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Bloomberg corta 1,6 biliões de dólares da previsão para o PIB mundial

A Bloomberg Economics cortou 1,6 biliões de dólares da sua previsão para o PIB mundial este ano. A longo prazo, a "reorganização da globalização" aos níveis de 1990 levaria a o mundo a ficar 3,5% mais pobre face ao cenário atual.

Preços dos produtos alimentares primários também estão a ser pressionados. Efeito tenderá a passar para o consumidor final.
Andrew Kelly/Reuters
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A Bloomberg Economics cortou 1,6 biliões de dólares da sua previsão para o PIB mundial este ano. A guerra na Ucrânia, a inflação e a política zero da China de combate contra os novos casos de covid-19 são os principais fatores para esta revisão em baixa.

 

Mas e se esta contração for apenas um primeiro passo para uma era de escassez motivada pelo fim da globalização? A questão é colocada e respondida pelos especialistas da Bloomberg que sublinham que "o mundo está cada vez mais dividido por linhas geopolíticas".

 

Os economistas elaboraram uma simulação de como pode ser o mundo no futuro marcado pela separação entre países democráticos e autocráticos e concluíram que tal levaria a uma economia global mais pobre e menos produtiva, um "déjà vu" da época em que a China ainda não tinha aderido à Organização Mundial do Comércio (OMC). Para além da redução expressiva do comércio, tudo aponta ainda para uma inflação mais volátil e mais alta.

 

"A fragmentação veio para ficar", alerta Robert Koopmanm, citado pela Bloomberg. O economista-chefe da OMC espera que o mundo entre numa nova era com "globalização reorganizada" que terá um custo: "não seremos capazes de recorrer à produção a baixo custo e custo marginal tão intensivamente como até agora temos feito", adverte.

 

Nas últimas três décadas a economia mundial tem beneficiado da capacidade de produzir cada vez mais produtos a preços mais baixos, um fator que fez o globo entrar na "era da fartura" impulsionada pela quebra de barreiras entre países e pelo advento de mão de obra de Leste e chinesa.

 

"No entanto, nos últimos quatro anos houve uma série crescente de obstáculos: As tarifas [entre países] multiplicaram-se durante a guerra comercial entre EUA e China, a pandemia trouxe confinamentos e a guerra as sanções e o controlo das exportações, dificultando o fornecimento de bens", alerta a Bloomberg.

 

Segundo as contas da agência norte-americana, atualmente cerca de 7% do PIB mundial, ou seja cerca de seis mil milhões de dólares são comercializados entre Estados democráticos e autocráticos. Para simular um cenário de grande colapso, a Bloomberg imaginou se fossem aplicadas entre estes dois blocos tarifas de 25% sobre este total, o correspondente às tarifas mais altas aplicadas alguma vez entre EUA e China e uma percentagem comum em situações de atrito extremo e sanções.

 

O resultado seria um tombo do comércio global de cerca de 20%, o que levaria a economia mundial a regressar a 1990, quando a China não estava na OMC. "Seria uma mudança dolorosa", sublinha a Bloomberg Economics.

 

A longo prazo, a "desglobalização" ou "reorganização da globalização" aos níveis de 1990 levaria a o mundo a ficar 3,5% mais pobre face ao cenário atual e 15% mais empobrecido em relação a um cenário idílico de relações comerciais fortes entre Estados autocráticos e democráticos.

 

Para a Bloomberg Economics a economia está assim a mudar, e mesmo que não seja para este cenário extremo que implicaria uma guerra fria económica entre ditaduras e democracias, os economistas alertam que "deve preparar-se para um abrandamento económico, inflação e maior volatilidade".



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