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Davos discute riscos da retoma da economia mundial
Vulnerabilidade do sistema financeiro, desigualdades, riscos geopolíticos e falta de cooperação internacional são algumas das ameaças à solidez da retoma da economia mundial.
A economia mundial está "no ponto", mas existem ainda vários riscos neste período de saída da crise. Foi essa a mensagem deixada por Christine Lagarde em Davos, num painel com dois dos mais poderosos banqueiros centrais do mundo.
"Todas as grandes economias desenvolvidas e em desenvolvimento estão num bom momento e devemos celebrá-lo. Algumas políticas em algumas partes do mundo podem ser discutíveis, mas acabaram por resultar, para já, em crescimento", afirmou Lagarde, durante a sua intervenção no painel sobre as perspectivas económicas, no encontro anual do Fórum Económico Mundial, em Davos, Suíça.
Recorde-se as mais recentes previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam para um crescimento de 3,9% da economia mundial. No entanto, a directora-geral do FMI reconheceu a existência de riscos para esta aceleração, alertando que ela não vai durar para sempre e que são necessárias reformas para garantir a sua continuação.
Entre os riscos citados por Lagarde estão vulnerabilidades financeiras (referiu possíveis efeitos negativos da reforma fiscal nos EUA), as crescentes desigualdades em algumas zonas do globo, falta de cooperação internacional e tensões geopolíticas resultantes disso mesmo.
Lagarde dedicou ainda algum tempo a falar dos baixos níveis de produtividade que se observam por todo o mundo. A líder do FMI defende que se invista mais em investigação e desenvolvimento e que se intensifique o comércio e a cooperação internacional. Enquanto a produtividade não melhorar, será difícil garantir que o crescimento actual é sustentável.
Mark Carney, governador do Banco de Inglaterra, participou no mesmo painel e mostrou-se mais optimista do que Lagarde, notando que a "expansão é mais forte", "mais abrangente" e "mais saudável". Carney referiu que o facto de o crescimento não estar a ser puxado pelo consumo, mas sim pelo investimento e pelas exportações é um bom sinal.
Em relação às dificuldades em fazer reagir a inflação, o banqueiro acredita que se começam a observar sinais de recuperação nos salários nos EUA e no Reino Unido.
No sector financeiro, Carney foi mais cauteloso. Por um lado, admitiu que devemos estar preparados para um ajustamento no preço dos activos, por outro, recusou a ideia de que as políticas dos bancos centrais esteja a provocar uma bolha nos mercados, argumentando que, mesmo que se verifique uma forte quebra, o sistema bancário tem liquidez para lidar com esse choque.
Deste painel fizeram ainda parte Haruhiko Kuroda, governador do Banco do Japão, Carrie Lam, chefe do governo de Hong Kong e Mary Callahan Erdoes, CEO do J.P. Morgan Asset Management.