O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, considera que a economia portuguesa está a viver uma "recuperação moderada mas convincente" e que estamos "sincronizados com o clima económico europeu", sublinhando que tal está a ser conseguido em simultâneo com as exigências de consolidação orçamental".

Consolidação que, sublinhou, "está agora a ser feita de forma real e não apenas baseada em medidas de carácter extraordinário que funcionam apenas durante algum tempo".

Recordando que criticou pela primeira vez, em Outubro de 2000, a política orçamental expansionista que vinha a ser seguida, "cujos efeitos se viram a seguir", diz agora que a "redução do défice corrigido estrutural em 2006 é de 1,6% do PIB e as despesas públicas caíram 0,5, o que é a primeira vez que acontece em Portugal desde há décadas". Assim, disse, "trata-se de uma real consolidação", defendeu.

Ainda sobre a situação portuguesa, referiu que algumas reformas estruturais são muito positivas, a mais importante das quais é a da Segurança Social" e que é possível antecipar que entre 2009 e 2011 se poderá passar a "uma situação de finanças públicas próxima do equilíbrio", garantindo a estabilidade no médio e no longo prazo.

"Para um país que vive em união monetária é fundamental poder usar uma política anticíclica, quando o que se fez foi exactamente o contrário", afirmou aos participantes num almoço da Câmara de Comércio Luso-Britânica, no Porto.

O governador do Banco de Portugal garantiu que não há da parte do BCE "nenhum compromisso antecipado e prévio da trajectória das taxas de juro".

Apesar desta prudência e das perspectivas positivas quanto ao controle da inflação a nível europeu, o governador citou a propósito um recente editorial do jornal "Le Monde" de apoio à política do BCE no pressuposto de que "para garantir a capacidade de concorrência das empresas europeias e defender o poder de compra das pessoas é necessário assegurar um regime de inflação baixo".