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Moedas pediu abertura para consensos na câmara e que todos saibam “ceder um pouco”
O novo presidente da câmara de Lisboa, que tomou posse esta segunda-feira, garantiu que está disponível para trabalhar com todas as forças políticas e que tudo fará “para gerar consensos”. “Vamos todos de ceder um pouco para o bem geral”, disse.
"Estou e estarei sempre disponível para trabalhar com todos os eleitos que hoje tomam posse, com todas as forças políticas. E com todos os funcionários do município" e "trabalharei de forma incansável para gerar consensos", declarou esta segunda-feira o novo presidente da Câmara de Lisboa. "Posso e sei fazer compromissos onde todos cedem um pouco para o bem geral" acrescentou, defendendo que "precisamos de uma vez por todas acabar com a política de fricção".
Carlos Moedas falava na Praça do Município num discurso que encerrou a cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos autárquicos. À sua frente, na primeira fila de uma assistência cheia de notáveis do PSD, estava Fernando Medina, o presidente cessante da autarquia, e os vereadores agora eleitos pelos vário partidos. Contando com o próprio Moedas, são sete da coligação Novos Tempos e outros tantos da coligação Mais Lisboa, liderada por Medina, que renunciou ao mandato de vereador. A matemática não promete ser fácil para Carlos Moedas, que, além deste empate, terá ainda de levar em linha de conta os dois vereadores eleitos pela CDU e um eleito pelo Bloco de Esquerda.
"Não contrariarei princípios fundamentais do nosso programa, pois tal seria defraudar a confiança que depositaram em nós" e, se é certo que "todos os que hoje tomam posse têm o direito de lutar pelas suas convicções", "tenho o direito de exigir que seja respeitada a legitimidade específica do nosso mandato executivo", avisou o autarca.
O novo presidente frisou também o "espírito construtivo" que diz ter encontrado no Executivo cessante na passagem de pasta. "Em particular por Fernando Medina, a quem hoje aqui agradeço", disse. E deixou também uma mensagem a António Costa, afirmando-se "confiante na cooperação entre o Município e o Governo da República".
Para os funcionários da câmara ficou uma promessa: a de "andar sempre na rua" e não ser "um presidente de gabinete".
Executivo ainda em segredo
Moedas não levantou, para já, o véu sobre como será a composição do novo executivo camarário, isto é, que pelouros serão atribuídos aos vereadores eleitos, anunciando apenas que é sua intenção assumir pessoalmente o pelouro da transição energética e alterações climáticas. Dados como certos estão apenas já os nomes de Filipa Roseta, para a área da Habitação, e Joana Almeida para o Urbanismo. Os restantes serão anunciados em reunião de Câmara, já que, segundo fonte do gabinete, Moedas quer ser ele próprio a passar a informação final aos vereadores da oposição.
No discurso da tomada de posse, o novo presidente passou em revista algumas das promessas eleitorais: O programa Recuperar +, para ajuda às empresas afetadas pela pandemia; uma "redução progressiva e regular" dos impostos municipais ou o lançamento de um "plano de acesso à saúde para os lisboetas com mais de 65 anos, que são carenciados e que hoje, em muitos casos, não têm médico de família". Na calha estão também "ecossistemas como a Fábrica de Unicórnios ou o Centro Mundial para a Economia do Mar que trarão a Lisboa uma nova maneira de ligar a inovação à criação de emprego" e a promessa de "acelerar a reconversão urgente do muito património municipal devoluto" e de "reconverter para habitar", com um "choque de gestão no licenciamento".
Em matéria de circulação e mobilidade, ficou por se saber que destino dará afinal à ciclovia da Almirante Reis: "Queremos aumentar a circulação em bicicletas, mas de uma forma que seja segura e equilibrada", disse. "Uma cidade verde e sustentável faz-se com as pessoas. Não impondo a transição às pessoas. É preciso informar, conversar, convencer e partilhar", rematou.
Carlos Moedas discursou por mais de meia hora perante uma assistência que encheu a Praça do Município e à qual se juntaram algumas dezenas de populares que quiseram ouvir o novo presidente. Entre a assistência, que contou com o PSD em peso, vários convidados de honra, como Cavaco Silva, Passos Coelho, Marques Guedes, Manuela Ferreira Leite, Pinto Balsemão, Francisco Rodrigues dos Santos, líder do CDS, Paulo Rangel ou o presidente do PSD, Rui Rio.
Juntamente com representantes da Igreja ou os líderes desportivos, como Rui Costa, o recém-eleito presidente benfiquista. Outros autarcas também eleitos nas últimas eleições, como Rui Moreira, Isaltino Morais, Carlos Carreiras ou Santana Lopes, marcaram igualmente presença.
Jéssica Pina, cantora e trompetista de Alcácer do Sal, que participou na digressão de Madonna, protagonizou o primeiro momento musical do evento. Mais tarde ouviu-se também a Canção de Lisboa, cantada pelo jovem fadista algarvio João Leote, que lançou recentemente o seu primeiro disco.