Notícia
Exportações portuguesas para os PALOP encareceram 33,8% até setembro
O total da receita aumentou de 1,1 mil milhões de euros, de janeiro a setembro de 2021, para 1,6 mil milhões, no mesmo período deste ano, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatísticas. Os países africanos têm enfrentado uma subida generalizada da inflação.
10 de Dezembro de 2022 às 10:21
As exportações portuguesas para os PALOP encareceram 33,8% no total entre janeiro e setembro deste ano face ao período homólogo de 2021, destacando-se a duplicação de preços por quilo dos fertilizantes e o aumento de 22% nos cereais.
De acordo com os dados recolhidos pela Lusa junto do Instituto Nacional de Estatísticas, as vendas de produtos portugueses aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) encareceram 33,8% por quilo de mercadoria vendida, com o total da receita a aumentar de 1,1 mil milhões de euros, de janeiro a setembro de 2021, para 1,6 mil milhões, no mesmo período deste ano.
Os dados foram obtidos através da divisão do total da receita das vendas pelo número de quilos vendidos, dando uma média aritmética sobre a subida dos preços das vendas de produtos portugueses, que é particularmente expressiva no caso dos fertilizantes, cujo preço mais do que duplicou, registando uma subida de 104,7%.
Os países africanos têm enfrentado uma subida generalizada da inflação no seguimento do encarecimento dos preços da energia e dos alimentos, mas também dos fertilizantes e dos cereais, essenciais para a principal atividade económica na África subsaariana, a agricultura, da qual muitas famílias dependem para assegurar a subsistência.
"Os países da África subsaariana estão a enfrentar outro choque exógeno e severo, com o aumento dos preços da energia e dos alimentos a ameaçar a evolução económica do continente", escreveu o diretor do departamento económico do Fundo Monetário Internacional, Abebe Aemro Selassie.
O responsável considerou que "este último contratempo não podia ter vindo em pior altura, quando o crescimento estava a começar a recuperar e os decisores políticos estavam a lidar com o impacto económico e social da pandemia de covid-19".
Os preços médios dos alimentos na África subsaariana já tinham subido 19% no ano passado, com a dependência dos países de um número reduzido de importações a pesar ainda mais no orçamento, como por exemplo no caso dos fertilizantes e dos cereais, fundamentais para garantir boas colheitas agrícolas.
Nos PALOP, o preço dos peixes e dos laticínios importados de Portugal registou subidas acima de 20%, dificultando ainda mais as escolhas dos consumidores e contribuindo para a subida generalizada das taxas de juro para equilibrar a inflação, com exceção de Angola, o único país que tem descido as taxas de juro de referência, mas que tem a inflação mais alta entre os lusófonos.
"Os bancos centrais de 11 nações africanas deverão aumentar as taxas até final do ano para combater a elevada inflação e apoiar as suas moedas", escreveu a agência de informação financeira Bloomberg, apontando Moçambique e o Botsuana como dois exemplos de países onde a inflação está a abrandar e portanto a taxa deverá ser mantida, ao passo que Angola "vai provavelmente continuar a ser a exceção num contexto de aperto monetário global, devendo cortar juros pela segunda vez este ano" na reunião do banco central, em dezembro.
A Nigéria, a maior economia africana, está com a inflação a subir para perto de 20%, bem acima da meta de entre 6 a 9%, enquanto Angola está em tendência descendente, com a taxa a descer de mais de 20%, em meados do ano, para cerca de 16% atualmente.
O Gana, um dos países mais afetados pelo corte das importações de cereais e fertilizantes da Rússia e da Ucrânia, enfrenta uma subida de preços de mais de 40%, enquanto Moçambique lida com um aumento de 11%, um pouco abaixo dos 13% registados no Botsuana, um país a sul de Angola e de Moçambique.
A subida dos preços dos alimentos básicos e a deterioração da situação económica geral na África subsaariana já levou as instituições financeiras internacionais a criarem mecanismos específicos de ajuda: o FMI criou uma linha de financiamento para países com choques alimentares, e o Banco Africano de Desenvolvimento lançou um financiamento de 1,5 mil milhões de dólares (1,42 mil milhões de euros) para fomentar a produção alimentar de emergência no continente.
De acordo com os dados recolhidos pela Lusa junto do Instituto Nacional de Estatísticas, as vendas de produtos portugueses aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) encareceram 33,8% por quilo de mercadoria vendida, com o total da receita a aumentar de 1,1 mil milhões de euros, de janeiro a setembro de 2021, para 1,6 mil milhões, no mesmo período deste ano.
Os países africanos têm enfrentado uma subida generalizada da inflação no seguimento do encarecimento dos preços da energia e dos alimentos, mas também dos fertilizantes e dos cereais, essenciais para a principal atividade económica na África subsaariana, a agricultura, da qual muitas famílias dependem para assegurar a subsistência.
"Os países da África subsaariana estão a enfrentar outro choque exógeno e severo, com o aumento dos preços da energia e dos alimentos a ameaçar a evolução económica do continente", escreveu o diretor do departamento económico do Fundo Monetário Internacional, Abebe Aemro Selassie.
O responsável considerou que "este último contratempo não podia ter vindo em pior altura, quando o crescimento estava a começar a recuperar e os decisores políticos estavam a lidar com o impacto económico e social da pandemia de covid-19".
Os preços médios dos alimentos na África subsaariana já tinham subido 19% no ano passado, com a dependência dos países de um número reduzido de importações a pesar ainda mais no orçamento, como por exemplo no caso dos fertilizantes e dos cereais, fundamentais para garantir boas colheitas agrícolas.
Nos PALOP, o preço dos peixes e dos laticínios importados de Portugal registou subidas acima de 20%, dificultando ainda mais as escolhas dos consumidores e contribuindo para a subida generalizada das taxas de juro para equilibrar a inflação, com exceção de Angola, o único país que tem descido as taxas de juro de referência, mas que tem a inflação mais alta entre os lusófonos.
"Os bancos centrais de 11 nações africanas deverão aumentar as taxas até final do ano para combater a elevada inflação e apoiar as suas moedas", escreveu a agência de informação financeira Bloomberg, apontando Moçambique e o Botsuana como dois exemplos de países onde a inflação está a abrandar e portanto a taxa deverá ser mantida, ao passo que Angola "vai provavelmente continuar a ser a exceção num contexto de aperto monetário global, devendo cortar juros pela segunda vez este ano" na reunião do banco central, em dezembro.
A Nigéria, a maior economia africana, está com a inflação a subir para perto de 20%, bem acima da meta de entre 6 a 9%, enquanto Angola está em tendência descendente, com a taxa a descer de mais de 20%, em meados do ano, para cerca de 16% atualmente.
O Gana, um dos países mais afetados pelo corte das importações de cereais e fertilizantes da Rússia e da Ucrânia, enfrenta uma subida de preços de mais de 40%, enquanto Moçambique lida com um aumento de 11%, um pouco abaixo dos 13% registados no Botsuana, um país a sul de Angola e de Moçambique.
A subida dos preços dos alimentos básicos e a deterioração da situação económica geral na África subsaariana já levou as instituições financeiras internacionais a criarem mecanismos específicos de ajuda: o FMI criou uma linha de financiamento para países com choques alimentares, e o Banco Africano de Desenvolvimento lançou um financiamento de 1,5 mil milhões de dólares (1,42 mil milhões de euros) para fomentar a produção alimentar de emergência no continente.