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Joana Marques Vidal favorável a audição no Parlamento de nome indicado para PGR

A Procuradora-geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, admitiu esta terça-feira que a audição pública no Parlamento da pessoa indicada para PGR poderia dar "uma maior transparência" ao processo de nomeação da figura máxima do Ministério Público. 

# Porque Sobe - Joana Marques Vidal sobe posições no 'ranking' dos Mais Poderosos numa altura em que o Ministério Público continua a ter em mãos grandes processos de investigação e a dar prioridade à criminalidade económica. A morosidade das investigações continua a jogar contra ela, mas a sua popularidade aumenta à medida em que se aproxima o termino do seu mandato, em Outubro deste ano. Fique ou não, conquistou a fama de saber enfrentar os poderosos.
João Miguel Rodrigues
09 de Outubro de 2018 às 22:22
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Joana Marques Vidal (na foto), que termina o mandato de seis anos na sexta-feira, sendo substituída no cargo por Lucília Gago, falava sobre "O Futuro da Justiça em Portugal", em conferência realizada pelo Grémio Literário de Lisboa. 

 

Questionada sobre o sistema de nomeação do PGR consagrado na lei portuguesa, Joana Marques Vidal considerou que o actual modelo - que apelidou de dupla legitimação (Governo propõe e Presidente da República nomeia) - resulta do "equilíbrio" dessas duas legitimidades, o que confere alguma "legitimação à acção do Ministério Público (MP)". 

 

"Há outros modelos de nomeação do PGR, mas este parece-me equilibrado", disse Joana Marques Vidal, observando, contudo, que há quem defenda que deveria haver nesse processo de nomeação do PGR "uma intervenção do Parlamento", que poderia ser no próprio processo de nomeação ou na proposta dos nomes a indicar para o cargo.

 

Tendo em conta o actual modelo da dupla legitimação, Joana Marques Vidal admitiu que a intervenção do Parlamento se poderia consubstanciar na "audição pública da pessoa indicada", por forma a saber "o que pensa sobre o cargo" e as atribuições do MP.

 

"Isto poderia dar ao processo de nomeação do PGR uma maior transparência, um conhecimento de qual é a concepção da pessoa indicada" para ocupar o cargo, comentou Joana Marques Vidal.

 

A ainda PGR alertou para os "fenómenos da criminalidade altamente organizada, sofisticada, transnacional e global", que colocam "desafios enormes" a quem tem que enfrentar tais realidades.

 

Na sua perspectiva, um dos maiores desafios que se coloca nesse domínio é conciliar a reacção e o combate a esses fenómenos criminais, incluindo o terrorismo, com o respeito e as garantias dos direitos fundamentais dos cidadãos, numa "contraposição entre a liberdade e a segurança".

 

Joana Marques Vidal reconheceu que o combate à criminalidade mais complexa conduz, por vezes, a "soluções jurídicas" e à utilização de meios tecnológicos que são "extremamente invasivos" e que devem suscitar "algum sobressalto" a todos os cidadãos.

 

A título de exemplo, a PGR notou que, em nome dessa segurança contra os perigos da criminalidade organizada, todos os passageiros são minuciosamente revistados ou até despidos, sendo também instados a responder sobre o que levam na mala de viagem.

 

Falando do futuro da Justiça em Portugal, Joana Marques Vidal anteviu que os tribunais portugueses irão lidar de forma crescente com questões de natureza ético-deontológica, relacionadas com os avanços tecnológicos e com a criação de vida.

 

Em sua opinião, assuntos como as "barrigas de aluguer" e as duplas/triplas paternidades, que são hoje temas muito discutidos, são desafios que os tribunais portugueses vão ter de lidar num futuro próximo.
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