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Fórum para a Competitividade vê como “quase impossível” meta de crescimento de 2,7%
Segunda metade do ano deverá manter perfil de desaceleração da atividade económica registada no segundo trimestre do ano, devido à conjuntura interna e externa, indica organização.
O Fórum para a Competitividade acredita que a meta de 2,7% de crescimento do PIB este ano sinalizada pelo Governo "é quase impossível" de alcançar dada a conjuntura interna e externa da economia.
Na nota de conjuntura divulgada esta terça-feira, 5 de setembro, a organização liderada por Pedro Ferraz da Costa considera que "para a economia atingir a meta do Governo de 2,7% em 2023, era necessário um crescimento de 3% no 2.º semestre, necessitando de uma forte aceleração", um cenário que "é quase impossível".
O crescimento de 2,7% não é ainda um valor fechado, no sentido em que não está inscrito em qualquer documento oficial do Executivo. Esta cifra foi avançada pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, em meados de julho, sendo o cenário central das previsões das principais organizações nacionais e internacionais conhecidas até então. "Os últimos dados conhecidos apontam para que economia portuguesa venha a crescer em torno de 2,7% este ano, muito acima do que tínhamos previsto, que era de 1,8%", referiu na altura à saída da reunião do Ecofin, em Bruxelas.
Este cenário é agora colocado em causa pelo Fórum para a Competitividade na nota de conjuntura de agosto, coordenada pelo economista Pedro Braz Teixeira, que também está pessimista em relação ao próximo ano. "Em relação a 2024, a desaceleração também é inevitável", lê-se no documento. A justificar esta evolução está o "enquadramento externo, pelo impacto das taxas de juro sobre a procura interna e a restrição orçamental forçada pelas regras europeias", que deverão regressar no próximo ano. A cláusula de escape foi ativada em 2020, permitindo aos Estados-membros reagir à crise da covid-19, suspendendo temporariamente os requisitos de redução da dívida e o limite de 3% do défice orçamental.
A organização aponta ainda como fator de pressão sobre a economia a paragem forçada da Autoeuropa durante nove semanas devido a cheias num fornecedor na Eslovénia. Este facto, "constitui um travão à atividade nos próximos meses". Em todo o caso, e uma vez que a procura se deverá manter, "o mais provável é que tente recuperar nos meses seguintes a produção que não conseguiu realizar durante esta paragem forçada." Seja como for, esta paragem do segundo maior exportador nacional, "no curto prazo o efeito é negativo."