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Jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov recebem Prémio Nobel da Paz
O comité Nobel atribuiu o galardão à filipina Maria Ressa e ao russo Dmitry Muratov pelos seus esforços na defesa da liberdade de expressão, condição essencial para a manutenção da democracia e da paz. Desde 1935 que este prémio não era atribuído a jornalistas.
O anúncio foi feito esta manhã pelo Comité Nobel Norueguês e a escolha foi considerada uma surpresa, já que nenhum dos dois nomes aparecia nas listas de candidatos, sempre muito restritas, elaboradas por observadores para o prémio anual. Entre os favoritos constavam ativistas das áreas das alterações climáticas, dissidentes políticos e cientistas cujo trabalho ajudou a combater a pandemia da covid-19.
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— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 8, 2021
The Norwegian Nobel Committee has decided to award the 2021 Nobel Peace Prize to Maria Ressa and Dmitry Muratov for their efforts to safeguard freedom of expression, which is a precondition for democracy and lasting peace.#NobelPrize #NobelPeacePrize pic.twitter.com/KHeGG9YOTT
Reconhecidos pela sua "luta corajosa pela liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia", Maria Ressa e Dmitry Muratovcom "são representantes de todos os jornalistas que defendem esse ideal num mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas", escreveu o comité.
Cofundadora e diretora da Rappler, um jornal digital dedicado ao jornalismo de investigação, Maria Ressa tem tornado públicas as situações de abuso de poder, uso da violência e crescente autoritarismo no seu país.
De acordo com o The New York Times, a Rappler, fundada em 2013, é hoje em dia uma das plataformas de comunicação social mais populares e influentes das filipinas, juntando a reportagem aos apelos ao ativismo social. Tem uma média de 40 milhões de visualizações de página e 12 milhões de visitantes únicos por mês, números que, segundo o jornal, mais do que duplicam quando há eleições nas Filipinas.
Os jornalistas da Rappler tem vindo a expor casos de corrupção no governo local, investigando a vida financeira e potenciais conflitos de interesse de figuras políticas importantes da política do país.
Na Rússia, também Dmitry Muratov tem feito da defesa da liberdade de expressão a sua batalha. O jornalista foi um dos fundadores do jornal independente Novaya Gazeta em 1993 e é o editor-chefe do jornal desde 1995.
De acordo com o Comité, a Novaya Gazeta "é hoje o jornal mais independente da Rússia, com uma atitude fundamentalmente crítica em relação ao poder". "O jornalismo baseado em fatos e a integridade profissional do jornal tornaram-no numa importante fonte de informação sobre aspectos questionáveis da sociedade russa raramente mencionados por outros meios de comunicação."
Desde 1935 que o Nobel da Paz não era atribuído a jornalistas. Nesse ano, o laureado foi o escritor e jornalista alemão Carl von Ossietzky, pelo seu "amor pela liberdade de pensamento e expressão", como então referiu o Comité. Crítico de Hitler e do seu regime, foi enviado para um campo de concentração e o prémio - que nunca pôde receber - foi-lhe atribuído quando estava preso.
O prestigiante galardão inclui uma medalha de ouro e 10 milhões de coroas suecas (o equivalente a cerca de 985 mil euros). Resulta de um legado deixado pelo criador do prémio, o inventor sueco Alfred Nobel, que morreu em 1895.
(notícia atualizada com mais informação)