Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Mais de 80% dos portugueses defende limite máximo para a dívida pública

A Fundação Calouste Gulbenkian lançou o projeto "De hoje para amanhã", que visa avaliar o impacto das políticas públicas nas próximas gerações.

A carregar o vídeo ...
05 de Junho de 2019 às 16:09
  • 6
  • ...

Qual o impacto das políticas públicas nas gerações futuras? As decisões tomadas hoje acautelam devidamente os interesses das gerações de amanhã? É para responder a estas e outras questões relacionadas com a justiça intergeracional que a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu avançar com um projeto que denominou "De hoje para amanhã".

 

O objetivo passa por "promover, junto dos decisores políticos e dos cidadãos, uma maior consciencialização sobre o impacto que os compromissos assumidos terão nas gerações de amanhã e ainda incentivar a adoção de critérios de justiça intergeracional na definição de políticas públicas". O projeto visa também dar "ferramentas aos cidadãos e aos decisores políticos para que as gerações de amanhã sejam consideradas nos compromissos assumidos hoje". 

 

O site dedicado ao projeto está disponível a partir desta quarta-feira e além da explicação da iniciativa, contém também dois estudos que foram feitos para medir a perceção dos cidadãos e dos deputados portugueses sobre a justiça intergeracional das atuais políticas públicas.

Cidadãos e deputados preocupados

 

No estudo para avaliar o que os cidadãos pensam sobre a justiça intergeracional, que foi realizado por Sandra Maximiano, conclui-se que "a esmagadora maioria dos portugueses considera que cada geração deve deixar mais recursos às gerações seguintes do que aqueles que recebeu" e que mais de metade dos portugueses "estão muito preocupados com o bem-estar das gerações seguintes".

 

Nesse sentido, defendem a adoção de medidas para defender o bem-estar das gerações futuras, sendo que uma delas passa por impor um limite máximo à dívida pública. "Mais de 80% dos cidadãos concordam com a criação de limites ao endividamento que permitam conter os encargos para as próximas gerações", refere o estudo, dando conta que 48% dos inquiridos concorda com esta medida e 34% concorda totalmente.

 

A dívida pública, que é um dos exemplos mais evidentes de encargos potenciais para as gerações futuras, duplicou em Portugal no espaço de uma década, mantendo recentemente uma trajetória de subida. Em abril atingiu o valor mais elevado de sempre em termos nominais (acima de 252 mil milhões de euros), situando-se em 123% do PIB no final do primeiro trimestre.

 

Outra das medidas defendidas pelos cidadãos passa por criar um "organismo estatal destinado a defender os interesses das gerações futuras, tal como uma Provedoria das Gerações Futuras ou uma Secretaria de Estado do Futuro".

 

Também os deputados portugueses mostram preocupação com justiça intergeracional. 72% dos inquiridos no estudo da Gulbenkian (realizado por Catherine Moury) considera que se "estão a transferir poucos recursos para as gerações futuras".

 

A aposta em creches de excelência, apoios sociais às famílias que têm a seu cargo crianças ou idosos e a avaliação obrigatória da sustentabilidade financeira das políticas públicas, com base em projeções sociais, demográficas e económicas são algumas das medidas com que os deputados portugueses concordam.

 

Avaliar impacto das políticas públicas

 

No âmbito deste projeto, que é coordenado por Luís Lobo Xavier, diretor do Programa Gulbenkian Sustentabilidade, estão a ser realizados diversos estudos para "identificar e analisar eventuais desequilíbrios distributivos entre as várias gerações".

 

Até ao final do ano serão publicadas as análises a três áreas diferentes de políticas públicas: finanças públicas, habitação e mercado de trabalho.

 

Além destes estudos específicos por áreas, a Gulbenkian pretende também criar uma ferramenta que analise "os custos e benefícios das políticas públicas para as diferentes gerações e avaliar, com base em critérios objetivos, se as políticas públicas (propostas ou existentes) acautelam devidamente os interesses das gerações de amanhã".

 

Uma ferramenta que está a ser desenvolvida em colaboração com a School of International Futures e pretende, por exemplo, medir a justiça intergeracional de uma medida abrangente que seja anunciada por um governo.

Ver comentários
Saber mais Fundação Calouste Gulbenkian Gerações Futuras Luís Lobo Xavier Sandra Maximiano Catherine Moury
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio