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Edmundo Martinho: "Nos jogos devemos ter perdido em vendas qualquer coisa como 600 milhões de euros"
A pandemia teve um impacto "brutal" nas contas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, diz o provedor Edmundo Martinho, que prevê que a instituição feche o ano com prejuízos de 30 milhões a 40 milhões de euros.
A pandemia teve um impacto "brutal" nas contas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), de acordo com o provedor Edmundo Martinho, que prevê que a instituição feche o ano com prejuízos de 30 milhões a 40 milhões de euros.
"O impacto foi brutal", descreve em entrevista ao Negócios e à Antena 1, no programa Conversa Capital. "Não apenas tivemos uma redução substancial das receitas, como tivemos simultaneamente um aumento brutal nas despesas porque aumentou muito o nosso nível de atividade", acrescenta.
"Nós nos jogos devemos ter nesta altura perdido", em vendas, "qualquer coisa como uns 600 milhões de euros", refere o provedor. Em causa está uma quebra de 20% a 25% de redução face ao período homólogo em pouco mais de seis meses, mais pronunciada do que a quebra nas receitas do imobiliário.
"Tivemos praticamente dois meses em que as receitas [de venda de jogos] se aproximaram de zero porque todos os pontos de venda estavam fechados, os cafés, as tabacarias, e alguns mantiveram-se abertos mas com um grau de comercialização muito reduzido porque as pessoas não saíam, estavam em casa", justifica.
Embora se sinta já alguma retoma, esta quebra numa das principais fontes de receita da SCML convive com um aumento de "20% a 30%" na despesa.
Nos últimos meses, a instituição passou a fornecer alimentação a cerca de 4 mil pessoas em parte porque as pessoas que frequentavam os centros de dia passaram a estar em causa, e aumentaram também os pedidos de apoio financeiro, nomeadamente por requerentes de asilo, mas não só.
Por outro lado, a SCML colocou "quase 150 pessoas" idosas "que estavam nos hospitais com alta clínica e sem alta social", o que representa " um esforço financeiro tremendo".
A situação financeira da Santa Casa "tem permitido" acomodar este desequilíbrio, mas "não de forma fácil", uma vez que as utilização de reservas está sujeita a autorização.
Neste cenário, o provedor da SCML antecipa para este ano prejuízos na ordem dos 30 a 40 milhões de euros.
Uma das linhas estratégicas que a SCML está a seguir, tendo já a autorização da tutela, é avançar para a internacionalização dos jogos, em Angola, no Brasil e no Perú. O projeto, que vem de trás, ganhou "novo fôlego", mas ainda não é certo que arranque este ano no terreno, e as receitas não serão imediatas.