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Continental Mabor regressa ao trabalho com 2.300 trabalhadores em rotação a cada 15 dias
Fechada desde o dia 22 de março, a fabricante de pneus de Famalicão reabriu esta terça-feira com metade da sua equipa, permanecendo a outra metade em casa, com a troca de pessoal a efetuar-se a cada 15 dias de trabalho. Para já, mantém-se suspenso a laboração ao fim de semana.
"Regressamos hoje ao trabalho", revelou ao Negócios fonte oficial da Continental Mabor, a fabricante de pneus com instalações industriais em Famalicão, que é de capitais alemães e uma das cinco maiores exportadoras portuguesas.
Um regresso bastante condicionado pela evolução da covid-19, pelo que a Continental Mabor decidiu implementar a laboração em regime de rotação de equipas, tendo dividido o pessoal afecto à área de produção por três turnos diários, com a primeira equipa a trabalhar 15 dias, enquanto a outra está em casa.
"A laboração será de segunda a sexta-feira, com metade da equipa a trabalhar durante 15 dias, sendo que a outra equipa trabalhará nos 15 dias seguintes", detalhou a mesma fonte oficial da empresa.
Mantendo-se suspensa a laboração ao fim de semana, a equipa respectiva "será dividida pelos turnos da semana".
De resto, "estamos a acompanhar atentamente o evoluir da situação e podemos rever o plano de trabalho se assim se justificar", ressalvou a mesma responsável da Continental Mabor. "Mas não podemos prever por quanto tempo esta situação se vai manter", rematou. Em causa está um total de cerca de 2.300 trabalhadores.
Para assegurar os pagamentos no tempo em que os trabalhadores iriam ficar em casa, a empresa anunciou, aquando do fecho temporário da fábrica, que iria acionar "os créditos de férias de anos anteriores, débitos de horas extraordinárias existentes, majoração de férias do ano em curso e férias do ano em curso – preferencialmente as programadas para o final do ano (Natal e Ano Novo) -, por essa ordem, e dependendo do tempo em que a empresa estará parada", para assegurar os pagamentos no tempo em que ficam em casa.
Continental fatura 1,2 mil milhões em Portugal e vai fechar fábrica de Palmela
Além da Continental Mabor, o grupo alemão detém muitas outras empresas em Portugal, como a Continental Pneus, Continental Indústria Têxtil do Ave, Continental Lemmerz ou a Continental Teves, constituindo um grupo que, no nosso país, fechou o último exercício com vendas que ultrapassaram os 1,2 mil milhões de euros.
Deste grupo de empresas faz ainda parte a unidade industrial de Palmela da Continental, que anunciou, no dia 17 de março passado, que irá encerrar de vez até ao final do próximo ano, o que irá implicar a dispensa dos seus atuais 370 trabalhadores.
Há 25 anos a produzir maxilas de travões dianteiros em Palmela, a multinacional alemã justifica o seu encerramento com "a queda do mercado global de automóveis de passageiros".
De acordo com o grupo germânico, "as estimativas atuais são significativamente mais baixas em comparação com as previsões de há um ano e meio e mostram que os volumes da produção automóvel continuam a cair".
Uma situação que "resulta igualmente na redução do mercado de maxilas de travão e, por consequência, na redução dos volumes de produção de Palmela", explica, em comunicado.
"A redução dos volumes cria uma capacidade excedentária e leva a uma crescente pressão num mercado cada vez mais focado na redução de custos. Estes efeitos exigem que agrupemos volumes e que usemos efeitos de escala para assegurar a nossa competitividade e para consolidar as nossas fábricas de maxilas de travão na Europa", afirma Bernhard Klumpp, o diretor-geral da unidade de negócios Sistemas Hidráulicos de Travagem da Continental.