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Economia portuguesa poderá recuar 3% no final de 2009

O economista José Tavares Moreira prevê um recuo da economia portuguesa de 2 a 3 por cento no final de 2009, adiantando que a evolução das exportações foi o "calcanhar de Aquiles da situação actual".

13 de Fevereiro de 2009 às 20:37
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O economista José Tavares Moreira prevê um recuo da economia portuguesa de 2 a 3 por cento no final de 2009, adiantando que a evolução das exportações foi o "calcanhar de Aquiles da situação actual".

"Não fiquei muito surpreendido", disse à Lusa Tavares Moreira, num comentário sobre os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados hoje, que indicam que a economia portuguesa recuou dois por cento no quarto trimestre de 2008, face aos três meses anteriores, completando dois trimestres de quedas e terminando o ano em recessão técnica.

A estimativa rápida do INE hoje divulgada mostra que no conjunto do ano o Produto Interno Bruto (PIB) português estagnou nos zero por cento, depois de um aumento de 1,9 por cento em 2007.

"Em Julho fiz uma previsão de 0,7 por cento no máximo para o ano de 2008, que corrigi para um máximo de 0,5 por cento em Setembro. Recebi comentários na altura de ser um pessimista. Noto agora que ainda fui optimista quanto ao contributo da procura externa [exportações]. Foi o calcanhar de Aquiles desta situação e penso que ninguém está a perceber isso", afirmou o ex-governador do Banco de Portugal.

O cenário para este ano, acrescentou Tavares Moreira, perspectiva-se ainda pior. "Para 2009 eu já avancei a 28 de Janeiro no blog ´Quarta República` uma previsão de entre -3 e -2 por cento da evolução do PIB, porque estou convencidíssimo que a procura externa líquida - na procura interna não encontro grandes razões para divergir do que está apresentado oficialmente - vai ser bem mais desfavorável do que está admitido no primeiro cenário avançado pelo Banco de Portugal", sublinhou. Questionado sobre se o cenário pode melhorar no final de 2009, como admitido por alguns economistas, Tavares Moreira diz que "a recessão deve ser muito cavada no início do ano" e que o último trimestre é uma incógnita. "Para o final do ano não sou capaz de prever nada", disse.

Por outro lado, Tavares Moreira - que foi secretário de Estado-Adjunto do Ministro das Finanças num governo PSD - considerou que "o plano de combate à crise [seguido pelo governo] é um equívoco enorme".

"O plano é um enorme equívoco porque vai assentar numa despesa interna, ainda por cima que não é reprodutiva, que consome imenso capital e que vai causar imensos problemas aos sectores mais competitivos da economia, que são aqueles que estão expostos à concorrência externa", adiantou.

"Vai contribuir para sustentar as importações e criar problemas graves ao sector exportador. É também com base nisso que penso que o contributo da procura externa líquida [exportações menos importações] vai ser bem mais negativo que o assumido no cenário inicial", explicou.

A solução que Tavares Moreira propõe passa por "desagravar os encargos das empresas, por exemplo os encargos com a Segurança Social".

"[É preciso] aliviar significativamente esses encargos, porque quem sofre com isso são as empresas expostas à concorrência. As que estão num mercado protegido pouca diferença lhes faz: a CP ter 100 ou 200 milhões de prejuízo vive da mesma maneira", criticou.

"Já não vive da mesma maneira as empresas privadas que estão expostas à concorrência. Estou a falar de um desagravamento sério, não brincadeiras de 1 ou 2 por cento. Temporário, claro, mas um desagravamento pesado, por exemplo para os próximos dois anos", disse ainda o economista.

"Agora fazer despesa pública desta maneira, acho que é um erro crasso", sublinhou.

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