Notícia
Cáritas alerta para agravamento da pobreza se preços não descerem
Arranca esta segunda-feira novo peditório nacional da Cáritas, que teme ficar sem recursos para travar a nova pobreza.
05 de Março de 2023 às 10:05
A presidente da Cáritas Portuguesa alerta para o risco de agravamento da situação das famílias se o preço dos bens alimentares não descer e mostra-se preocupada com a possível falta de recursos para impedir novos casos de pobreza.
Em entrevista à agência Lusa, nas vésperas de arrancar um novo peditório a nível nacional, Rita Valadas faz uma avaliação preocupante da atual situação social do país e revela que o seu maior receio para este ano é que faltem recursos para ajudar todas as pessoas que precisam. "Aquilo que me preocupa é nós não conseguirmos ajudar as pessoas a não cair numa situação de pobreza, que é o nosso interesse em relação a estas novas situações que nos aparecem", afirmou.
A responsável salientando que a luta da Cáritas é não só evitar novos casos de pobreza, mas também que consigam fazer a retoma da sua situação pessoal. "Preocupa-me muito que nós não tenhamos os recursos suficientes para fazer esse papel, preocupa-me a pressão que existe sobre os atendimentos e alguma conflitualidade decorrente da situação de pobreza, que existe", acrescentou.
A propósito da recente descida do valor da inflação, Rita Valadas alertou que se esse abaixamento não tiver efeito nos bens essenciais, "bem pode descer que não resolve nenhum problema".
"Esta descida que houve, que foi reportada nesta semana, não tem consequência, por exemplo, ao nível dos bens alimentares. Bem pode descer, se os bens alimentares crescem, a situação fica pior", constatou.
A presidente da Cáritas alertou também para aquilo que considera ser uma certa desorganização de recursos, dando como exemplo o que aconteceu no início da guerra na Ucrânia, em que houve uma onda de solidariedade feita de "iniciativas pontuais, que não se congrega[ra]m".
"Não se congregando podemos estar a criar desperdício e não apoiar as situações mais vulneráveis", destacou, defendendo que "tem de haver alguma maneira" de evitar repetir o que aconteceu nessa altura.
Nesse sentido, disse que a Cáritas tem vindo a fazer "um esforço" para juntar as várias "redes que existem", de forma a ser possível "fazer a diferença com os poucos recursos que há", salientando que o país está também "em fase de não ser muito fácil as pessoas ajudarem".
Rita Valadas referiu ainda que o trabalho da organização é em prol tanto de portugueses como de estrangeiros, "numa aposta contínua na retoma das situações de risco e na inserção das situações que têm potencial para isso", admitindo que não conseguem resolver todas as situações por causa da falta de meios.
Novo peditório nacional
A responsável explicou que a realidade de 2022 teve vários tipos de situações, entre a pobreza resistente, "que traz sensivelmente o mesmo número de pessoas aos serviços da Cáritas" e que são as pessoas que procuram ajuda para alimentação ou roupa ou uma ajuda financeira pontual, e que rondou os 120 mil atendimentos.
No terreno, a Cáritas Portuguesa tem dois programas de apoio à rede, um que se chama "Inverter a curva da pobreza" e que apoiou 7.500 pessoas, e outro de "Prioridade às Crianças", que ajudou 150 crianças.
A Semana Nacional Cáritas arranca este domingo, mas o peditório só vai para as ruas na segunda-feira, sendo também possível contribuir 'online'. Este ano, a iniciativa ficará marcada pela falta de voluntários em número suficiente para ser possível fazer o peditório na rua em todos os locais, como habitualmente.
Além do peditório, estão previstas outras iniciativas de norte a sul do país, entre arraiais e encontros de jovens, jornadas de ação, uma exposição de fotografia sobre a comunidade migrante, iniciativas em escolas, mas também ações mais técnicas sobre inserção social, empregabilidade, atendimento de emergência ou acompanhamento de vítimas.
Aumento de pedidos de ajuda de estrangeiros preocupa
A Cáritas Portuguesa está ainda preocupada com o aumento dos pedidos de ajuda por parte de estrangeiros, que aparecem em "situações de grande vulnerabilidade", o que tem contribuído para o aumento do número de pessoas em situação de sem-abrigo.
Segundo Rita Valadas, a "pressão sobre os atendimentos (...) foi enorme" durante o ano de 2022, tanto da parte de portugueses como de cidadãos estrangeiros, alertando que talvez não haja noção de que "neste momento há estrangeiros a chegar todos os dias às zonas mais recônditas de Portugal".
