Notícia
Calçar Coca-Cola e Mercedes dá muito "Lavoro" em Guimarães
Líder no calçado de segurança resistiu à fase de perda de grandes clientes para a Ásia e exporta 90% da produção para mil clientes de 34 países
Teófilo Ribeiro Leite | Líder da ICC - Lavoro garante investimento anual em investigação equivalente a 2% das vendas.
Formado em Engenharia Mecânica, Teófilo Leite era director industrial de uma das maiores fábricas de calçado nos anos 1980, até que decidiu investir no seu próprio negócio - focalizado numa área específica do sector e em que a concorrência fosse menor. Surgiu então a ICC - Lavoro, que após 26 anos, é líder nacional no calçado de segurança - nicho que vale 2% do total de vendas do sector - e uma das maiores firmas europeias neste segmento. De Guimarães saem todas as semanas mil embalagens de dez pares de sapatos. Nove em cada dez dão o "salto" na fronteira.
Electrónica, transportes, automóvel, construção civil, logística, agricultura, grande consumo, extracção mineira ou as áreas hospitalar e militar são sectores que compram este calçado com características técnicas específicas. Entre os clientes com maior notoriedade e que "são uma espécie de cartão de visita", constam a Coca-Cola, a IBM, a Ryanair, a Swiss Port ("handling") e a Mercedes. Teófilo Leite diz que serem "fornecedores de marcas conhecidas pelo rigor" dá "prestígio junto de organizações muito exigentes no produto, no conceito, no conforto, no serviço, na durabilidade". Como os correios da Dinamarca , outro "cliente bandeira" da empresa nortenha.
Apesar de serem importantes para projectar a marca, o presidente da ICC - Lavoro sublinha que "a dependência de grandes clientes hoje não é nenhuma", dado que a carteira de compradores chega quase às mil entradas. "Em 2005 já percebíamos que havia o risco dos grandes clientes poderem vir a deslocalizar-se para o Extremo Oriente", explica. Na área internacional, a estratégia passou a ser então ter mais clientes, vender mais a cada comprador e diversificar mercados. "Hoje o mercado deixou de ser só a Europa e é global", acrescenta, exemplificando com a entrada em novas geografias, como Nigéria, Qatar, Dubai, Mongólia e Nova Zelândia. Contas feitas, vende já para 34 países e acredita que chegará à meia centena em Março de 2013.
Fabricando quase em exclusivo (95%) para as suas próprias marcas, a ICC - Lavoro facturou 15 milhões de euros no ano passado e perspectiva chegar aos 25 milhões de euros "dentro de três a cinco anos". Porquê? Pela diversificação de mercados e por ter "chegado ao fim o período de perder clientes relevantes, responde Teófilo Leite. E também por ter descido na cadeia de distribuição na Europa para "minimizar riscos, reter em Portugal essas margens e assim acrescentar mais valor". Além de ter "calçado profissional generalista", a empresa aposta em áreas "altamente diferenciadoras", perguntando a cada profissão o que precisa. Os lenhadores, por exemplo, responderam precisar de calçado resistente ao corte de motosserra, e a ICC meteu mãos à obra.
Perguntas a Teófilo Ribeiro Leite, Presidente da ICC - Lavoro
"Tentamos responder cada vez mais às exigências de cada uma das profissões"
Dentro do segmento do calçado de segurança, que nichos é estão atentos?
Além de ter calçado profissional generalista, tentamos apostar em áreas altamente diferenciadoras e que não estão ao alcance de um fabricante generalista. Em termos comerciais tentamos perceber e responder cada vez mais às exigências de cada uma das profissões. Por exemplo, fomos ver do que precisavam os lenhadores. Estamos também a entrar no "outdoor", a desenvolver calçado no segmento da caça e do montanhismo, em que as exigências de conforto e de aderência ao terreno são muito importantes.
Quanto é que investem por ano em inovação e tecnologia?
Seguramente 2% do volume de vendas anual. Temos os nossos próprios laboratórios internos com conhecimento integrado na área da podologia e da biomecânica, em que fazemos investigação aplicada ao calçado. E depois temos uma ligação aos centros de saber, tecnológicos e de saúde. Há um "know how" interno relevante que permite responder a solicitações mais específicas. Estamos atentos, por exemplo, a faixas de mercado como os obesos e os diabéticos. Para estes já temos um calçado de segurança específico para diabéticos que está certificado na Alemanha.
Passaram também a ser os grandes especialistas em calçado de segurança para senhora. Como chegaram lá?
Há poucos fabricantes e temos uma posição muito relevante. O calçado de segurança que existia para senhora era apenas a redução do sapato de homem para um tamanho mais pequeno. As senhoras não gostam de estar calçadas com sapatos de homem. Temos um design de senhora, fugindo ao conceito unissexo, com um tacão mais alto, mas com toda a segurança.
Ideias-chave
A especialista em calçado de segurança defende a liderança com uma estratégia focada na área comercial e tecnológica
1. Segmento diferenciado e menos concorrencial
Desde a fundação da empresa, em 1986, o objectivo foi encontrar uma área de negócio que oferecesse produtos diferenciados daqueles que se fazia no sector do calçado e onde houvesse uma "concorrência menos agressiva". A ICC enveredou então pelo calçado tecnológico, direccionado para a segurança.
2. Reduzir a dependência dos grandes clientes
Nas duas primeiras décadas de actividade, a empresa vimaranense tinha como "preocupação permanente estar no mercado europeu, que tem normas específicas para este tipo de calçado". Em meados da década passada, percebeu que as grandes marcas poderiam "fugir" para a Ásia e diversificou a carteira de clientes.
