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O que vale um Óscar das Ondas? Patrocínios e fama, para já

Galardão das grandes ondas já ajudou a Nazaré a garantir o patrocínio da Red Bull para o campeonato das Grandes Ondas, que acontecerá em Portugal a partir de Outubro e até Dezembro.

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Falar da Nazaré é falar do mar, é falar dos pescadores e agora é também falar de surf. O norte-americano Garrett McNamara ajudou a colocar a vila piscatória na crista da onda do mapa internacional desta modalidade. Quanto ao futuro, tudo está em aberto: o plano para os próximos anos, os patrocínios, a estratégia pública, os novos eventos...

As ondas grandes e o mar bravo sempre foram causas de temor das gentes da Nazaré. Ainda hoje, as histórias contadas pelos nazarenos raramente deixam de fora as desgraças que envolveram o mar. Já os mais jovens, que não viveram esta realidade, querem alterar a perspectiva, porque para eles as praias da Nazaré são palco de aventura.

A paixão pelo mar tem vindo a contagiar cada vez mais jovens com o gosto pelo surf e pelo "body board". Embora sem ser um "spot" tão popular como a Ericeira, Peniche, ou o Guincho, a Nazaré quer afirmar-se como mais uma paragem de referência desta modalidade.

As características naturais estavam lá, só precisavam era de ser conhecidas pelo mundo. Uma foto e alguns mails foram o suficiente para convencer Garrett McNamara a visitar a Nazaré e a experimentar as ondas da Praia do Norte. E, em 2011, o surfista que nasceu no Havai alcançou o objectivo a que vinha: apanhar uma das maiores ondas de sempre. McNamara e a sua equipa garantiram desde logo que a onda surfada era de 30 metros, a maior do todo mundo. Mas só em Março de 2012 é que esta "surfada" foi certificada, garantindo esta distinção após ter recebido o prémio Billabong XXL, os óscares das grandes ondas.

"O galardão deu notoriedade à Nazaré e permitiu que certificássemos a onda com 28 metros... nós até damos os dois centímetros de barato", admitiu Miguel Sousinha, administrador da empresa municipal, Nazaré Qualifica. O responsável, em entrevista ao Negócios, explicou que este reconhecimento trouxe também um selo de qualidade à região.

Para já, a Nazaré irá receber o campeonato do mundo das grandes ondas, no período de Outubro a Dezembro. "O campeonato já estava garantido antes do prémio, mas agora as empresas estão mais disponíveis para celebrar parcerias", acrescentou o mesmo responsável. Exemplo disso é a parceria fechada para o patrocinador oficial do evento. O campeonato mundial contará com o apoio da Red Bull. Miguel Sousinha explicou que esta parceria internacional é importante "não só em termos financeiros, como também ao nível técnico, porque também apoiam equipas deste tipo de surf".

O investimento necessário para o campeonato deverá rondar os 350 mil euros, cerca de metade já assegurado pela Red Bull. O restante também virá dos privados, uma vez que o município não tem condições para financiar a iniciativa.

Neste momento, "tudo está em aberto". Miguel Sousinha recordou, por exemplo, "o caso da Zon, que tem sido parceira no documentário que está a ser feito com o Garrett e tem estado a mudar de accionistas. Isso pode alterar o futuro da parceria". O responsável admitiu que a empresa poderia alargar o seu apoio além do filme, "Zon North Canyon". "Nós sabemos que a situação económica do País não é muito fácil, sabemos que há empresas interessadas em participar, mas tudo depende dos planos de marketing do próximo ano", disse.

Inicialmente, o município da Nazaré tinha traçado um plano a dois anos: 2010-12. Agora, o objectivo é pensar até 2015, mas as restrições orçamentais da câmara também obrigam à cautela. Miguel Sousinha assegura que McNamara continua interessado em estar ligado à Nazaré e ao desenvolvimento de novas infra-estruturas da vila como o centro de alto rendimento. "Queremos ter um plano final do projecto para o futuro antes ou depois do campeonato", adiantou o administrador da Nazaré Qualifica.

Sem querer avançar com grandes prognósticos, Miguel Sousinha arrisca dizer que "só a notoriedade já garantida por todas as iniciativas, nestes dois anos, pode ter representado 10 milhões de euros e nos próximos dois anos podemos estar a falar do dobro". Miguel Sousinha sabe que para as metas serem alcançadas era necessária "uma estratégia nacional", uma vez que o País tem quilómetros de costa que poderia aproveitar. Mas, como qualquer desporto, no surf a rivalidade também se nota. "Esta actividade não tem o peso do golfe, é uma modalidade ligada aos ‘teenagers’. Falta organização, mas para isso é preciso haver uma estratégia", acrescentou.

Apesar de todas as incertezas, a Nazaré tem um objectivo muito claro: ser um "spot" de referência do surf. "Se conseguirmos mais 700 praticantes já seria muito bom".

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