"É uma realidade que nos está a preocupar muito, a dos estrangeiros", admitiu a responsável, apontando que em causa estão pessoas sem qualquer rede de apoio, que tanto podem ser imigrantes, refugiadas, estrangeiras com visto de turismo que depois ficam no país ou até mesmo "pessoas que vêm com máfias sabe deus como".
Em entrevista à agência Lusa, nas vésperas de arrancar um novo peditório a nível nacional, Rita Valadas faz uma avaliação preocupante da atual situação social do país e revela que o seu maior receio para este ano é que faltem recursos para ajudar todas as pessoas que precisam. "Aquilo que me preocupa é nós não conseguirmos ajudar as pessoas a não cair numa situação de pobreza, que é o nosso interesse em relação a estas novas situações que nos aparecem", afirmou.
A propósito da recente descida do valor da inflação, Rita Valadas alertou que se esse abaixamento não tiver efeito nos bens essenciais, "bem pode descer que não resolve nenhum problema".
"Esta descida que houve, que foi reportada nesta semana, não tem consequência, por exemplo, ao nível dos bens alimentares. Bem pode descer, se os bens alimentares crescem, a situação fica pior", constatou.
A presidente da Cáritas alertou também para aquilo que considera ser uma certa desorganização de recursos, dando como exemplo o que aconteceu no início da guerra na Ucrânia, em que houve uma onda de solidariedade feita de "iniciativas pontuais, que não se congrega[ra]m".
"Não se congregando podemos estar a criar desperdício e não apoiar as situações mais vulneráveis", destacou, defendendo que "tem de haver alguma maneira" de evitar repetir o que aconteceu nessa altura.
Nesse sentido, disse que a Cáritas tem vindo a fazer "um esforço" para juntar as várias "redes que existem", de forma a ser possível "fazer a diferença com os poucos recursos que há", salientando que o país está também "em fase de não ser muito fácil as pessoas ajudarem".
Rita Valadas referiu ainda que o trabalho da organização é em prol tanto de portugueses como de estrangeiros, "numa aposta contínua na retoma das situações de risco e na inserção das situações que têm potencial para isso", admitindo que não conseguem resolver todas as situações por causa da falta de meios.
Novo peditório nacional
A responsável explicou que a realidade de 2022 teve vários tipos de situações, entre a pobreza resistente, "que traz sensivelmente o mesmo número de pessoas aos serviços da Cáritas" e que são as pessoas que procuram ajuda para alimentação ou roupa ou uma ajuda financeira pontual, e que rondou os 120 mil atendimentos.
No terreno, a Cáritas Portuguesa tem dois programas de apoio à rede, um que se chama "Inverter a curva da pobreza" e que apoiou 7.500 pessoas, e outro de "Prioridade às Crianças", que ajudou 150 crianças.
A Semana Nacional Cáritas arranca este domingo, mas o peditório só vai para as ruas na segunda-feira, sendo também possível contribuir 'online'. Este ano, a iniciativa ficará marcada pela falta de voluntários em número suficiente para ser possível fazer o peditório na rua em todos os locais, como habitualmente.
Além do peditório, estão previstas outras iniciativas de norte a sul do país, entre arraiais e encontros de jovens, jornadas de ação, uma exposição de fotografia sobre a comunidade migrante, iniciativas em escolas, mas também ações mais técnicas sobre inserção social, empregabilidade, atendimento de emergência ou acompanhamento de vítimas.
Aumento de pedidos de ajuda de estrangeiros preocupa
A Cáritas Portuguesa está ainda preocupada com o aumento dos pedidos de ajuda por parte de estrangeiros, que aparecem em "situações de grande vulnerabilidade", o que tem contribuído para o aumento do número de pessoas em situação de sem-abrigo.
Segundo Rita Valadas, a "pressão sobre os atendimentos (...) foi enorme" durante o ano de 2022, tanto da parte de portugueses como de cidadãos estrangeiros, alertando que talvez não haja noção de que "neste momento há estrangeiros a chegar todos os dias às zonas mais recônditas de Portugal".
"É uma realidade que nos está a preocupar muito, a dos estrangeiros", admitiu a responsável, apontando que em causa estão pessoas sem qualquer rede de apoio, que tanto podem ser imigrantes, refugiadas, estrangeiras com visto de turismo que depois ficam no país ou até mesmo "pessoas que vêm com máfias sabe deus como".