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No pior mês de pandemia, quase 30% das mortes deveram-se à covid-19

Em 2021, a mortalidade aumentou em Portugal, mas a culpa não foi só da pandemia, mostra o relatório "Portugal, Balanço Social 2021", apresentado esta terça-feira.

Bloomberg
18 de Janeiro de 2022 às 11:30
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No pior mês da pandemia em termos de saúde pública, fevereiro de 2021, quase 30% das mortes ficaram a dever-se à covid-19. A conclusão consta do relatório "Portugal, Balanço Social 2021", que faz o retrato social de um país ainda fortemente afetado pela pobreza e que retira conclusões do impacto da pandemia.

"Portugal registou um aumento da mortalidade em termos homólogos, tanto por covid-19 como por outras causas", lê-se no sumário do estudo apresentado esta manhã por Susana Peralta, Bruno P. Carvalho e Mariana Esteves.

"O total de óbitos de pessoas com covid-19 atingiu o máximo em fevereiro de 2021, quando representou quase 30% de óbitos totais", indica o documento, frisando que na sequência do Natal de 2020, o pico de internamentos seria atingido em janeiro do ano seguinte, quando 130 mil pessoas estavam admitidas em enfermaria.

Os dados que permitem avaliar de forma exaustiva o impacto da pandemia em 2021 ainda não estão totalmente disponíveis, mas os investigadores fizeram um primeiro esboço do que aconteceu ao país na sequência do novo coronavírus, estendendo a análise até setembro do ano passado.

Desde logo, dão conta de uma forte pressão no Serviço Nacional de Saúde que levou ao cancelamento de consultas e cirurgias em 2020. No ano passado, parte deste atraso foi compensado, mas não na totalidade. O número de consultas recuperou e até ultrapassou igual período de 2019, mas o número de cirurgias continuou aquém.

A saúde mental "sofreu consideravelmente", descrevem os investigadores, notando que as pessoas mais afetadas foram as "mais pobres, as menos escolarizados e as desempregadas".

Nas aprendizagens dos alunos, na sequência das interrupções letivas ditadas pelas necessidades de confinamento, encontrou-se uma perda de competências face a 2019 e também aqui mais pronunciada nos estudantes mais carenciados. "A recuperação de aprendizagens prevê-se longa", avisam os peritos.

No que diz respeito ao mercado de trabalho, no ano passado as empresas continuaram a recorrer ao layoff simplificado, tendo sido entregues pedidos de mais de 57 mil empresas só entre janeiro e abril. Estes pedidos abrangeram 299 mil trabalhadores, mas em média, assinala o documento, "os pedidos são 50% mais frequentes para mulheres".

Ainda assim, o desemprego afetou mais as mulheres: "As mulheres, os jovens adultos (entre 25 e 34 anos) e os indivíduos com menor escolaridade foram os que mais se inscreveram nos centros de emprego em 2020 e 2021", diz o relatório.
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