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Mobilidade enfrenta ano de subidas, descidas e incertezas

Se as taxas de portagem nas autoestradas vão subir mais de 2% em termos gerais (embora desçam em certas regiões do interior e Algarve), o valor do passe dos transportes continua congelado (mas os bilhetes individuais serão mais caros). Carros usados ficam mais baratos e nos combustíveis o cenário é de incerteza.
Pedro Curvelo e Maria João Babo 27 de Dezembro de 2023 às 15:06

Automóveis
Preços sem grandes subidas nos novos. Usados mais baratos

Após o recuo do Governo no Imposto Único de Circulação (IUC) para os automóveis com matrícula anterior a 2007, o novo ano não deverá trazer grande agitação ao mercado automóvel em Portugal.

Ao nível dos preços, além da subida do Imposto sobre Veículos (ISV), as diferentes marcas deverão proceder às habituais atualizações de preços, mas não se antevê um "salto" considerável nos valores.

As diversas marcas contactadas pelo Negócios optaram por não indicar a dimensão nas variações de preços, escudando-se nas políticas comerciais que não revelam e nalguns fatores que poderão condicionar os preços.

Uma das incógnitas, no caso dos veículos elétricos, é se a decisão de França de incluir como critério para os apoios à compra de carros elétricos as emissões poluentes na fabricação. A medida penaliza os veículos, mesmo de fabricantes ocidentais, produzidos na China e na Coreia do Sul, por exemplo.

No mercado de usados, a tendência que se antecipa para 2024 é de uma correção dos preços depois dos vários meses de subidas recentes devido à escassez de oferta.

Miguel Vassalo, "country manager" da Autorola para Portugal, diz ao Negócios que "já se começa a assistir a um ajustamento em baixa dos preços, em particular nos elétricos e veículos eletrificados". No entanto, sublinha, a descida nos preços que é esperada no próximo ano "não será de grande dimensão".

O responsável considera que será apenas o natural ajuste do mercado em função da oferta e da procura.


Combustíveis
Apoios mantém-se, mas petróleo pode não ajudar

O ano novo traz incerteza para os condutores. Por um lado, os apoios do Estado vão manter-se em vigor. Por outro, os preços da gasolina e do gasóleo poderão ser penalizados pelo impacto da incerteza geopolítica no valor do barril de petróleo.

O Governo decidiu incluir nas contas do Orçamento do Estado para 2024, que entra em vigor a 1 de janeiro, a manutenção dos apoios aos consumidores através da redução dos impostos que incidem sobre os combustíveis. Esta é uma medida sem prazo de validade, para manter até se justificar. "O Governo mantém a avaliação e monitorização da evolução dos preços a cada momento e intervirá, sempre que necessário, no quadro dos instrumentos e dos recursos disponíveis", disse, em outubro, ao Negócios fonte oficial do Ministério das Finanças.

Em causa está a devolução da receita adicional do IVA, por via do ISP, mas também a suspensão parcial da atualização da taxa de carbono. Mesmo com a queda do Executivo de António Costa, não se perspetivam alterações, o que poderá trazer alívio à carteira dos condutores. Tanto a gasolina como o gasóleo ficaram mais caros em 2023, apesar de longe dos picos de preços verificados em 2022.

Contudo, o petróleo tem negociado nos mercados internacionais com tendência altista. O novo foco de crise a desenvolver-se no Canal do Suez, uma das principais rotas globais para o fornecimento de matérias-primas por via marítima, tem levado a um encarecimento do Brent para próximo dos 80 dólares por barril e o crude West Texas Intermediate (WTI) para 75 dólares.


Transportes
Passe continua congelado, mas bilhetes sobem

O preço dos passes dos transportes públicos vai continuar congelado no próximo ano, como determinou o Orçamento do Estado para 2024. Já para os títulos de transporte ocasionais, ou seja, aqueles que são válidos apenas para uma viagem ou para um período curto e determinado, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) decidiu que se deve aplicar a taxa de atualização tarifária que, com base nos dados do Instituto Nacional de Estatística, é de 6,43% no próximo ano.

No entanto, a Área Metropolitana de Lisboa anunciou que, além dos tarifários dos passes navegante, também os títulos ocasionais dos serviços da Carris Metropolitana não terão qualquer aumento no próximo ano, mantendo o valor que vigorava à data do seu lançamento, em junho de 2022. Já o Metropolitano de Lisboa vai aumentar o preço do bilhete ocasional em cerca de 9% de 1,65 para 1,80 euros, enquanto uma viagem usando o cartão recarregável Zapping passa de 1,47 para 1,61 euros (mais 9,5%).

Também a CP mantém inalterado o preço dos passes, mas vai subir em média 6,25% os bilhetes do Alfa Pendular e do Celta e em 6,43% os restantes.

Em janeiro as tarifas dos táxis aumentam 4,6%, na sequência da convenção de preços assinada em finais de novembro pelo Governo e pelas principais associações representativas do setor, sendo esta a primeira atualização desde junho do ano passado, quando houve uma subida de 8,05%. 


Portagens
Taxas sobem mais de 2%, à exceção do Interior e Algarve

As taxas de portagem na generalidade das autoestradas portuguesas vão ser atualizadas em 2,04% a 1 de janeiro de 2024, tendo em conta o índice de preços ao consumidor (IPC) de outubro, excluindo habitação, no Continente, que segundo o Instituto Nacional de Estatística foi de 1,94%, a que somam os 0,1% adicionais que ficaram previstos no acordo conseguido com as concessionárias para travar uma subida de cerca de 10% dos preços em 2023.

Já as portagens nas duas pontes sobre o Tejo irão ter uma atualização de 3,6%, uma vez que o contrato de concessão da Lusoponte usa como referencial o valor da inflação de setembro, que foi de 3,5%, a que também se somam os 0,1 pontos percentuais que visam compensar as concessionárias pelo travão determinado este ano.

Mas há também autoestradas no Interior e no Algarve onde as taxas de portagem vão descer 30% face aos valores atuais no arranque do próximo ano com o objetivo de reforçar a coesão territorial. É o caso de troços da A22, A23, A24 e A25, e também da A4, A13 e A13 -1, nos quais a redução aprovada pelo Governo chega a ser de 65% face às tarifas base de 2011. Esta medida, segundo o Executivo, terá um custo de 72 milhões de euros.

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