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África do Sul lança primeira fábrica que produzirá vacinas contra a covid-19 no continente

A África do Sul lançou na Cidade do Cabo a primeira fábrica do continente que produzirá doses do princípio ao fim.

Reuters
19 de Janeiro de 2022 às 14:39
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A África do Sul, que tem liderado a luta pela igualdade de acesso às vacinas anti-covid-19, lançou esta quarta-feira na Cidade do Cabo a primeira fábrica do continente que produzirá doses do princípio ao fim.

Até agora só existiam em África acordos para completar as últimas fases de produção de vacinas.

Financiada pelo milionário das biotecnologias Patrick Soon-Shiong, a fábrica chamar-se-á NantSA e terá instalações investigação científica de ponta e capacidade para desenvolver e produzir vacinas e tratamentos de alta tecnologia que terão como prioridade o continente africano, noticiam as agências internacionais.

O objetivo será produzir uma vacina de segunda geração "fabricada em África e para África, e exportá-la para o mundo inteiro", disse o próprio empresário, de origem chinesa e nascido na África do Sul.

As primeiras vacinas serão produzidas ainda este ano e a fábrica deverá conseguir produzir mil milhões de doses por ano até 2025.

A criação de vacinas de segunda geração visa responder à perda de eficácia das primeiras vacinas ao longo do tempo, mas também ao aparecimento de novas variantes do SARS-CoV-2.

"Atualmente, provámos que estamos prestes a tornar-nos autónomos como continente e devemos ficar orgulhosos do que realizámos", disse o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa na cerimónia de lançamento da fábrica, cuja construção deverá custar 3.000 milhões de rands (172 milhões de euros).

Nestas instalações também serão estudadas vacinas revolucionárias contra o cancro (já em ensaios clínicos na empresa de Soon-Shiong), o vírus da imunodeficiência humana (VIH) ou a tuberculose.

Oficialmente o país africano mais afetado pela pandemia de covid-19, a África do Sul regista mais de 3,5 milhões de casos e 93.400 mortos desde o início da pandemia, numa altura em que o continente registou mais de 10 milhões de casos em janeiro.

As infeções dispararam desde que a variante ómicron foi descoberta na África do Sul no final de novembro.

A taxa de vacinação dos cerca de 1,2 mil milhões de africanos continua baixa, devido a dificuldades de fornecimento, mas também a algum ceticismo por parte da população.

Atualmente, segundo a Organização Mundial de Saúde, o continente participa na produção de menos de 1% das vacinas que consome.

No final de 2020, a África do Sul e a Índia propuseram à Organização Mundial de Comércio (OMC) a suspensão dos direitos de propriedade intelectual dos tratamentos e vacinas contra a covid-19.

Vários países e organizações não-governamentais apoiaram a proposta, mas o assunto, que voltou a ser discutido na conferência da OMC em novembro, ainda não foi decidido.

A África do Sul tem já dois locais de montagem e embalagem de vacinas anti-covid-19: o instituto Biovac na cidade do Cabo deverá começar a embalar a vacina Pfizer-BioNTech no início do ano e a Aspen Pharmacare, a maior farmacêutica em África, produz a vacina da Johnson & Johnson na sua fábrica de Gqeberha (sul).

Soon-Shiong, que tem também nacionalidade norte-americana, fez fortuna a desenvolver um medicamento anti-cancro chamado Abraxane e é fundador do conglomerado NantWorks, com sede nos EUA, e acionista da equipa de basquetebol norte-americano Los Angeles Lakers.

A covid-19 provocou 5.543.637 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

Uma nova variante, a ómicron, classificada como preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral e tornou-se dominante em vários países.
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