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Juros já estão no pico ou perto disso na maioria das economias, diz OCDE

Organização vê combate à inflação a avançar e revê em baixa as previsões para a evolução dos preços. Mas lembra riscos de novas subidas na energia e nos alimentos.

Bloomberg
19 de Setembro de 2023 às 10:01
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Os ciclos de subidas de juros estão a concluir-se um pouco por todo o mundo, com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) a estimar que as taxas estejam já no pico ou perto disso na maioria das economias, ao mesmo tempo que revê em baixa, nesta terça-feira, as previsões de inflação.

 

"Algumas subidas de taxas adicionais podem ainda ser necessárias onde as pressões da inflação subjacente sejam particularmente persistentes, mas as taxas de referência parecem estar no pico ou perto do pico na maioria das economias", indica a organização num novo documento intercalar de previsões para as principais economias mundiais.

 

Para a Zona Euro, as projeções de inflação são revistas em baixa. Para 2023, a OCDE espera uma inflação anual de 5,5%, ligeiramente melhor do que os 5,6% antecipados pelo Banco Central Europeu (BCE). Já para o próximo ano, a organização  prevê 3%, abaixo dos 3,2% projetados pela autoridade monetária do euro.

 

Também há melhorias, face às expectativas de junho,  no que toca ao cabaz europeu de preços que exclui energia e alimentos. A OCDE espera agora 5,1% de inflação subjacente neste ano e 3,1% no próximo (5,1% e 2,9% nas previsões do BCE).

 

Nos Estados Unidos, há também uma melhoria ligeira na previsão de inflação total deste ano, com a OCDE à espera de 3,8%, enquanto que a previsão para 2024 fica alterada nos 2,6%. Já as previsões de inflação subjacente mantêm-se ou são ligeiramente agravadas.

 

No grupo do G20, a OCDE espera agora 6% de inflação total neste ano e 4,8% em 2024, com alguma melhoria. E agrava ligeiramente a previsão de inflação subjacente também.

 

A tendência não igual para todas as economias – o Japão, por exemplo, assiste a uma revisão em alta nas previsões de inflação devido à desvalorização do iene e aumento dos preços de importação -, mas em geral a OCDE vê as pressões de preços a diminuírem e também uma moderação nas margens de lucro nas 20 maiores economias mundiais.

 

Contudo, o cenário melhor no combate à inflação – e ainda que o aperto monetário promovido pelos bancos centrais tenha ainda parte dos seus efeitos por produzir – não é ausente de riscos.

 

A OCDE alerta para a possibilidade de haver novos choques nos preços de energia e dos alimentos. "Os preços da energia estão longe dos picos de 2022 após a invasão da Ucrânia pela Rússia, mas os mercados de energia mantêm-se apertados e o potencial de disrupções à oferta nos mercados de gás, carvão e petróleo permanece elevado", avisa.

 

A organização lembra, por exemplo, o anúncio de cortes por países da OPEP+ num momento em que os inventários de crude mantêm níveis baixos, e que já fizeram elevar preços em 25% desde maio. Este movimento já está a fazer aumentar a contribuição dos preços energéticos para a inflação em algumas das maiores economias mundiais.

Por outro lado, há também o risco de novas subidas nos preços dos alimentos devido ao impacto do fenómeno El Niño neste ano, a algumas restrições às exportações – como sucede no caso do arroz – e ao fim do acordo para a exportação de cereais da Ucrânia, cujas alternativas ainda não estão completamente definidas.

 

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