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"O que está dito está dito" e Marcelo quer "alguma reflexão" sobre o seu silêncio

O Presidente não quis falar mais sobre a crise institucional em que se viu envolvido com António Costa. Numa visita ao Banco Alimentar, sublinha que "a vida do dia-a-dia ainda não é tão positiva como os grandes números".

António Cotrim / Lusa
07 de Maio de 2023 às 10:41
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Interrogado várias vezes sobre a divergência pública que teve com o primeiro-ministro sobre a manutenção no Governo do ministro das Infraestruturas, o Presidente da República recusou-se a fazer mais comentários sobre a polémica, repetindo a frase "o que está dito está dito".

"O simples facto de eu não responder às vossas questões já deveria merecer alguma reflexão da vossa parte habituados que estão a que eu, no passado, considerasse que era adequado responder mais vezes a questões concretas", disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas após ter visitado o Banco Alimentar Contra a Fome (BA), em Alcântara.

Ao longo de mais de 20 minutos, o chefe de Estado falou antes sobre a situação social e económica de Portugal, em particular da população mais carenciada. "Os portugueses percebem várias coisas, em primeiro lugar que isto não é aquilo que às vezes se dizia caridadezinha, porque caridadezinha não é", defendeu, numa clara demarcação em relação a algumas correntes da esquerda política. Pelo contrário, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, com as contribuições para os bancos alimentares, "é a sociedade a perceber que há uns que têm mais e outros menos".

Perante os jornalistas, o Presidente da República procurou destacar que "mesmo numa situação em que os grandes números são positivos, mas a vida do dia-a-dia ainda não é tão positiva como os grandes números, os portugueses fazem o esforço que estão a fazer em relação aos bancos alimentares".

"Há sinais encorajadores ao nível do turismo, investimento externo e exportações. Agora, todos desejamos que os grandes números da economia se traduzam no bolso de mais portugueses", acentuou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, Portugal encontra-se numa "situação um pouco estranha", já que os números em termos globais "são melhores do que em outros países europeus, em termos de crescimento, com o turismo e as exportações a subirem".

"A procura interna, quer dizer aquilo que é o consumo das pessoas cá dentro, apesar dos muitos estrangeiros com dinheiro que vivem cada vez mais em Portugal, desceu no primeiro trimestre. Por um lado é bom, significa que o que vem de fora está a contribuir para a nossa economia, mas aquilo que é de dentro ainda está à espera de haver aqueles alívio financeiro que permita - não só com as ajudas sociais, mas sobretudo com diminuição do nível de preços - recuperar o poder de compra dos portugueses", sustentou.

De acordo com o chefe de Estado, em Portugal "houve problemas sociais que se encadearam", primeiro os resultantes da pandemia da covid-19, aos quais se somaram "os que resultam da atual elevação de preços brutal, nomeadamente de bens alimentares e com as prestações da habitação a aumentarem para o dobro". E as pessoas "não esticam os salários, apesar das ajudas sociais", acrescentou.

No sábado, a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome (BA), Isabel Jonet, disse à agência Lusa que até às 18:00 desse dia tinham sido recolhidas 415 toneladas de alimentos, um balanço "positivo" do primeiro dia da campanha de recolha. A nova campanha de recolha de alimentos do BA arrancou no sábado e decorre durante o fim de semana, numa altura em que os pedidos de ajuda quase triplicaram face ao ano passado.
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