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OCDE vê PIB a crescer 3,7% este ano, abaixo da expectativa do Governo

A OCDE está mais confiante na recuperação de Portugal, mas previsões continuam curtas face às do Governo. Para a Zona Euro espera crescimento de 4,3% este ano e 4,4% em 2022.

Reuters
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A OCDE espera que o PIB português cresça 3,7% este ano, acelerando para 4,9% em 2022. As projeções foram atualizadas esta segunda-feira, no Economic Outlook, publicado em Paris, numa cerimónia que ficou marcada pela transição da liderança da organização de Ángel Gurría, para o novo secretário-geral, Mathias Cormann.

Os números publicados hoje para a economia portuguesa mostram que a organização está mais confiante na capacidade do país de sair da crise. No relatório anterior, publicado em dezembro de 2020, a organização projetava um crescimento de apenas 1,7% para este ano e de 1,9% em 2022. 

Para a economia mundial, a OCDE espera um crescimento de 5,8% em 2021 e de 4,4% em 2022. A zona euro deverá crescer 4,3% este ano e 4,4% no próximo.

As novas projeções da OCDE para Portugal continuam aquém da expectativa do Executivo. Para este ano João Leão inscreveu no Programa de Estabilidade, apresentado em abril, uma meta de crescimento de 4%. E há pouco mais de uma semana disse numa entrevista à Bloomberg TV que poderia rever a projeção para mais de 5%, confirmando assim as expectativas positivas que também já tinha transmitido ao Jornal de Negócios.

Já para 2022 o ministro das Finanças está a contar com um crescimento de 4,9%, idêntico à nova projeção da OCDE.

No Economic Outlook, a OCDE antecipa que o consumo vá ganhar força, com uma redução gradual das poupanças acumuladas durante o período da crise, à medida que a situação sanitária melhorar e que as medidas de confinamento forem retiradas.

Além disso, "a forte atividade na indústria e a absorção dos fundos europeus vão apoiar o investimento e as exportações", antevê a organização que tem sido liderada nos últimos 15 anos por Ángel Gurria. As exportações vão subir 10,4% este ano, diz a organização, e novamente 9,4% no próximo ano. Mas importa lembrar que em 2020 sofreram uma queda de 18,6%.

Já o investimento deverá acelerar este ano, crescendo 3,7%, mas será em 2022 que, com a ajuda do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), deverá andar mais depressa. A expectativa é que cresça 6,9%. A OCDE confia também que o PRR será capaz de elevar o peso do investimento no PIB para 3%, depois de ter ficado em 2% no ano da pandemia.

Ainda assim, o mercado de trabalho continuará pressionado. A taxa de desemprego deve subir este ano para 7,4%, mantendo-se ainda em 7% em 2022. 

Défice não será tão baixo e dívida pública acima de 130% em 2022

No que diz respeito às contas públicas, a OCDE faz previsões relativamente próximas das de João Leão, mas admite um défice orçamental um pouco mais alto e uma dívida pública ainda acima de 130% do PIB em 2022 – o que contrasta com a projeção do ministro português.

Para 2021 a organização espera um défice de 4,8% do PIB (o Governo aponta para 4,5%) e para 2022 antecipa ainda 3,4%, duas décimas acima da meta definida pelo ministro das Finanças português.

Para a dívida pública, a OCDE espera 133,4% do PIB este ano (contra os 131,4% esperados pelo Executivo) e ainda 130,2% em 2022. João Leão inscreveu no Programa de Estabilidade apresentado em abril uma meta de 123% do PIB, bastante mais otimista do que a da OCDE.

Apoio deve continuar, mas são precisas reformas

Na análise à economia portuguesa, a OCDE defende que o Governo deve manter os apoios às empresas e às famílias enquanto a recuperação não estiver suficientemente vigorosa. Os peritos internacionais explicam que a força da retoma vai depender, em grande medida, do controlo da pandemia em Portugal e nos seus principais parceiros comerciais, uma vez que a economia portuguesa depende bastante do turismo.

Frisam também que haverá que gerir com cautela a questão das moratórias, sugerindo a criação de instrumentos para as empresas e monitorizar as responsabilidades contingentes que o Estado assumiu durante a pandemia. "Um aumento das falências, nomeadamente quanto as moratórias públicas terminarem, pode pesar no investimento e na oferta de crédito, ao aumentar o malparado, que já é elevado tendo em conta os standards internacionais", lê-se no documento. 

Mas os economistas lembram também que é preciso ter atenção à sustentabilidade das finanças públicas e avançar com algumas reformas de fundo. Por exemplo, a OCDE sublinha a importância de reduzir as barreiras a atividades como a dos transportes, melhorar a concorrência, apoiar mais os jovens que estejam desconectados do mercado de trabalho, modernizar a administração pública e melhorar o sistema de justiça.

Pode consultar mais informação sobre o Economic Outlook da OCDE aqui: http://www.oecd.org/economic-outlook/
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