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Morreu o actor Francisco Nicholson
O actor Francisco Nicholson morreu esta terça-feira, 12 de Abril, de acordo com a Lusa.
Negócios
12 de Abril de 2016 às 11:37
O actor, dramaturgo e argumentista Francisco Nicholson morreu esta terça-feira, 12 de Abril, aos 77 anos, em casa, disse à agência Lusa fonte da família.
Francisco Nicholson começou a fazer teatro aos 14 anos, no antigo Liceu Camões, sob direcção do encenador e poeta António Manuel Couto Viana, a convite do qual veio a pertencer ao Grupo da Mocidade, que integrou com, entre outros, Rui Mendes, Morais e Castro, Catarina Avelar e Mário Pereira.
Estudou em Paris, frequentando a Academia Charles Dullin, do Théatre Nacional Populaire, privando com grandes nomes do teatro francês, como Jean Vilar, Georges Wilson, Gerard Philipe.
Francisco Nicholson escreveu "Vila Faia", a primeira telenovela portuguesa, deu forma a "Riso e ritmo", programa pioneiro de comédia, na televisão, apostou na renovação do teatro de revista, com a companhia Adoque, interpretou, dirigiu actores e encenou.
Somou mais de 50 anos de carreira, assumindo sempre, em entrevistas e declarações públicas, o seu lado contestatário, mas também, por vezes, a origem nobre, do lado paterno, que o ligava ao conde de Farrobo e barão de Quintela.
Gostava de citar o poeta espanhol António Machado - "O caminho faz-se caminhando" -, como atestam diversas entrevistas.
Começou a fazer teatro aos 14 anos, no antigo Liceu Camões, sob direcção do encenador e poeta António Manuel Couto Viana, a convite do qual veio a pertencer ao Grupo da Mocidade Portuguesa.
A família contrariaria o percurso, pelo menos até à maioridade, o que o levou à Marinha Mercante - um período de três anos, que recordou publicamente várias vezes - e à formação de actor, no Conservatório Nacional, em Lisboa, por pouco tempo, e em Paris.
Na capital francesa, frequentou a Academia Charles Dullin, do Théatre Nacional Populaire, privando com grandes nomes, como Jean Vilar, Georges Wilson, Gerard Philipe.
No regresso a Lisboa, seria de novo Couto Viana a marcar a sua estreia profissional, com a Companhia de Teatro Infantil O Gerifalto, da qual fizeram parte, igualmente, jovens actores como Rui Mendes, Morais e Castro, Catarina Avelar, Irene Cruz e Mário Pereira, entre outros.
De acordo com a base de dados de teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi também com Couto Viana que Francisco Nicholson passou para a Companhia Nacional de Teatro, na qual fez "O Príncipe de Homburg", de Heinrich von Kleist, seguindo-se o trabalho nas companhias de Vasco Morgado e de Raul Solnado.
Trabalhou assim nos teatros ABC, Monumental, Villaret, Variedades, em particular na comédia e na revista, como ator e encenador.
Fundou o Adoque - Cooperativa de Trabalhadores de Teatro, com atores como José Viana, Dora Leal, Henrique Viana, António Montez, o cenógrafo Mário Alberto, companhia "de esquerda", em contraponto com a via "conservadora" do Parque Mayer, que marcou o início de carreira de nomes como Helena Isabel, Virgílio Castelo ou Maria Vieira.
"Gente nova em bikini", em 1963, marcou a sua estreia como autor de revista, com César de Oliveira e Rogério Bracinha, seguindo-se espetáculos como "É o fim da macacada", "P'rò menino e p'rà menina" ou "Tudo a nu"/"Tudo a nu com nova parra", que, no Parque Mayer, acompanhou a viragem para a democracia, com o 25 de Abril de 1974.
Em 1964, criou o programa "Riso e ritmo", para a televisão, com Armando Cortês, constituindo uma parceria pioneira na comédia televisiva, numa sucessão de 'sketches', intercalados com números musicais. O sucesso levou-os a um programa especial de passagem de ano, que celebrizou a 'deixa': "Já é uma hora? Que grande banquete!".
Mais tarde seguir-se-iam, entre outros, "O canto alegre" e "A feira", que protagonizou com a mulher, a atriz, bailarina e coreógrafa Magda Cardoso.
