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PSD fala em “dezenas de milhar de idosos” sem acesso à vacina em lares ilegais
Os deputados do PSD insistem no mapeamento completo dos lares e de outras instituições em situação irregular ou ilegal, criticando o silêncio do Governo sobre a exclusão destes idosos do plano de vacinação para a covid-19.
Os residentes em lares e os internados em Unidades de Cuidados Continuados (UCC), assim como os respetivos profissionais, num total estimado de 250 mil pessoas nestas circunstâncias, integram o primeiro grupo de portugueses a serem vacinados para a covid-19, já a partir de janeiro de 2021.
No entanto, o plano apresentado pelo Governo na semana passada "nada diz sobre como se processará a vacinação nos lares em situação irregular ou ilegal", denuncia o grupo parlamentar do PSD, que volta a questionar o Executivo socialista sobre o risco destes idosos ficarem excluídos deste processo.
Recordando as anteriores perguntas sobre o tema que ficaram sem resposta, os deputados social-democratas entregaram no Parlamento uma nova interpelação às ministras da Saúde, Marta Temido, e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.
Nesse documento, divulgado esta segunda-feira, 7 de dezembro, o partido liderado por Rui Rio insiste na "necessidade de ser efetuado um mapeamento completo dos lares e instituições similares, principalmente no caso dos lares que se encontrem em situação ilegal ou irregular", não compreendendo a falta desta informação quando já passaram mais de nove meses desde o início da pandemia.
"É absolutamente prioritário que se conheça o paradeiro certo de dezenas de milhar de idosos que se encontram institucionalizados nos lares ilegais, pois só desse modo se garantirá a respetiva vacinação e se observará a sua exigível precedência no processo de vacinação contra a covid-19", acrescenta o diploma do grupo parlamentar do PSD, calculando que existam atualmente "cerca de 35 mil idosos a viver em 3.500 lares ilegais, em paradeiro desconhecido".
Além dos residentes e funcionários dos lares e UCC, a vacinar pelas equipas internas de enfermagem, no grupo inicial definido pela "task force" liderada por Francisco Ramos estão as pessoas com mais de 50 anos com, pelo menos, uma das patologias de risco (insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal e doença respiratória crónica com suporte ventilatório), que vão ser chamadas aos centros de saúde; e ainda os profissionais de saúde e as forças armadas e de segurança.
Idosos sem patologias só entram na segunda fase
A vacina vai começar a ser tomada no início de janeiro por este primeiro grupo prioritário, que abrange 950 mil portugueses e para o qual serão necessárias dois milhões de doses. Isto é, no cenário mais provável traçado pela comissão técnica – pode ser encurtado ou alongado um mês, consoante a disponibilização das doses –, devem ser vacinadas 10.555 pessoas por dia até março. Mas o esforço logístico é duplicado, já que no mesmo período serão administradas duas doses.
Já as pessoas com mais de 65 anos e sem patologias definidas para covid só vão entrar na segunda fase, que deve arrancar no segundo trimestre. Em causa estão 1,8 milhões de idosos, que acompanham neste grupo as 900 mil pessoas entre 50 e 64 anos com outras patologias, como diabetes, neoplasia maligna ativa, doença renal crónica, insuficiência hepática, obesidade e hipertensão arterial.
Apesar da aprovação iminente das primeiras vacinas, que têm características diferentes e já estão a ser avaliadas pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) –, só no próximo inverno deverá ser retomada alguma normalidade pré-covid. Para já, a duração da imunidade e a eficácia nos vários grupos são as maiores incertezas, segundo os especialistas ouvidos pelo Negócios, que aconselham a salvar o Natal… de 2021.
Contratos asseguram 30 milhões de vacinas
O Estado português arrisca pagar bem mais de 200 milhões de euros pelas vacinas para a covid-19, a confirmar-se a aprovação por parte da EMA das seis vacinas diferentes já negociadas pela Comissão Europeia. E ao custo relativo à aquisição das vacinas será preciso somar as despesas relativas ao transporte, armazenamento e distribuição da vacina, que será administrada de forma gratuita ao longo de 2021.
Segundo cálculos do Negócios, com base nos contratos celebrados pelo bloco comunitário e que garantem a Portugal 2,3% do volume total – Costa já garantiu que fez "a encomenda máxima de cada lote a que temos direito" –, o país pode receber quase 30 milhões de doses. Ponderados os preços unitários, que variam entre os 2,5 euros da AstraZeneca/Oxford e os 21 euros da Moderna –, a despesa ficaria próxima dos 300 milhões de euros, acima dos 200 milhões admitidos pela ministra da Saúde.