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Marisa Matias: BE fez o que "tinha de ser feito" mas não há corte de relações com PS

Candidata do Bloco de Esquerda às eleições presidenciais diz que não daria posse a um governo apoiado pelo Chega.

Marisa Matias (BE)
Pedro Catarino
13 de Dezembro de 2020 às 09:23
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A candidata presidencial Marisa Matias considera que o voto contra do BE no orçamento era o que "tinha de ser feito", mas recusa um corte de relações com o PS, apontando à continuidade de diálogo entre os partidos.

Em entrevista à agência Lusa, a recandidata apoiada pelo BE às eleições presidenciais de 24 de janeiro afirma que o OE2021 "fica muito aquém" das necessidades, é claramente "um orçamento fora de tempo", que não foi feito "para tempos de pandemia porque não traz a proteção necessária" e é insuficiente nesta resposta.

"Eu acho que fizemos - e digo fizemos porque fiz parte disso - aquilo que tinha de ser feito no sentido de que, num momento em que as respostas à crise não estão à altura, é preciso lutar e exigir respostas à altura", assume.

No entanto, para a eurodeputada, "isso não significa que haja um corte de relações" com os socialistas e muito menos determina que "o BE deixe de falar ou de negociar com o Partido Socialista".

"Isto significa é que os termos estão definidos, as cartas estão na mesa e infelizmente creio que a realidade nos vai dar razão mais rápido do que aquilo que seria desejado", antecipa.

Com a garantia de que o BE continuará a falar e a negociar, Marisa Matias 'atira a bola' para o lado dos socialistas: "haja vontade também do lado do Partido Socialista para poder acolher algumas dessas propostas".

"Em relação ao resto acho que as pessoas percebem perfeitamente, sinceramente acho que sim", responde em relação à compreensão dos portugueses sobre este voto contra.

A candidata presidencial recorda que o BE foi "o partido que logo a seguir às eleições legislativas se disponibilizou para que continuasse a haver acordo escrito e para que a geringonça tivesse uma continuidade", o que na altura foi rejeitado pelo PS.

"Quem recusou a existência da geringonça não foi o Bloco de Esquerda, foi o Partido Socialista", clarifica.

O BE, lembra Marisa Matias, "não falhou à responsabilidade de aprovar o Orçamento Suplementar que foi necessário este ano" devido à pandemia, criticando que o OE2021 aprovado não traduza o investimento necessário no Serviço Nacional de Saúde nem na proteção do emprego.

"Eu não daria posse a um candidato apoiado pelo Chega"

Marisa Matias garante que, eleita Presidente da República, "não daria posse a um Governo apoiado pelo Chega" e lembra o "cordão sanitário" feito à extrema-direita alemã, admitindo um debate futuro sobre a ilegalização deste partido, mas não por sua iniciativa.

Em entrevista à agência Lusa, a candidata apoiada pelo BE na corrida a Belém, Marisa Matias, reitera que o seu adversário nestas eleições é o Presidente da República e recandidato, Marcelo Rebelo de Sousa, mas assume que, tal como qualquer candidato democrático, não se pode "demitir do combate à extrema-direita", ou seja, a André Ventura.

"Eu não daria posse a um Governo apoiado pelo Chega", garante, marcando assim mais uma diferença em relação a Marcelo Rebelo de Sousa que, em entrevista à SIC na sexta-feira, referiu que em termos constitucionais não pode ser negado o apoio parlamentar de "um determinado partido" a uma solução de Governo, numa alusão ao partido de Ventura.

Sobre a possibilidade de o candidato André Ventura poder ficar à sua frente nas eleições de 24 de janeiro, a dirigente do BE é perentória: "acho que é uma derrota sim, é uma derrota para a democracia, não é só para mim".
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