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"Mulas" de dinheiro provocaram prejuízo de quase 17 milhões de euros em Portugal

As "mulas" de dinheiro facilitam o crime de branqueamento de capitais através da transferência de fundos de terceiros para outros destinatários ganhando uma comissão no processo. Jovens e refugiados são principais vítimas dos angariadores.

Sérgio Lemos / Cofina Media
04 de Dezembro de 2023 às 16:15
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A Polícia Judiciária (PJ) apurou que as chamadas "mulas" de dinheiro provocaram um prejuízo superior a 16,7 milhões de euros. Em junho, outubro e novembro deste ano foram identificadas em Portugal 425 "mulas" de dinheiro. Na Europa, foram mais de dez mil.

A PJ detalha que durante os três meses da investigação, além das centenas de "mulas" de dinheiro, foram identificados 59 "angariadores de mulas de dinheiro". Para lá da identificação, foram interrogadas e constituídas arguidas 93 pessoas em Portugal e detidos oito suspeitos. Foram também identificadas 590 contas bancárias destinadas a transações ilícitas e iniciadas 300 investigações. Este crime, em três meses, lesou 377 vítimas.

Os dados constam da operação "European Money Mule Action" (EMMA) dinamizada pela Europol. Esta foi a nona edição da EMMA e contou com a articulação das autoridades locais dos 26 países onde decorreu. As "mulas" de dinheiro, descreve a Europol, servem para transferir fundos de terceiros para outros destinatários ganhando uma comissão no processo com o objetivo de branquear capitais. 

"A maioria das investigações envolve casos transfronteiriços: ou o dinheiro é transferido de um país para outro, ou mulas de dinheiro organizadas viajam por todo o mundo para abrir contas bancárias, muitas vezes utilizando documentação falsa", detalha a agência responsável pela aplicação da lei da União Europeia.

A nível europeu foi possível identificar nestes meses de investigação quase 11 mil "mulas" de dinheiro e transações fraudalentas. Foram detidas 1.013 pessoas e identificados 474 recrutadores. A Europol adianta também que foram evitadas perdas a rondar os 32 milhões de euros e que foram comunicadas às autoridades perdas a rondar a centena de milhões de euros.

Esta ação contou com o apoio de 2.800 bancos e instituições financeiras e a Europol considera que foi um "sucesso". Na divulgação dos dados, a agência explica que os migrantes ucranianos são cada vez mais vistos como cúmplices dos crimes pela sua vulnerabilidade económica.

Estão também a aumentar o número de criminosos a fazerem-se passar por funcionários bancários "visando predominantemente os idosos, persuadindo-os a abrir novas contas", relata a Europol que explica que "o
s criminosos visitam frequentemente as vítimas pessoalmente para obter cópias de documentos de identidade e assinaturas". Também a emergência de ferramentas de inteligência artificial tem ajudado a contornar os recursos de segurança através da criação de identidades falsas online.
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