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Documentos sobre incêndio de Pedrógão Grande Foram “destruídos”

Relatório da Protecção Civil aponta falhas ao combate inicial e revela que há falta de provas documentais., noticia o Público.

Com a tragédia de Pedrógão Grande, a 17 de Junho,  abrimos os olhos da maneira mais dolorosa para a realidade da desertificação e do isolamento do interior. Morreram 65 pessoas e mais de 200 ficaram feridas. As imagens de terror, pintadas de negro, ainda estão na nossa memória e correram mundo.
Negócios 02 de Maio de 2018 às 08:59
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Um relatório da auditoria feito pela Direcção Nacional de Auditoria e Fiscalização da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) ao incêndio de Pedrógão Grande revela que os auditores se depararam com a inexistência de provas documentais sobre o trabalho de combate ao fogo. Existiram ainda as falhas na organização inicial do combate ao incêndio que já haviam sido reveladas pelo primeiro relatório independente.

Os auditores destacados queixam-se de que ao longo do processo se depararam com "limitações na obtenção de elementos de prova", informação que "pode tornar-se vital" para a avaliação posterior, nomeadamente ao nível da responsabilidade disciplinar e criminal, refere o relatório a que o jornal Público teve acesso.

Em falta estarão os documentos que são produzidos no posto de comando de um incêndio. Desde planos de situação aos planos estratégicos de ataque. "Todos estes documentos haviam sido apagados dos quadros das VCOC e VPCC [viaturas de comunicação], ou destruídos os documentos em papel que os suportaram", revela o documento citado pelo jornal.

Segundo informaram alguns comandantes da ANPC ao jornal diário, esta situação acontece devido à falta de meios para trabalho num posto de comando, uma vez que estes planos são desenhados e redesenhados conforme o evoluir da situação, em cima de um plástico ou acrílico colocado por cima de uma carta militar. Os auditores propõem que haja um investimento "no plano informático" que guarde informação. Alguns comandantes vão guardando fotografias da evolução desse trabalho, situação que não se verificou em Pedrógão Grande.

O relatório sentencia que se verificou uma total desorganização no combate inicial ao incêndio. Durante as primeiras horas de incêndio registou-se uma demora na chegada de veículos de comunicação e na sua localização, porque não havia rede no local inicial o que dificultou a chegada de meios de ajuda ao combate das chamas.

Os auditores notam ainda uma "ausência" do comandante de operações (COS), Augusto Arnaut, que voltaria a protagonizar mais uma "ausência inesperada" mais tarde.

A auditoria foi entregue ao Ministério da Administração Interna, ao Ministério Público e à Inspecção-Geral da Administração Interna.
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