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Médicos pedem confinamento igual ao de março porque já "não conseguem salvar todas as vidas"
A Ordem dos Médicos lançou um grito de alerta pelos doentes numa altura em que os médicos "têm de tomar decisões complexas e muito difíceis em contexto de medicina de catástrofe e de estabelecimento de critérios de prioridade e não conseguem salvar todas as vidas".
A Ordem dos Médicos alertou esta segunda-feira que as medidas de restrição em Portugal têm de ser agravadas pois a linha vermelha da pandemia no país já foi ultrapassada e a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde é "brutal".
Tendo em conta a situação de emergência, o Bastonário da Ordem dos Médicos e o seu Gabinete de Crise emitiram um comunicado com um conjunto de 10 propostas (ver lista completa em baixo) para responder à crise e à "ausência de medidas robustas por parte de quem tem a responsabilidade política de tomar decisões".
Entre elas destaca-se a implementação "sem reservas e com a maior brevidade de um confinamento geral, no mínimo semelhante ao que ocorreu em março/abril de 2020, aquando da primeira onda da pandemia, com uma situação muito menos severa".
A Ordem dos Médicos entende que "já perdemos demasiado tempo" e "é inaceitável continuar nas meias medidas e meias verdades" e "dizer que está tudo bem, quando não está".
"Dizer que estamos a atingir a linha vermelha quando já a ultrapassámos há muito", acusa a Ordem dos Médicos, assinalando que "os profissionais de saúde neste momento têm de tomar decisões complexas e muito difíceis em contexto de medicina de catástrofe e de estabelecimento de critérios de prioridade e não conseguem salvar todas as vidas".
Numa altura de "pressão brutal sobre o SNS (…) precisamos com urgência de proteger os doentes, os profissionais de saúde, toda a população portuguesa".
"Ninguém pode continuar, por más decisões políticas, a tolerar a morte silenciosa de quem não consegue gritar", acrescenta.
- Comunicar aos portugueses de forma transparente, coerente e objetiva, não omitindo a verdade, não tentando esconder a gravidade da situação, nem tentando encontrar bodes expiatórios para justificar a incapacidade de liderar o combate à pandemia.
- Adotar sem reservas e com a maior brevidade um confinamento geral, no mínimo semelhante ao que ocorreu em março/abril de 2020, aquando da primeira onda da pandemia, com uma situação muito menos severa.
- Reforçar a capacidade de resposta das equipas de saúde pública, com os meios necessários e profissionais de saúde competentes para desempenhar as tarefas de realizar inquéritos epidemiológicos válidos e em tempo útil, que permitam identificar rapidamente os contactos de alto risco e quebrar cadeias de transmissão da doença Covid-19.
- Aumentar de forma exponencial a capacidade de testagem de pessoas infetadas e seus contactos, através da utilização massiva de testes rápidos, para tentar recuperar o tempo já perdido na quebra de cadeias de transmissão e reforçar a capacidade de resposta da saúde pública.
- Utilizar, de forma planeada e organizada, todos os recursos do sistema de saúde, para dar uma resposta integrada e consistente aos cidadãos e doentes Covid-19 e não Covid-19. A gestão crítica nacional e regional de camas de internamento e de cuidados intensivos deve envolver equipas altamente diferenciadas e englobar todo o sistema de saúde (setor público, privado e social).
- Libertar os médicos de família do Trace-Covid (e contratar médicos para esta tarefa específica), para que a principal porta de acesso ao SNS possa estar aberta e não parcialmente encerrada.
- Proteger verdadeiramente as pessoas mais frágeis, nomeadamente os nossos idosos que estão nos lares, contratando equipas específicas com formação adequada, para que possam ter acesso privilegiado a cuidados de saúde em segurança.
- Rever com urgência os protocolos e funcionamento da linha SNS 24, para garantir informação consistente, adequada e eficaz aos cidadãos.
- Ouvir de forma regular as instituições legalmente competentes, que conhecem o terreno onde o combate à pandemia acontece.
- Revisão imediata do Plano Nacional de Vacinação Covid-19 e pedido de parecer urgente ao Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) sobre critérios de prioridade para vacinação Covid-19.