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Morreu na Holanda o neurocientista Fernando Lopes da Silva

O neurocientista português Fernando Lopes da Silva, de 84 anos de idade, faleceu na terça-feira, na Holanda, onde vivia há mais de 50 anos, disse à agência Lusa fonte da Universidade de Coimbra.

08 de Maio de 2019 às 19:24
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O cientista, que atualmente era membro externo do Conselho Geral da Universidade de Coimbra (UC), dedicou-se, essencialmente na Holanda, à investigação de aspetos biofísicos da atividade elétrica do cérebro e da organização funcional das redes neuronais, incluindo a origem de fenómenos epiléticos, refere a UC, numa nota enviada hoje à agência Lusa.

 

Licenciado em medicina pela Universidade de Lisboa, em 1959, Lopes da Silva juntou-se, em 1965, à equipa científica do Grupo de Investigação do Cérebro na Holanda e obteve seu Ph.D. em neurofisiologia pela Universidade de Utrecht em 1970.

 

Em 1980 foi nomeado catedrático de fisiologia geral na Faculdade de Ciências da Universidade de Amsterdão e entre 1993 e 2000 foi diretor do então recém-criado Instituto de Neurobiologia da Universidade de Amsterdão, recorda a UC na mesma nota.

 

Os seus principais interesses de investigação, acrescenta a UC, incluíam processos biofísicos da atividade elétrica do cérebro e na organização funcional das redes neuronais.

 

Em Portugal, Fernando Lopes da Silva foi nomeado, em 2000, professor visitante da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e foi, desde 2005, docente do Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, com a função principal de organizar, promover e estimular uma estreita ligação entre a engenharia e a medicina através de um novo curso em engenharia biomédica.

 

Além disso, acompanhou cientificamente diversos cientistas portugueses nas áreas das neurociências e engenharia biomédica, participou em múltiplos encontros de investigadores, tendo, designadamente, coordenado o painel das Ciências da Vida da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

 

Distinguido como Doutor Honoris Causa pelas universidades de Lisboa e do Porto, em 1997 e em 2002, respetivamente, Lopes da Silva foi o galardoado, em 2004, com a primeira edição do Prémio Universidade de Coimbra, depois de, em 2000, ter sido homenageado pelo Presidente da República Jorge Sampaio como Alto Oficial da Ordem de Santiago da Espada, por "notáveis realizações" no campo da ciência, da arte e da literatura.

 

Depois de, em 1985, ter sido eleito membro da Academia Real Holandesa de Artes e Ciências, Lopes da Silva foi designado membro honorário da Sociedade Britânica de Neurofisiologia Clínica (1995), recebeu o Prémio Herbert H. Jasper (1999) e foi distinguido, em 2001, pela rainha da Holanda, que lhe atribuiu o grau de Cavaleiro da Ordem do Nederlandse Leeuw, entre outras distinções.

 

Na página da Presidência da República, numa nota publicada hoje, Marcelo Rebelo de Sousa "lamenta a morte" de Fernando Lopes da Silva, "ilustre académico e neurocientista".

 

Lopes da Silva "deu um contributo inestimável no desenvolvimento da investigação científica em Portugal, com uma participação diversificada e intensa na vida científica nacional e apoiando gerações de investigadores portugueses, seja em Portugal, seja na Holanda, país onde desenvolveu grande parte da sua carreira académica", afirma o Presidente da República, prestando "pública homenagem a um académico notável e a um ser humano excecional".

 

"A UC perde, com o desaparecimento do doutor Lopes da Silva, uma voz autorizada no Conselho Geral, com destaque para a política de investigação", lamenta reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão.

 

Enquanto candidato a reitor da UC, Amílcar Falcão teve "um contributo muito valioso" de Lopes da Silva, nomeadamente no que diz respeito à "criação de Escolas Doutorais, cuja implementação" será "a maior homenagem" que a Universidade pode "fazer ao cientista, ao colega e ao amigo", afirma o reitor.

 

Manifestando "o mais profundo pesar e a mais profunda gratidão por parte do Conselho Geral da UC, pela visão no caminho de futuro que a UC deveria prosseguir, a uma pessoa que foi reconhecidamente excecional do ponto de vista científico e humano", o presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra, João Caraça, sublinha que Lopes da Silva "teve uma vida distintíssima".

 

O funeral de Fernando Lopes da Silva realiza-se no sábado, às 17:45 (menos uma hora em Lisboa), na cidade holandesa de Utrecht, disse à agência Lusa fonte do gabinete de comunicação da Universidade de Coimbra.

 

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