Notícia
Mundo deve o dobro daquilo que produz anualmente
São mais de 150 biliões de dólares. É essa a dívida mundial do sector não financeiro. Esse montante equivale a mais do dobro daquilo que a economia global é capaz de produzir em cada ano.
Nunca as famílias, empresas e Estados deveram tanto dinheiro como agora. Segundo novos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), o sector não financeiro tem uma dívida global equivalente a 225% do produto interno bruto (PIB) mundial. São 152 biliões de dólares (sim, com "B") ou 136 biliões de euros. Tomando como referência o actual PIB nacional, Portugal precisaria de mais de 750 anos para produzir o mesmo.
O relatório do FMI é acompanhado por um artigo escrito por Vítor Gaspar, director do departamento de Assuntos Orçamentais, e Marialuz Moreno Badia. Os autores notam que esta é a primeira vez que se conhece a dimensão da dívida não financeira do mundo inteiro. "O quadro não é bonito", admitem. Dos 152 biliões de dólares, 100 biliões estão no sector privado: famílias e empresas. O restante é dos Estados.
O elevado endividamento dos agentes económicos constitui um dos principais travões ao crescimento económico, especialmente preocupante nas economias avançadas, onde alguma dívida privada migrou para o sector público. "Embora não haja consenso sobre a partir de quando [a dívida] é excessiva, os actuais níveis de endividamento, 225% do PIB mundial, estão em máximos históricos", lê-se no Fiscal Monitor, publicado esta quarta-feira, 5 de Outubro. "As implicações negativas de dívida privada em excesso para o crescimento e estabilidade financeira [sublinham] a necessidade de desalavancagem em alguns países."
O problema é que o crescimento débil torna este ajustamento muito desafiante. Desalavancar agora tornará um crescimento fraco ainda mais frágil.
Os técnicos do Fundo notam que, em média, os processos de redução do endividamento dura cinco anos. No entanto, a actual desalavancagem, iniciada em 2009, está a demorar muito mais tempo. Até agora, a diminuição dos rácios de dívida privada representa apenas um terço dos ajustamentos passados. O principal responsável é, como já foi referido, o crescimento.
O FMI recomenda que o endividamento excessivo seja resolvido com políticas de promoção do crescimento, especialmente para a Zona Euro, que tem avançado lentamente na resolução dos problemas na banca. As soluções podem variar, dependendo da margem orçamental de cada país, mas devem envolver soluções desenhadas pelo Governo, como subsídios para credores para aumentarem as maturidades ou criar veículos de compra de activos. Até ao final deste ano, o Governo português deverá apresentar uma solução para o malparado dos bancos.
O relatório do FMI é acompanhado por um artigo escrito por Vítor Gaspar, director do departamento de Assuntos Orçamentais, e Marialuz Moreno Badia. Os autores notam que esta é a primeira vez que se conhece a dimensão da dívida não financeira do mundo inteiro. "O quadro não é bonito", admitem. Dos 152 biliões de dólares, 100 biliões estão no sector privado: famílias e empresas. O restante é dos Estados.
Portugal com a terceira maior dívida
O FMI antecipa que o Estado português terá em 2021 a terceira maior dívida pública entre todas as economias analisadas no Fiscal Monitor. Depois de ter atingido os 129% do PIB em 2015, o Fundo antecipa que a dívida deverá cair para 125,9%. Um ajustamento muito pequeno, embora não conte com futuras medidas que este e o próximo Governo possam tomar. Os únicos países com dívidas superiores serão Grécia e Japão (Itália fica próxima, com 125%). Quanto ao défice, não há grandes novidades no Fiscal Monitor. O FMI continua a prever 3% do PIB para este ano (e 2017) e 2,9% em todos os anos daí para a frente.
O FMI antecipa que o Estado português terá em 2021 a terceira maior dívida pública entre todas as economias analisadas no Fiscal Monitor. Depois de ter atingido os 129% do PIB em 2015, o Fundo antecipa que a dívida deverá cair para 125,9%. Um ajustamento muito pequeno, embora não conte com futuras medidas que este e o próximo Governo possam tomar. Os únicos países com dívidas superiores serão Grécia e Japão (Itália fica próxima, com 125%). Quanto ao défice, não há grandes novidades no Fiscal Monitor. O FMI continua a prever 3% do PIB para este ano (e 2017) e 2,9% em todos os anos daí para a frente.
O problema é que o crescimento débil torna este ajustamento muito desafiante. Desalavancar agora tornará um crescimento fraco ainda mais frágil.
Os técnicos do Fundo notam que, em média, os processos de redução do endividamento dura cinco anos. No entanto, a actual desalavancagem, iniciada em 2009, está a demorar muito mais tempo. Até agora, a diminuição dos rácios de dívida privada representa apenas um terço dos ajustamentos passados. O principal responsável é, como já foi referido, o crescimento.
O FMI recomenda que o endividamento excessivo seja resolvido com políticas de promoção do crescimento, especialmente para a Zona Euro, que tem avançado lentamente na resolução dos problemas na banca. As soluções podem variar, dependendo da margem orçamental de cada país, mas devem envolver soluções desenhadas pelo Governo, como subsídios para credores para aumentarem as maturidades ou criar veículos de compra de activos. Até ao final deste ano, o Governo português deverá apresentar uma solução para o malparado dos bancos.