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Chega quer Ucrânia forte em eventuais negociações e BE defende que UE "não tentou" caminho para paz

Estas posições foram defendidas no debate entre os cabeças de lista do Chega, BE, PAN e Livre às eleições europeias de 09 de junho, transmitido pela RTP e RTP3.

Pedro Pina / RTP
16 de Maio de 2024 às 00:48
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O cabeça de lista do Chega às eleições europeias defendeu esta quarta-feira a continuação do apoio à Ucrânia para fortalecer este país em eventuais negociações e o BE considerou que a União Europeia "não tentou" o caminho para a paz.

Estas posições foram defendidas no debate entre os cabeças de lista do Chega, BE, PAN e Livre às eleições europeias de 09 de junho, transmitido pela RTP e RTP3, no qual os candidatos foram questionados sobre a continuação do apoio dos Estados-membros da União Europeia (UE) à Ucrânia, após mais de dois anos de invasão da Federação Russa.

"É preciso apoiar a Ucrânia e dar-lhe força para a Ucrânia não ir para a mesa das negociações numa posição de inferioridade", defendeu o embaixador António Tânger Correia, cabeça de lista do Chega, para quem a invasão russa foi "um erro de cálculo fatal" de Putin.

Interrogado sobre se uma vitória de Donald Trump nas eleições de novembro nos Estados Unidos da América pode constituir um perigo para a Europa, Tânger Correia respondeu: "Com toda a franqueza ainda não percebi porque as propostas de Trump são conflituais entre si".

Pelo BE, a cabeça de lista e antiga coordenadora do partido, Catarina Martins, defendeu que a UE "não tentou" um caminho para a paz.

"A União Europeia não assumiu a responsabilidade de ser promotora de uma conferência de paz sob a égide da Organização das Nações Unidas. A UE não tem tido uma estratégia autónoma, fala muito de armas, nunca fala da paz. Claro que a Ucrânia tem direito a defender-se mas é preciso uma estratégia para a paz. As guerras acabam em conferências para a paz", defendeu.

Francisco Paupério, cabeça de lista do Livre, rejeitou a intervenção de militares europeus em território ucraniano -- ideia já defendida várias vezes pelo Presidente francês, Emmanuel Macron -- mas considerou que a Ucrânia deve continuar a ser apoiada, nomeadamente na recuperação das infraestruturas do país.

Pedro Fidalgo Marques, 'número um' do PAN, também preconizou o apoio à Ucrânia quer a nível militar quer através da diplomacia, alertando para o impacto ambiental das guerras: "Se a indústria da guerra fosse um país era o quarto país mais poluidor do mundo".

Sobre o alargamento da UE a países a leste, nomeadamente a Ucrânia, o candidato do Livre, Francisco Paupério, considerou que a adesão de novos Estados-membros deve ser feita "ao mesmo ritmo", com respeito pela democracia e o Estado de direito, sem acelerações devido a "questões geopolíticas".

Pedro Fidalgo Marques, do PAN, considerou que um alargamento nunca pode ser encarado "como um problema" e Catarina Martins, do BE, defendeu a necessidade de alterar tratados europeus, até independentemente de eventuais alargamentos.

Quanto a um maior investimento em Defesa por parte da UE, Tânger Correia, do Chega, considerou que a indústria militar pode ser alvo de uma parceria público-privada, de forma a controlar a venda de armas ou outros produtos, e salientou que "estar equipado é uma forma de dissuasão".

"Diz-se que os japoneses não invadiram os EUA na Segunda Guerra Mundial porque os americanos eram um povo armado. Diz-se, eu não estava lá, mas pelo menos é o que corre nos meios diplomáticos", disse, afirmação que gerou fortes críticas de Catarina Martins.

A bloquista rejeitou um maior investimento nesta área de soberania, argumentando que a UE gasta mais em Defesa do que a Rússia e a China e alertou para a urgência da crise climática.

O candidato do PAN sugeriu a criação de uma contribuição extraordinária sobre lucros da indústria militar para fins humanitários ou de mitigação dos danos ambientais.

Outro dos temas abordados foi o da imigração, com o candidato do Chega a rejeitar o que classificou como "uma política de portas escancaradas sem escrutínio", ideia rejeitada por todos os colegas de painel, com Catarina Martins a atirar que "o maior problema de segurança na UE é a extrema-direita".

Na reta final do debate, Catarina Martins desafiou Francisco Paupério, do Livre, partido que integra a família dos Verdes Europeus, a deixar esta família política europeia -- no qual "estão partidos que estão em governos que quiseram o pacto das migrações, que estão a vender armas Benjamin Netanyahu [primeiro-ministro da Israel]" -- e convidou-o a estar "verdadeiramente na esquerda". Paupério rejeitou.

 
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