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Governos apreensivos pedem moderação

A forte probabilidade de um novo aumento das taxas de juro tem provocado uma vaga de apreensão junto dos governos europeus que receiam que o cenário de retoma económica acabe por abortar, em resultado de uma travagem no consumo, numa altura em que a alta

08 de Junho de 2006 às 07:39
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A forte probabilidade de um novo aumento das taxas de juro tem provocado uma vaga de apreensão junto dos governos europeus que receiam que o cenário de retoma económica acabe por abortar, em resultado de uma travagem no consumo, numa altura em que a alta do euro volta a «morder» o sector exportador.

Com diferentes doses de frontalidade, esse foi o recado que voltou a ser deixado pelos ministros das Finanças do euro nos dois últimos dias, em declarações à margem do encontro mensal que terminou ontem na cidade do Luxemburgo.

Ao contrário de anteriores ocasiões – em que muitos políticos se comportaram, sem grande sucesso, como elefantes em loja de porcelana –, desta feita os governos optaram por evitar entrar em confronto directo com o BCE.

Ninguém pediu abertamente a manutenção das taxas. Em contrapartida, poucos foram os que não se mostraram preocupados com a alta do euro, que uma subida dos juros tenderá a acentuar. E poucos foram também os que não desvalorizavam os números da inflação, sublinhando que a alta dos preços tem sido importada através do petróleo e que esse é um fenómeno que a política monetária europeia não pode combater.

À beira de «águas perigosas»

«Podemos entrar em águas perigosas, se subirmos acima deste nível», advertiu Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro e ministro das Finanças do Luxemburgo, que assume actualmente a presidência do Eurogrupo, referindo-se ao facto de o euro ter atingido esta semana a cotação mais elevada desde Maio de 2005, muito próxima do patamar de 1,30 dólares.

«Temos de ser muito vigilantes para tentar garantir que o euro não ultrapassa este valor», sublinhou, por seu turno, o ministro francês das Finanças, Thierry Breton, depois de Pedro Solbes, ex-comissário do euro e actual ministro espanhol das Finanças, ter precisado que o euro a 1,30 dólares é uma cotação «que não nos deixa sossegados». O euro já valorizou 8% contra o dólar desde o início do ano.

Ainda que torne relativamente mais leve a factura europeia do petróleo, anulando por via cambial parte do aumento do crude (que é cotado em dólares), a valorização do euro torna simultaneamente mais caros os produtos europeus exportados para o mercado internacional. Foi para esse efeito que Peter Bofinger, membro do painel de conselheiros económicos do Governo alemão, ontem chamou a atenção, quando alertou para o risco de a subida nas taxas acelerar a valorização do euro. A Alemanha, a maior economia europeia responsável por cerca de um terço do PIB total da Zona Euro, exporta mais de metade do que produz para fora da área do euro.

Estancar a inflação?

O BCE tem sinalizado que se prepara para endurecer a política monetária para contrariar a subida dos preços. A inflação média na Zona Euro atingiu 2,5% em Maio, superando pela décima sexta vez consecutiva o valor de 2% em torno do qual o BCE considera cumprida a sua missão de controlar o crescimento dos preços. A Comissão Europeia, que voltou esta semana a defender a necessidade de melhorar os mecanismos de concertação entre as políticas económicas e a monetária, contrapõe, no entanto, com o facto de a inflação subjacente (que exclui os produtos como preços mais voláteis, como a energia) se manter «largamente sob controlo».

Prudência, diz FMI

OFMI partilha a mesma opinião e, ainda que considere «justificada» uma nova subida das taxas de juro, adverte que a recuperação económica em curso não está suficientemente estabelecida para acomodar sem riscos um endurecimento «continuidade e, logo, mais substancial» das condições de crédito. As previsões de crescimento para a Zona Euro rondam os 2%. «Estamos na terceira retoma, mas as duas anteriores desvaneceram-se», lembrou Michael Deppler, o director do FMI para a Europa, que esteve reunido com os ministros europeus das Finanças no Luxemburgo.

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