3. Diversificar mercados da exportação
Neste segmento do calçado de segurança, o mercado deixou de ser só a Europa e passou a ser global, diz o presidente Teófilo Leite. A ICC - Lavoro está já 34 mercados e quer chegar aos 50 mercados até Março.
4. Investimento de 2% das vendas em I&D
Os laboratórios internos têm um conhecimento integrado na área da podologia e da biomecânica e está ligada a diversos centros de saber da região. A empresa garante investir 2% da facturação anual em investigação e desenvolvimento.
Formado em Engenharia Mecânica, Teófilo Leite era director industrial de uma das maiores fábricas de calçado nos anos 1980, até que decidiu investir no seu próprio negócio - focalizado numa área específica do sector e em que a concorrência fosse menor. Surgiu então a ICC - Lavoro, que após 26 anos, é líder nacional no calçado de segurança - nicho que vale 2% do total de vendas do sector - e uma das maiores firmas europeias neste segmento. De Guimarães saem todas as semanas mil embalagens de dez pares de sapatos. Nove em cada dez dão o "salto" na fronteira.
Apesar de serem importantes para projectar a marca, o presidente da ICC - Lavoro sublinha que "a dependência de grandes clientes hoje não é nenhuma", dado que a carteira de compradores chega quase às mil entradas. "Em 2005 já percebíamos que havia o risco dos grandes clientes poderem vir a deslocalizar-se para o Extremo Oriente", explica. Na área internacional, a estratégia passou a ser então ter mais clientes, vender mais a cada comprador e diversificar mercados. "Hoje o mercado deixou de ser só a Europa e é global", acrescenta, exemplificando com a entrada em novas geografias, como Nigéria, Qatar, Dubai, Mongólia e Nova Zelândia. Contas feitas, vende já para 34 países e acredita que chegará à meia centena em Março de 2013.
Fabricando quase em exclusivo (95%) para as suas próprias marcas, a ICC - Lavoro facturou 15 milhões de euros no ano passado e perspectiva chegar aos 25 milhões de euros "dentro de três a cinco anos". Porquê? Pela diversificação de mercados e por ter "chegado ao fim o período de perder clientes relevantes, responde Teófilo Leite. E também por ter descido na cadeia de distribuição na Europa para "minimizar riscos, reter em Portugal essas margens e assim acrescentar mais valor". Além de ter "calçado profissional generalista", a empresa aposta em áreas "altamente diferenciadoras", perguntando a cada profissão o que precisa. Os lenhadores, por exemplo, responderam precisar de calçado resistente ao corte de motosserra, e a ICC meteu mãos à obra.
Perguntas a Teófilo Ribeiro Leite, Presidente da ICC - Lavoro
"Tentamos responder cada vez mais às exigências de cada uma das profissões"
Dentro do segmento do calçado de segurança, que nichos é estão atentos?
Além de ter calçado profissional generalista, tentamos apostar em áreas altamente diferenciadoras e que não estão ao alcance de um fabricante generalista. Em termos comerciais tentamos perceber e responder cada vez mais às exigências de cada uma das profissões. Por exemplo, fomos ver do que precisavam os lenhadores. Estamos também a entrar no "outdoor", a desenvolver calçado no segmento da caça e do montanhismo, em que as exigências de conforto e de aderência ao terreno são muito importantes.
Quanto é que investem por ano em inovação e tecnologia?
Seguramente 2% do volume de vendas anual. Temos os nossos próprios laboratórios internos com conhecimento integrado na área da podologia e da biomecânica, em que fazemos investigação aplicada ao calçado. E depois temos uma ligação aos centros de saber, tecnológicos e de saúde. Há um "know how" interno relevante que permite responder a solicitações mais específicas. Estamos atentos, por exemplo, a faixas de mercado como os obesos e os diabéticos. Para estes já temos um calçado de segurança específico para diabéticos que está certificado na Alemanha.
Passaram também a ser os grandes especialistas em calçado de segurança para senhora. Como chegaram lá?
Há poucos fabricantes e temos uma posição muito relevante. O calçado de segurança que existia para senhora era apenas a redução do sapato de homem para um tamanho mais pequeno. As senhoras não gostam de estar calçadas com sapatos de homem. Temos um design de senhora, fugindo ao conceito unissexo, com um tacão mais alto, mas com toda a segurança.
Ideias-chave
A especialista em calçado de segurança defende a liderança com uma estratégia focada na área comercial e tecnológica
1. Segmento diferenciado e menos concorrencial
Desde a fundação da empresa, em 1986, o objectivo foi encontrar uma área de negócio que oferecesse produtos diferenciados daqueles que se fazia no sector do calçado e onde houvesse uma "concorrência menos agressiva". A ICC enveredou então pelo calçado tecnológico, direccionado para a segurança.
2. Reduzir a dependência dos grandes clientes
Nas duas primeiras décadas de actividade, a empresa vimaranense tinha como "preocupação permanente estar no mercado europeu, que tem normas específicas para este tipo de calçado". Em meados da década passada, percebeu que as grandes marcas poderiam "fugir" para a Ásia e diversificou a carteira de clientes.
3. Diversificar mercados da exportação
Neste segmento do calçado de segurança, o mercado deixou de ser só a Europa e passou a ser global, diz o presidente Teófilo Leite. A ICC - Lavoro está já 34 mercados e quer chegar aos 50 mercados até Março.
4. Investimento de 2% das vendas em I&D
Os laboratórios internos têm um conhecimento integrado na área da podologia e da biomecânica e está ligada a diversos centros de saber da região. A empresa garante investir 2% da facturação anual em investigação e desenvolvimento.