplicação dos lucros no apostolado religioso.

 

No final de 2012, o Vaticano tinha já contratado Rene Brouelhart, especialista em transparência financeira, para supervisionar os esforços do IOR nesse sentido.

 

Um outro acontecimento mais recente pode afectar a herança do novo Papa, que começa a ser escolhido a partir de amanhã no conclave que decorrerá na Capela Sistina. Em Janeiro, o Banco de Itália recusou a implementação de novos dispositivos de pagamento electrónico no Vaticano, após a expiração da autorização anterior. A falta de transparência do IOR terá estado na origem da decisão do banco central italiano, segundo a agência Reuters.

 

A medida poderá emagrecer a herança do próximo chefe da Igreja Católica que encaixou 91,3 milhões de euros só com visitas ao museu, onde antes se podia pagar com cartão multibanco.

 

Por outro lado, assiste-se uma redução do número de fiéis na Alemanha, Itália e França, países onde habitualmente a Igreja captava grandes somas financeiras. Já nos Estados Unidos da América (EUA), a principal fonte de receitas da instituição a nível global, 3,3 mil milhões de dólares foram canalizados para pagar indemnizações por abusos sexuais por parte do clero desde os anos 90.

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