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EUA falham imunidade de grupo a 4 de julho. Os 70% de vacinados só serão alcançados no fim de agosto

O dia 4 de julho foi descrito por Biden como "o dia da independência da covid", apesar de não ter correspondido à imunização de 70% da população. Os cálculos do Negócios explicam que com o atual ritmo de vacinação nos EUA, e aplicando apenas primeiras doses, só a 24 de outubro é que o país seria capaz de alcançar a meta revista para a imunidade de grupo.

Lusa_EPA/reuters
05 de Julho de 2021 às 19:08
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O dia 4 de julho foi avançado nos Estados Unidos como a meta para alcançar a inoculação de 70% da população com uma dose de vacina. Ontem, isso não tinha acontecido mas, ainda assim, Joe Biden proclamou o 4 de julho de 2021 como "o Dia da Independência e da independência da covid-19", apesar de reconhecer que "ainda há muito que fazer". Os cálculos do Negócios apontam para que 70% da população americana esteja vacinada com uma dose, no melhor cenário possível, a 22 de agosto.

O ponto de vista do Presidente dos Estados Unidos exposto ontem durante uma celebração no relvado da Casa Branca era claro: a pandemia está controlada e a vacinação decorre a um ritmo aceitável, pelo que, com 70% da população vacinada, o país preparava-se para reabrir em grande num dos feriados mais antecipados do calendário. Mas estará Joe Biden a declarar vitória cedo de mais?

Vamos aos cálculos. Segundo os dados oficiais do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), 67,1% da população com mais 18 anos (cerca de 173,1 milhões) recebeu pelo menos uma injeção, enquanto 58,2% já está totalmente imunizada nos EUA. Quanto à população em geral, 54,9% (182,4 milhões) receberam uma dose e 47,4% completaram a sua vacinação.

Já segundo a plataforma online Our World in Data (OWID), que compila indicadores pandémicos de todo o mundo, a Administração Biden administrou neste momento pouco mais de um milhão de doses por dia, ao apresentar uma média acumulada de 1,04 milhões de doses administradas ao longo dos últimos sete dias.

As restantes contas são simples: se os EUA mantiverem o mesmo ritmo de vacinação, vão ser precisos cerca de 48 dias (22 de agosto) para inocular os 49,5 milhões de pessoas que faltam para que o país alcance os 70% da população vacinada com, pelo menos, uma dose. Isto se, a partir de agora, forem apenas administradas primeiras doses.

Meta está desatualizada

As novas variantes do vírus e a incapacidade das vacinas em circulação de suprimir a sua transmissão – elas apenas previnem contra doença severa - mexem com as metas pandémicas e, sobretudo, com a percentagem da população inoculada para que se atinja a imunidade de grupo.

Miguel Castanho, ouvido pelo Negócios, explicava que, para alcançar uma verdadeira imunidade de grupo, seria necessário "inocular toda a população vacinável e abandonar a ideia dos 70%". Isto porque o vírus inicial, bem diferente das variantes que agora circulam pelo mundo, era menos evasivo perante as vacinas e menos perigoso para a saúde pública.

A variante Delta, por exemplo, acarreta um risco de internamento duas vezes superior ao do vírus inicial e é ainda mais contagiante, tornando-se também capaz de esquivar algumas barreiras impostas pelas vacinas. A estirpe começa agora a subir a sua prevalência entre os novos casos identificados nos Estados Unidos

Perante o cenário atualizado, Miguel Castanho considera que é necessário "inocular toda a população vacinável e abandonar a ideia dos 70%".

Estimando que a população vacinável dos EUA é de cerca de 90% face a problemas de saúde e outras incompatibilidades, os EUA demorariam, mantendo o mesmo ritmo de vacinação (1,04 milhões de doses por dia), cerca de 111 dias para inocular a restante população com uma dose de vacina, o que deveria acontecer no dia 24 de outubro.

Novamente, há que fazer a ressalva que para atingir esta meta seria necessário administrar apenas primeiras doses. A administração de segundas e primeiras doses em simultâneo atrasará certamente o prazo.

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