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UE conta com congeladores e líderes religiosos para a vacinação

O caminho para proteger os 450 milhões de habitantes da União Europeia contra o coronavírus começará numa cidade na Bélgica mais conhecida por fabricar cerveja.

Tang Ming Tung
25 de Dezembro de 2020 às 12:00
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Camiões refrigerados com centenas de milhares de doses de vacinas devem sair da fábrica da Pfizer em Puurs - 24 quilómetros a sul de Antuérpia - nos próximos dias, marcando o início de uma campanha sem precedentes para entregar a vacina a 27 países ao mesmo tempo.

De Malta à Finlândia, a UE está prestes a embarcar numa campanha de imunização com o objetivo de conter o vírus que devastou o continente este ano. Com atraso em relação ao Reino Unido e Estados Unidos, o bloco tem sentido a pressão, especialmente porque a primeira vacina teve origem na Alemanha. A vacina desenvolvida pela BioNTech e Pfizer recebeu aprovação do regulador europeu na segunda-feira, abrindo caminho para as primeiras vacinações em poucos dias.

"É um empreendimento altamente complexo: muitas doses de vacinas a serem distribuídas numa área tão grande", disse Klaus Stohr, que trabalhou na Organização Mundial da Saúde e ajudou a mobilizar governos e fabricantes de medicamentos para se prepararem para pandemias. "Vai levar tempo."

A chegada das vacinas marca um ponto de viragem na batalha para controlar o contágio e reativar economias abaladas. Destacando a urgência, as autoridades de saúde do Reino Unido alertaram sobre uma variante do coronavírus que se espalha rapidamente por Londres e sudeste de Inglaterra. Autoridades da Agência Europeia de Medicamentos disseram que não há evidências de que a vacina não funcionará contra a mutação.

A 2 de dezembro, o Reino Unido tornou-se o primeiro país a aprovar a vacina, seguido por reguladores dos EUA mais de uma semana depois. Agora, o foco muda para a Europa. A UE encomendou 200 milhões de doses da vacina da Pfizer e da BioNTech em nome dos Estados membros, com a opção de obter mais 100 milhões, e o objetivo é fornecer acesso a todos os países ao mesmo tempo com base no tamanho da população. Os fornecimentos serão limitados nos primeiros dias, embora outra vacina possa ajudar em breve a aumentar a disponibilidade.

Ceticismo e suspeita

A Agência Europeia do Medicamento deve tomar uma decisão sobre a vacina da Moderna, que utiliza tecnologia semelhante à da Pfizer, a 6 de janeiro. Os EUA aprovaram-na no final da semana passada.

Porém, nem todos no continente estão ansiosos para tomar a vacina. A hesitação é alta em países como França e Polónia. Vários membros do parlamento francês ofereceram-se para serem vacinados antes com o objetivo de mostrar a confiança no produto. A Áustria estuda uma estratégia mais ousada: oferecer aos imunizados um voucher ou pagamento em dinheiro de cerca de 50 euros, além da liberdade para circularem livremente.

Na Roménia, alguns padres da Igreja Ortodoxa começaram a encorajar as pessoas a imunizarem-se devido a sondagens que mostram que cerca de 40% dos cidadãos se opõem à vacinação.

Supercongeladores

A vacina da Pfizer-BioNTech deve ser transportada em temperaturas mais frias do que as do inverno na Antártida. Após a entrega, deve ser armazenada em congeladores especiais. Pode durar cinco dias no frigorífico ou até 15 dias em pacotes térmicos especiais com gelo seco.

Os fabricantes entregarão as doses num local central em cada um dos 27 Estados-membros e, em seguida, cada país supervisionará o seu próprio armazenamento, distribuição e imunização. A maioria dos países da UE planeia iniciar a vacinação no mesmo dia numa demonstração de unidade.

A distribuição acontecerá gradualmente. A UE pode ter vacinas suficientes para dois terços da população em meados de setembro, três meses depois dos EUA, de acordo com a Airfinity, de Londres.

Alguns surtos de Covid-19 podem persistir até ao outono de 2021 e depois desse período, de acordo com Stohr, ex-funcionário da OMS. "Não devemos acreditar que há perspetiva de voltar ao normal antes de 2022", afirmou.

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