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Juncker abandona liderança do Eurogrupo cansado da interferência de Merkozy
Alemanha e França "actuam como se fossem os únicos membros do grupo", acusa o primeiro-ministro luxemburguês que irá abandonar, em Junho, o comando do Eurogrupo.
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“Eles actuam como se fossem os únicos membros do grupo” quando se trata de gerir a crise da dívida, acusou Jean-Claude Juncker, que é, também, o primeiro-ministro do Luxemburgo. A declaração foi feita hoje, numa conferência em Hamburgo, na Alemanha, citada pela agência Bloomberg.
A interferência franco-alemã, eixo liderado por Angela Merkel e Nicolas Sarkozy (ou Merkozy, nome dado no mundo político para revelar a simbiose entre ambos), é agora a causa para a saída do presidente do Eurogrupo. Em Dezembro, Juncker tinha já criticado a Alemanha, ao dizer que “os alemães pensam que são os únicos virtuosos” no debate em torno da crise do euro. E a crítica de então foi dura: “Às vezes acho curioso que a Alemanha se sinta como se estivesse rodeada de pecadores da estabilidade. Nos últimos três anos, houve sempre entre nove e 11 países que tinham dívidas públicas menores que a Alemanha”.
"[Schäuble tem] todo o meu apoio"
Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças alemão que tem sido apontado como um potencial sucessor na liderança do Eurogrupo, agrada a Juncker. “[Darei] todo o meu apoio [a uma candidatura de Schäuble]”, afirmou o ainda líder. O responsável germânico tem “qualificações soberbas” para ocupar o cargo, nas palavras do luxemburguês, hoje, de acordo com a agência Bloomberg.
O nome de Schäuble ganhou força depois de, em Março, o “Financial Times Deutschland” noticiar que Angela Merkel gostaria que fosse o seu ministro a liderar os responsáveis pelas finanças de cada uma das 17 nações do euro.
Mario Monti, primeiro-ministro de Itália, terá sido um dos nomes avançados para a posição, embora a mesma publicação tenha dito, na altura, que a indicação foi recusada pelo próprio. Espanha também gostaria de apontar o nome que vai suceder a Juncker, segundo os órgãos de comunicação internacionais, mas Schäuble terá dito que os países com o "rating" máximo, como Alemanha, estarão melhor posicionados para indicar um nome. Espanha não está nesse grupo restrito.