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Ministro francês diz que crise atual só tem paralelo com a de 1929

O ministro da economia francês afirmou que a atual crise provocada pela pandemia da covid-19 só é comparável com a "Grande Depressão" de 1929.

Reuters
24 de Março de 2020 às 13:17
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O ministro da economia francês considerou esta terça-feira que a atual crise provocada pela pandemia da covid-19 só encontra paralelo com a "Grande Depressão" de 1929.

Bruno Le Maire admitiu que a previsão avançada na semana passada de uma contração de 1% no PIB gaulês este ano será ultrapassada por larga margem e advertiu que o regresso à normalidade acontecerá de forma gradual e não haverá uma retoma rápida.

 

A imprensa francesa comparou as palavras de Le Maire com o célebre discurso de Churchill sobre "sangue, suor e lágrimas".


Numa conferência difundida através do Twitter, o ministro referiu que setores como o turismo, hotelaria, restauração e organização de eventos apresentam quebras de atividade "entre 90% e 100%". O setor automóvel sofre uma queda na faturação na ordem dos "80% a 85%" e "a indústria está a laborar a 25% da sua capacidade".

 

Le Maire detalhou ainda que em setores como o mobiliário, cosmética, mecânica, plásticos e têxteis a atividade reduziu-se em 80%. Também na construção o panorama é negro, com 80% das obras paradas.

 

Apenas a indústria alimentar e os grandes retalhistas estão a funcionar a níveis elevados, rematou.

 

Assim, defendeu, "os números do crescimento para 2020 serão muito inferiores ao avançado na semana passada (-1%)". "A cada semana, cada mês adicional de confinamento, esta previsão agrava-se", reforçou.

 

A sustentar esta visão estão os dados divulgados hoje pela Markit Economics, que mostram que o índice PMI em França para março recuou mais de 20 pontos para os 30,2 pontos, o nível mais baixo desde que o índice começou a ser calculado, há 22 anos.

 

"Esta crise, que afeta a economia mundial e a economia real, apenas é comparável com a crise de 1929", sublinhou Le Maire.

 

E o governante não acredita numa recuperação rápida. "Os franceses e os europeus não vão começar a comprar centenas de milhares de carros de um dia para o outro", argumentou.

 

"Não consigo imaginar que, subitamente, após um choque com esta violência, a atividade económica retorne ao normal. Teremos de apoiar a retoma", insistiu.


Le Maire apelou ainda a uma resposta massiva por parte da Europa, com "a ativação de mecanismos europeus". Paris pretende "poder usar as linhas de crédito do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE)" e é "favorável" às eurobonds.

 

O ministro indicou também que a possibilidade de nacionalizações para evitar falências está em cima da mesa no Eliseu.

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