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Marcelo: "Milagre este ano em Portugal, só o de Fátima"
Instado a comentar as declarações da presidente do Conselho de Finanças Públicas, o Presidente da República diz que a descida do défice "saiu do pêlo" dos portugueses desde 2011.
O Presidente da República defendeu que a descida do défice orçamental se deveu ao trabalho dos portugueses nos últimos seis anos e recusou falar no conceito de "milagre" que a presidente do Conselho de Finanças Públicas disse estar por detrás dos prometidos 2,1% do Governo.
"Milagre este ano em Portugal só vamos celebrar um, que é o de Fátima - para os crentes, como eu - com a presença do Papa. Tudo o resto não é milagre: saiu do pêlo, do trabalho dos portugueses desde 2011," afirmou Marcelo Rebelo de Sousa esta quinta-feira, 2 de Março, aos jornalistas, à saída de uma visita à escola Rodrigues de Freitas no Porto.
O Chefe de Estado reagia às declarações de Teodora Cardoso, a presidente do Conselho de Finanças Públicas, que em entrevista ao Público e à Rádio Renascença admitiu a existência de um "milagre" "até certo ponto", afirmando que "até ao final do primeiro semestre, [as informações] não iam no sentido de [Portugal] cumprir as regras" para o controlo do défice.
A responsável destacou nessa entrevista o papel das medidas extraordinárias, como o perdão fiscal (PERES) e os "cortes da despesa muito profundos, nomeadamente no investimento público", na obtenção do resultado final. Já o Presidente preferiu destacar outro "milagre", as aparições de Fátima, cujo centenário a comunidade católica comemora este ano.
Nas declarações transmitidas pela RTP3, Marcelo Rebelo de Sousa não deu, por outro lado, por adquirida a saída do procedimento por défice excessivo, dizendo que espera "que seja possível" essa decisão por parte de Bruxelas e realçando que a redução do desequilíbrio adveio de um "esforço muito grande dos portugueses desde 2011 e 2012," aludindo ao período desde a chegada da ‘troika’.
Já a 7 de Fevereiro, o Presidente da República tinha atribuído o mérito da redução do défice ao longo dos últimos anos ao Governo anterior - PSD-CDS - mas que era, "em larga medida, obra deste Governo".
A horas de participar no I Encontro Fora da Caixa no Porto – onde abrirá os trabalhos da iniciativa da Caixa Geral de Depósitos subordinada ao actual contexto europeu e à internacionalização da economia portuguesa –, o Presidente não quis alargar-se em considerações sobre o processo de capitalização da instituição pública:
"Vou ter dois encontros diferentes e no final estarei em posição de perceber qual o estado de espírito dos investidores e dos clientes," afirmou.