Notícia
Economia portuguesa é "um comboio em risco de descarrilar", diz a Reuters
Portugal registou o maior ciclo de crescimento desde a introdução da Zona Euro, mas a falta de investimento é um "fardo pesado" para o futuro, escreve a Reuters num artigo sobre a economia portuguesa.
15 de Fevereiro de 2019 às 16:20
"A economia portuguesa - um comboio em risco de descarrilamento" é o título da peça publicada esta sexta-feira, 15 de fevereiro, na agência de notícias internacional Reuters, um dia depois de se saber que o PIB desacelerou em 2018. O argumento é que a economia está a crescer como não acontecia há duas décadas, mas que a queda do investimento do Estado para mínimos históricos põe em causa o futuro.
"Alguns economistas temem que a falta de investimento público esteja a começar a enfraquecer a economia, ou pior, que esteja a armazenar problemas [que podem vir ao de cima] caso chegue outra recessão", alerta o artigo, onde se destaca que o crescimento económico atual chegou por via do turismo, do setor tecnológico e pelas exportações.
A Reuters põe em contraste a construção de novos hotéis e restaurantes por causa do turismo com a degradação dos serviços públicos, neste caso exemplificada pela queda do motor de um comboio na ligação entre Porto e Valença no início deste mês. "O incidente é um lembrete chocante do subinvestimento crónico de Portugal nos serviços públicos e a fragilidade escondida da sua recuperação económica", destaca o artigo.
A peça refere que o rácio da dívida pública acima dos 120% dá "pouco espaço" ao Governo socialista para financiar grandes investimento "sem colocar quase uma década de consolidação orçamental em risco". Mas também nota, citando a opinião do economista Ricardo Arroja, que "grande parte" do défice foi eliminado à custa do investimento público. O economista argumenta no artigo que o Governo não está a olhar para o longo-prazo, limitando-se a "navegar pelo presente".
E mesmo o investimento público que existe é criticado. A Reuters cita Paul Kazarian, um investidor multimilionário norte-americano com negócios em Portugal, que diz que o investimento existente "usa dívida e não é financeiramente alocado onde pode vir a ter o maior impacto".
"Alguns economistas temem que a falta de investimento público esteja a começar a enfraquecer a economia, ou pior, que esteja a armazenar problemas [que podem vir ao de cima] caso chegue outra recessão", alerta o artigo, onde se destaca que o crescimento económico atual chegou por via do turismo, do setor tecnológico e pelas exportações.
A peça refere que o rácio da dívida pública acima dos 120% dá "pouco espaço" ao Governo socialista para financiar grandes investimento "sem colocar quase uma década de consolidação orçamental em risco". Mas também nota, citando a opinião do economista Ricardo Arroja, que "grande parte" do défice foi eliminado à custa do investimento público. O economista argumenta no artigo que o Governo não está a olhar para o longo-prazo, limitando-se a "navegar pelo presente".
Para além de estar aquém do esperado nos Orçamentos, o investimento público não tem sido suficiente para compensar a desvalorização dos ativos públicos. "Estamos a consumir capital, ou seja, não temos investimento suficiente para substituir o capital em stock", explica Luís Morais Sarmento, quadro do Banco de Portugal, citado pela Reuters, referindo que tal "significa que estamos a deixar um fardo muito elevado para as gerações futuras".
"Confundem-se bons tempos com não ter problemas no horizonte", notou. Uma afirmação corroborada pelo economista da Nova SBE, Pedro Brinca, que refere que esta depreciação dos ativos públicos "pode ter efeitos especialmente sérios no crescimento económico".
"Confundem-se bons tempos com não ter problemas no horizonte", notou. Uma afirmação corroborada pelo economista da Nova SBE, Pedro Brinca, que refere que esta depreciação dos ativos públicos "pode ter efeitos especialmente sérios no crescimento económico".
E mesmo o investimento público que existe é criticado. A Reuters cita Paul Kazarian, um investidor multimilionário norte-americano com negócios em Portugal, que diz que o investimento existente "usa dívida e não é financeiramente alocado onde pode vir a ter o maior impacto".