Francisco Nicholson somou perto de 50 espectáculos, da sua autoria, quase sempre encenados e dirigidos por si, indo de peças para crianças, como "O cavaleiro sem medo" e "Boingue-boingue", às revistas "Pides na grelha" e "A CIA dos cardeais", que levou à cena no Adóque.
Tem origem no teatro de revista, a canção "Oração", que venceu o festival RTP, em 1964. O género ocupá-lo-ia ao longo da carreira, com espetáculos em que participou, como "Piratada à portuguesa!", "Agarra, que é Honesto!" ou "A escuta que os pariu!", levados à cena nos últimos dez anos.
Nicholson, no entanto, era também atento às dramaturgias emergentes. No Teatro Estúdio de Lisboa, companhia independente dirigida por Luzia Maria Martins, interpretou Fernando Luso Soares, ou britânicos John Osborne ou Arnold Wesker, dos chamados "young angry men", desafiando a censura.
Foi o autor de "Vila Faia", a primavera telenovela portuguesa, a que se seguiram novelas e séries como "Origens", "Cinzas", "Os Lobos", "Ajuste de Contas", "Ganância", "O Olhar da Serpente", entre muitas outras.
Em cinema, assinou os guiões dos filmes "Operação Dinamite" e "Bonança & C.ª", de Pedro Martins.
Escreveu para o suplemento "A Mosca" do Diário de Lisboa, onde se cruzou com Stau-Monteiro, e em A Bola, Diário Popular, A Capital, Jornal de Notícias, Norte Desportivo.
É autor do romance "Os mortos não dão autógrafos", que tem um jornalista como personagem principal.
Recebeu a "medalha de ouro de mérito cultural" da Câmara Municipal de Lisboa, foi distinguido pela autarquia de Oeiras e recebeu o prémio Beatriz Costa do teatro de Revista.
"Deito-me a pensar que vivi mais um dia. Tenho a mulher de quem gosto ao meu lado, uma casa de que gosto, uma família de que gosto, tenho gatos e cães a mais de que não gosto, mas a Magda gosta... Tenho centenas de livros que comprei e nunca vou ler. É assim", disse numa entrevista à revista Tabu, do semanário Sol, em 2010.
Nasceu em Lisboa, a 26 de Junho de 1938, morreu hoje, aos 77 anos, no hospital Curry Cabral.
Francisco Nicholson começou a fazer teatro aos 14 anos, no antigo Liceu Camões, sob direcção do encenador e poeta António Manuel Couto Viana, a convite do qual veio a pertencer ao Grupo da Mocidade, que integrou com, entre outros, Rui Mendes, Morais e Castro, Catarina Avelar e Mário Pereira.
Francisco Nicholson escreveu "Vila Faia", a primeira telenovela portuguesa, deu forma a "Riso e ritmo", programa pioneiro de comédia, na televisão, apostou na renovação do teatro de revista, com a companhia Adoque, interpretou, dirigiu actores e encenou.
Somou mais de 50 anos de carreira, assumindo sempre, em entrevistas e declarações públicas, o seu lado contestatário, mas também, por vezes, a origem nobre, do lado paterno, que o ligava ao conde de Farrobo e barão de Quintela.
Gostava de citar o poeta espanhol António Machado - "O caminho faz-se caminhando" -, como atestam diversas entrevistas.
Começou a fazer teatro aos 14 anos, no antigo Liceu Camões, sob direcção do encenador e poeta António Manuel Couto Viana, a convite do qual veio a pertencer ao Grupo da Mocidade Portuguesa.
A família contrariaria o percurso, pelo menos até à maioridade, o que o levou à Marinha Mercante - um período de três anos, que recordou publicamente várias vezes - e à formação de actor, no Conservatório Nacional, em Lisboa, por pouco tempo, e em Paris.
Na capital francesa, frequentou a Academia Charles Dullin, do Théatre Nacional Populaire, privando com grandes nomes, como Jean Vilar, Georges Wilson, Gerard Philipe.
