Notícia
Especialista: Trabalho e dimensão familiar justificam aumento de casos no Tâmega e Sousa
A "impossibilidade de recorrer ao teletrabalho" e a "dimensão familiar" são determinantes na origem do aumento de casos de covid-19 nos concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, afirmou esta quinta-feira uma especialista da Universidade do Porto.
22 de Outubro de 2020 às 19:33
Em declarações à agência Lusa, Raquel Lucas, do departamento de epidemiologia do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) disse que o "tipo de trabalho" nos três concelhos, ao ser maioritariamente do setor secundário (empresarial e industrial), tem "implicações práticas" no aumento de novos casos de infeção por SARS-CoV-2.
"Para a economia continuar, é preciso que as pessoas continuem a trabalhar e isso justifica que nestes concelhos, que têm uma expressão muito clara do setor secundário, a forma como o trabalho está organizado proporcione maiores grupos de pessoas num espaço, logo, mais contactos", esclareceu a docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
A especialista apontou ainda a dimensão do agregado familiar, "superior a outras regiões do país", como outro fator que determina o crescimento do número de infeções pelo novo coronavírus, que provoca a covid-19.
"Os agregados familiares são maiores e isso significa que há mais oportunidades de contacto", explicou.
A partir do momento "em que começa a haver muitos casos por dia, é muito difícil que a situação retroceda", salientou, acrescentando ser necessária uma "desaceleração brutal" para que o número de casos de covid-19 diminua.
"É importante saber se os serviços conseguem responder na identificação dos casos, no rastreio dos contactos e na prestação de cuidados", observou.
"Uma boa parte dos casos já são originários de cadeias de transmissão que não são possíveis identificar, ou seja, a transmissão comunitária já está a ter uma expressão muito mais clara e isso torna as coisas mais difíceis", alertou Raquel Lucas.
Os concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, onde os casos de covid-19 têm estado a aumentar nos últimos dias, vão ter em vigor o dever de permanência no domicílio a partir das 00:00 de sexta-feira, decretou hoje o Governo.
Nos três concelhos ficam também em vigor a proibição de quaisquer celebrações e eventos com mais de cinco pessoas (salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar), bem como a obrigatoriedade de os estabelecimentos encerrarem às 22:00, com algumas exceções.
Ficou ainda definido o teletrabalho obrigatório para todas as funções que o permitam, independentemente do vínculo laboral.
De acordo com o EyeData, uma ferramenta de análise estatística criada pela Social Data Lab para a Lusa, em 2019, a população residente em Felgueiras era de 56.499 pessoas, da qual 13% com menos de 15 anos e 15,87% com mais de 65 anos.
Neste concelho, o número médio de filhos por mulher é de 1,16, sendo que a média nacional é de 1,43.
A população residente em Lousada em 2019 era de 46.773 habitantes, dos quais 14% com menos de 15 anos e 13,94% com mais de 65 anos.
Nesse concelho, o número médio de filhos por mulher é de 1,24.
Já em Paços de Ferreira, a população residente era de 56.719 habitantes, dos quais 14% com menos de 15 anos e 14,52% com mais de 65 anos.
Ali, o número médio de filhos por mulher é de 1,26.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 41,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.229 pessoas dos 106.271 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
"Para a economia continuar, é preciso que as pessoas continuem a trabalhar e isso justifica que nestes concelhos, que têm uma expressão muito clara do setor secundário, a forma como o trabalho está organizado proporcione maiores grupos de pessoas num espaço, logo, mais contactos", esclareceu a docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
"Os agregados familiares são maiores e isso significa que há mais oportunidades de contacto", explicou.
A partir do momento "em que começa a haver muitos casos por dia, é muito difícil que a situação retroceda", salientou, acrescentando ser necessária uma "desaceleração brutal" para que o número de casos de covid-19 diminua.
"É importante saber se os serviços conseguem responder na identificação dos casos, no rastreio dos contactos e na prestação de cuidados", observou.
"Uma boa parte dos casos já são originários de cadeias de transmissão que não são possíveis identificar, ou seja, a transmissão comunitária já está a ter uma expressão muito mais clara e isso torna as coisas mais difíceis", alertou Raquel Lucas.
Os concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, onde os casos de covid-19 têm estado a aumentar nos últimos dias, vão ter em vigor o dever de permanência no domicílio a partir das 00:00 de sexta-feira, decretou hoje o Governo.
Nos três concelhos ficam também em vigor a proibição de quaisquer celebrações e eventos com mais de cinco pessoas (salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar), bem como a obrigatoriedade de os estabelecimentos encerrarem às 22:00, com algumas exceções.
Ficou ainda definido o teletrabalho obrigatório para todas as funções que o permitam, independentemente do vínculo laboral.
De acordo com o EyeData, uma ferramenta de análise estatística criada pela Social Data Lab para a Lusa, em 2019, a população residente em Felgueiras era de 56.499 pessoas, da qual 13% com menos de 15 anos e 15,87% com mais de 65 anos.
Neste concelho, o número médio de filhos por mulher é de 1,16, sendo que a média nacional é de 1,43.
A população residente em Lousada em 2019 era de 46.773 habitantes, dos quais 14% com menos de 15 anos e 13,94% com mais de 65 anos.
Nesse concelho, o número médio de filhos por mulher é de 1,24.
Já em Paços de Ferreira, a população residente era de 56.719 habitantes, dos quais 14% com menos de 15 anos e 14,52% com mais de 65 anos.
Ali, o número médio de filhos por mulher é de 1,26.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 41,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.229 pessoas dos 106.271 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.