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Cáritas tem reserva financeira para assegurar períodos mais frágeis

O presidente da Cáritas Diocesana de Lisboa, José Frias Gomes, admitiu hoje que instituição tem uma reserva financeira, explicando que esta se destina a assegurar financiamentos quando os valores dos donativos não cheguem para as necessidades.

O número de pessoas em risco de pobreza e exclusão social aumentou 72 mil entre 2010 e 2015. Bruxelas duvida que a meta de redução de 200 mil pessoas seja atingida.
Miguel Baltazar
Negócios 09 de Março de 2017 às 14:06
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José Frias Gomes reagia desta forma à notícia divulgada hoje pelo Público, segundo a qual a Cáritas Diocesana de Lisboa tem, pelo menos há 10 anos, mais de dois milhões de euros em depósitos bancários, aos quais acrescem cerca de 320 mil euros investidos em obrigações.

 

Segundo o jornal, instituição tem ainda imóveis contabilizados em quase 1,4 milhões de euros e averbou um lucro líquido de 119 mil euros em 2014 (131.007 em 2013).

 

Em declarações à agência Lusa, José Frias Gomes afirmou que essa reserva existe, mas que é de "um valor inferior", que não especificou, remetendo para o último relatório e contas da instituição, de 2015.  

 

"Temos alguma reserva para dar apoio ao financiamento de uma instituição que não é só de dádivas", presta também "muito serviço" à comunidade, através do centro local de apoio a imigrantes, de uma escola, creche, do atendimento social e da formação.

 

Segundo o Público, a instituição gastou na ajuda aos pobres, em 2014, 147 mil euros, dos quais apenas 11.314 correspondem a ajudas directas, enquanto os donativos particulares recebidos rondaram os 325 mil euros.

 

Para José Frias Gomes, "as coisas não podem ser expostas de uma maneira tão linear".

 

"Quando as pessoas nos dão um cêntimo é evidente que esse cêntimo não pode ser só revertido numa doação. Esse cêntimo ajuda-nos a suportar os serviços que prestamos porque da contratualização que temos com o Estado, quer para a creche, quer para o lar, isso rondará 40% da nossa actividade", adiantou.

 

Há 60% que a instituição tem de angariar através do peditório e da consignação do IRS. Este financiamento "não vem de outro lado, é o que as pessoas nos derem. Se não nos dão nós não temos".

 

"Daí a preocupação de termos alguma margem financeira porque não sabemos o dia de amanhã e temos responsabilidades quer para aquelas pessoas que necessitam dos nossos serviços quer para os 50 trabalhadores", sublinhou.

 

José Frias Gomes salientou ainda que as contas da instituição são "absolutamente escrutinados" e estão expostas no site da instituição, através dos relatórios anuais e mensais.

 

"Estamos certificados pela qualidade de acordo com a norma europeia 9001 de 2008 para as valências principais, nomeadamente creches, lar e atendimento social", acrescentou.

 

Sobre as discrepâncias dos números divulgados pelo jornal, disse que podem estar relacionados "com a leitura das rubricas contabilísticas" que o jornalista "leu ou alguém lhe leu".

 

O jornal noticia ainda que o Ministério Público abriu um inquérito em Janeiro na sequência de denúncias que apontam para a prática do crime de burla qualificada, entre outros.

 

José Frias Gomes disse que tomou conhecimento deste inquérito na quarta-feira, através do jornal, e que já pediu esclarecimentos junto da Procuradoria-Geral da República.

 

"Neste momento, o que posso dizer é que os nossos advogados contactaram as instâncias judiciais a perguntar se existe alguma coisa e se existe se podemos ter acesso ao processo", frisou.

 

Contactada pela Lusa, a Cáritas Portuguesa afirmou, numa resposta escrita, que as 20 Cáritas Diocesanas existentes no país têm "autonomia jurídica, canónica e financeira, estabelecendo as suas prioridades e agindo em função delas".

 

As Caritas Diocesanas dependem dos "respectivos bispos, e inúmeros grupos locais que atuam em proximidade, nas paróquias e comunidades", refere a instituição católica.

 

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