No regresso a Lisboa, seria de novo Couto Viana a marcar a sua estreia profissional, com a Companhia de Teatro Infantil O Gerifalto, da qual fizeram parte, igualmente, jovens actores como Rui Mendes, Morais e Castro, Catarina Avelar, Irene Cruz e Mário Pereira, entre outros.
De acordo com a base de dados de teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi também com Couto Viana que Francisco Nicholson passou para a Companhia Nacional de Teatro, na qual fez "O Príncipe de Homburg", de Heinrich von Kleist, seguindo-se o trabalho nas companhias de Vasco Morgado e de Raul Solnado.
Trabalhou assim nos teatros ABC, Monumental, Villaret, Variedades, em particular na comédia e na revista, como ator e encenador.
Fundou o Adoque - Cooperativa de Trabalhadores de Teatro, com atores como José Viana, Dora Leal, Henrique Viana, António Montez, o cenógrafo Mário Alberto, companhia "de esquerda", em contraponto com a via "conservadora" do Parque Mayer, que marcou o início de carreira de nomes como Helena Isabel, Virgílio Castelo ou Maria Vieira.
"Gente nova em bikini", em 1963, marcou a sua estreia como autor de revista, com César de Oliveira e Rogério Bracinha, seguindo-se espetáculos como "É o fim da macacada", "P'rò menino e p'rà menina" ou "Tudo a nu"/"Tudo a nu com nova parra", que, no Parque Mayer, acompanhou a viragem para a democracia, com o 25 de Abril de 1974.
Em 1964, criou o programa "Riso e ritmo", para a televisão, com Armando Cortês, constituindo uma parceria pioneira na comédia televisiva, numa sucessão de 'sketches', intercalados com números musicais. O sucesso levou-os a um programa especial de passagem de ano, que celebrizou a 'deixa': "Já é uma hora? Que grande banquete!".
Mais tarde seguir-se-iam, entre outros, "O canto alegre" e "A feira", que protagonizou com a mulher, a atriz, bailarina e coreógrafa Magda Cardoso.
Francisco Nicholson somou perto de 50 espectáculos, da sua autoria, quase sempre encenados e dirigidos por si, indo de peças para crianças, como "O cavaleiro sem medo" e "Boingue-boingue", às revistas "Pides na grelha" e "A CIA dos cardeais", que levou à cena no Adóque.
Tem origem no teatro de revista, a canção "Oração", que venceu o festival RTP, em 1964. O género ocupá-lo-ia ao longo da carreira, com espetáculos em que participou, como "Piratada à portuguesa!", "Agarra, que é Honesto!" ou "A escuta que os pariu!", levados à cena nos últimos dez anos.
Nicholson, no entanto, era também atento às dramaturgias emergentes. No Teatro Estúdio de Lisboa, companhia independente dirigida por Luzia Maria Martins, interpretou Fernando Luso Soares, ou britânicos John Osborne ou Arnold Wesker, dos chamados "young angry men", desafiando a censura.
Foi o autor de "Vila Faia", a primavera telenovela portuguesa, a que se seguiram novelas e séries como "Origens", "Cinzas", "Os Lobos", "Ajuste de Contas", "Ganância", "O Olhar da Serpente", entre muitas outras.
Em cinema, assinou os guiões dos filmes "Operação Dinamite" e "Bonança & C.ª", de Pedro Martins.
Escreveu para o suplemento "A Mosca" do Diário de Lisboa, onde se cruzou com Stau-Monteiro, e em A Bola, Diário Popular, A Capital, Jornal de Notícias, Norte Desportivo.
É autor do romance "Os mortos não dão autógrafos", que tem um jornalista como personagem principal.
Recebeu a "medalha de ouro de mérito cultural" da Câmara Municipal de Lisboa, foi distinguido pela autarquia de Oeiras e recebeu o prémio Beatriz Costa do teatro de Revista.
"Deito-me a pensar que vivi mais um dia. Tenho a mulher de quem gosto ao meu lado, uma casa de que gosto, uma família de que gosto, tenho gatos e cães a mais de que não gosto, mas a Magda gosta... Tenho centenas de livros que comprei e nunca vou ler. É assim", disse numa entrevista à revista Tabu, do semanário Sol, em 2010.
Nasceu em Lisboa, a 26 de Junho de 1938, morreu hoje, aos 77 anos, no hospital Curry Cabral.