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Merkel não lamenta dependência de Moscovo: “Agimos no tempo em que estamos”

A antiga chanceler da Alemanha presidiu esta quinta-feira em Lisboa à entrega do Prémio Gulbenkian para a Humanidade.

André Kosters / Lusa
13 de Outubro de 2022 às 14:48
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Angela Merkel, ex-chanceler do governo alemão, diz não lamentar as decisões que aproximaram Berlim de Moscovo, criando uma dependência do gás natural russo na maior economia europeia, a braços com uma recessão agora devido à dificuldade em superar os impactos da invasão da Ucrânia pela Rússia e consequentes sanções e ameaças ao abastecimento energético.


"Agimos sempre no tempo em que estamos", afirmou a antiga líder do governo alemão, esta quinta-feira, em Lisboa, em conferência de impressa após a cerimónia de entrega do Prémio Gulbenkian para a Humanidade a cujo júri presidiu.


"Para nós, na altura foi claro que havia uma transformação de todo o abastecimento de energia", argumentou. "Foi claro que precisávamos de gás natural para chegar a formas de energia livres de CO2", juntou também, assinalando ainda que o gás natural russo "era mais barato do que a partir de outras regiões, como o Qatar".


"Desde (após) a Guerra Fria que a Rússia era um fornecedor fiável de energia", defendeu ainda.


O Prémio Gulbenkian para a Humanidade foi atribuído neste ano ao Painel Intergovernamental da ONU sobre Alterações Climáticas (IPCC) e à Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistémicos (IPBES), cujos responsáveis máximos estiveram também presentes e com alertas para o fechamento da janela de tempo que ainda permitirá aos atores globais cumprirem os objetivos de neutralidade carbónica com os quais se têm comprometido internacionalmente.


A atual crise e a guerra na Ucrânia, defenderam, não deve concentrar atenções exclusivas dos líderes mundiais, que esperam que assumam novos compromissos na 27ª Conferência das nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que se realizará no próximo mês, no Egipto.


"Apesar do grande desafio financeiro ligado ao apoio à Ucrânia, creio que os países não vão deixar de contribuir", afirmou Anne Larigauderie, secretária-executiva do IPBES. "Não temos tempo para nos concentrarmos apenas num tema", exortou.


Lee Hoesung, presidente do IPCC, indicou também que não está feita ainda uma avaliação do impacto do recuo de muitos países em medidas que visam avanço na neutralidade carbónica face à emergência energética atual, com uma forte mobilização de apoios públicos ao uso dos combustíveis fósseis e até retrocesso no uso daqueles que são mais poluentes, como o carvão. A avaliação, disse, deverá ser feita no próximo relatório do IPCC.

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