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Europa perde esperança em recuperação económica em V
O alívio que veio com a aceleração da atividade económica na Europa devido ao fim do isolamento social está a dar lugar a outra onda de desânimo, com sinais de que uma recuperação plena continua longínqua.
As esperanças numa recuperação em V foram frustradas por indicadores e dados de alta frequência que mostram uma travagem significativa da atividade ou mesmo estagnação abaixo dos níveis pré-crise.
A principal preocupação é que alguns países sejam forçados a impor novamente as medidas de isolamento que paralisaram as suas economias. As taxas de contágio pelo coronavírus estão a aumentar em todo o continente à medida que as pessoas aproveitam a época de férias para viajar e encontrar amigos e familiares.
"A produção aumentou à medida que os bloqueios foram suspensos, mas a recuperação da Europa parece ter parado entre 5% e 10% abaixo do normal. As regras de distanciamento social, a cautela dos consumidores e a procura externa baixaram o teto para a economia. E, infelizmente, mesmo esse ritmo contido de atividade pode ser incompatível com a manutenção do vírus sob controlo", diz Jamie Rush, economista-chefe de Europa da Bloomberg Economics.
Embora estejam a circular mais, as pessoas não estão a comprar nem a comer fora como antes da crise. E o abalo para a indústria do turismo deve piorar se os países voltarem a impor restrições, como quarentenas.
Para muita gente, o pior da crise económica ainda está por vir. Os mercados de trabalho têm sido amplamente protegidos por programas de lay-off e empréstimos governamentais. Quando esse apoio for retirado gradualmente, a expectativa é de um aumento significativo do desemprego, causando outro choque na procura.
Há sinais de alerta. Na área do euro, 4,9 milhões de empregos foram eliminados no primeiro semestre, quase metade do número de postos de trabalho criados desde a última recessão. A perspetiva de mais despedimentos prejudica a confiança, levando consumidores a poupar em vez de gastar.
As economias do bloco monetário provavelmente apresentarão taxas impressionantes de crescimento no terceiro trimestre, mas não o suficiente para compensar o tombo passado.
Mesmo na Alemanha, onde o número de mortes causadas pelo vírus foi menor e a crise económica mais superficial, não se espera que a produção volte aos níveis anteriores à crise no próximo ano.
"A economia provavelmente terá uma recuperação consideravelmente mais lenta do que o ritmo em que encolheu", afirmou o relatório mensal do Bundesbank, publicado na segunda-feira, argumentando que a incerteza em torno de novas infeções está a prejudicar as exportações e os investimentos das empresas. "Isso deve atrapalhar uma recuperação mais ampla na procura por bens industriais alemães."
Até que esteja disponível uma "solução médica eficaz", "a atividade económica permanecerá limitada também em algumas partes do setor dos serviços", declarou o banco central alemão. Isso significa que, em vez de uma recuperação em V, a perspetiva económica da Europa lembra as asas de um pássaro, expressão que o Banco da França usou nas suas previsões. A perspetiva aplica-se a todos os setores, embora alguns estejam a sair-se pior do que outros.