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O investimento está mesmo a melhorar?

A resposta rápida é “sim”, mas não ao ritmo que alguns indicadores parecem apontar. No segundo trimestre, por exemplo, assistiu-se a uma desaceleração do investimento fixo face ao arranque do ano.

31 de Agosto de 2015 às 12:52
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O investimento fixo desacelerou no segundo trimestre do ano, passando de um crescimento homólogo de 9,5% para 3,9%. Contudo, quando se olha para o investimento total, observa-se uma aceleração, de uma variação de 1,7% no primeiro trimestre para os 7%. Para qual devemos olhar com mais atenção?

Os dados das Contas Nacionais voltam a permitir duas leituras diferentes sobre o que se está a passar no investimento em Portugal. A principal diferença está na existência de dois indicadores: formação bruta de capital (FBC); e formação bruta de capital fixo (FBCF). A diferença entre os dois é que o primeiro inclui os stocks das empresas (variação de existências), assim como as menos relevantes aquisições líquidas de cessões de objectos de valor (activos não financeiros que servem como reservas, como obras de arte).

No Negócios optamos por valorizar a FBCF, porque está expurgada da volatilidade dos stocks que, além de um comportamento errático, podem reflectir más notícias. Um reforço dos stocks pode ser um sinal de vendas que não se concretizaram e o seu escoamento futuro terá um impacto negativo no crescimento nos trimestres seguintes semelhante ao impacto positivo que poderá ter agora. Ou seja, o FBCF é uma melhor medida de investimento efectivo das empresas na construção de uma nova sede, gastos em investigação e desenvolvimento (I&D) ou na compra de uma máquina.  

O Instituto Nacional de Estatística (INE) alerta para isso mesmo no destaque publicado hoje, 31 de Agosto. "No segundo trimestre, o investimento registou um crescimento homólogo de 7%, em volume, após um aumento de 1,7% no primeiro trimestre. Esta aceleração foi determinada pela evolução da variação de existências [stocks], que passou de um acentuado contributo negativo para a variação homóloga do PIB no primeiro trimestre (-1,2 pontos percentuais), para um contributo positivo no segundo trimestre (0,5 p.p.)", escreve o INE. "Note-se que o contributo observado no primeiro trimestre reflectiu em larga medida o efeito de base associado ao expressivo aumento das existências, sobretudo de produtos petrolíferos, no primeiro trimestre de 2014. Por sua vez, a FBCF total desacelerou significativamente, observando-se um crescimento homólogo de 3,9% no segundo trimestre (9,5% no trimestre precedente)."

No trimestre anterior, o Negócios escreveu que a formação bruta de capital fixo (FBCF) registou o maior crescimento desde 1998, principalmente graças ao avanço da construção que, pela primeira vez desde 2007, teve uma variação homóloga positiva (8,5%). Agora, os dados do segundo trimestre apontam para um arrefecimento do FBCF motivado… pela construção. "A FBCF em construção foi a componente que mais contribuiu para a desaceleração da FBCF total no segundo trimestre, registando um crescimento homólogo de 1% em termos reais, após o aumento de 8,5% no trimestre anterior", acrescenta o INE.

E os outros sectores? A FBCF em "outras máquinas e equipamentos" também desacelerou, passando de um crescimento homólogo de 13,6% para 6,5%, enquanto a FBCF em "equipamento de transporte" manteve um ritmo de crescimento elevado, embora inferior ao do trimestre anterior (33% vs. 29,5%). Os produtos de propriedade intelectual continuaram a recuar em termos homólogos (-2%). Os recursos biológicos cultivados estagnaram.

Ou seja, é bastante claro que se observou uma desaceleração do investimento medido em FBCF no segundo trimestre. Porém, deve referir-se que embora o crescimento homólogo seja inferior ao do arranque do ano é ainda positivo. Um bom sinal, uma vez que a FBCF registou quedas consecutivas entre o início de 2011 e o final de 2013. 

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